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Natal, Feliz Natal, Papai Noel, Presentes, Mamãe Noel, Trenó do Papai Noel, Presente de Natal.

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- Papai Noel, Papai Noel! – Entrou um exaltado duende. – Chegaram as correspondências de Natal. São cerca oitocentos milhões de cartas, Vossa Senhoria só tem vinte três dias para lê-las.

- Oh, sim, claro, pode trazê-las. – Disse resignado. O duende abriu uma porta e milhões de cartas caíram ao lado do Papai Noel. Logo depois, o anão se retirou.

O Papai Noel pegou a primeira carta e se pôs a ler:

“Papai Noel, preciso de comida, aqui no meu país, o ditador está matando todo mundo e não tem comida. Por favor, me ajuda.”

 Imediatamente, entrou outro duende que iria anunciar a presença de uma autoridade, entretanto, a autoridade entrou com tudo na sala, chutando o anão que caiu em cima do monte de cartas. Era o ditador referido na correspondência:

- Olha aqui Papai Noel, MEU país está sob embargo econômico, pois estou tentando fazer armas nucleares. Se realmente se importa com as crianças do meu país, quero que o senhor leve comida à população, porque eu não darei nada e matarei todos os insurgentes. – Saiu da sala o tirano irritado.

papai noel ameaçado

Papai Noel olhou para o duende que disse:

- Nosso estoque de comida acabou. Na semana passada demos tudo para as crianças da nação vizinha da do ditador, que também está sob a ditadura de um fanático religioso.

O duende saiu da sala apressado, estava atrasado. Ainda não tinha atingido a cota diária de cinco bicicletas. Seria punido pelos supervisores estressados que haviam tomado conta da fábrica com a ajuda da Mamãe Noel. O setor da fábrica do Papai Noel responsável pela fabricação de bicicletas havia perdido funcionários. Havia muita terceirização e os brinquedos eram cada vez mais complexos. Era necessário contratar grandes empresas para dar conta da demanda e para tanto era necessário ter dinheiro em caixa. Papai Noel teve que cortar muito custos e reduzir os benefícios dos trabalhadores, seguindo sugestão de Mamãe Noel.

Papai Noel pegou outra carta para ler, entretanto Mamãe Noel entrou na sala no mesmo instante e perguntou:

mamãe noel

- Como está a leitura de cartas, amorzinho?

Papai Noel lembrou-se de como a Mamãe Noel era antes de casarem.

noelete

Depois que deixou de ser noelete para ser esposa, ela afastou todas as demais noeletes e proibiu o esposo de contratar mulheres bonitas para trabalhar com ele e mesmo de olhar para qualquer moça – antes do casamento Mamãe Noel disse que não faria isso e que seria sempre bonita e gostosa.

Papai Noel, triste com a sua vida sexual, leu a carta:

papai noel vida sexual

“Papai Noel, eu quero o vídeo game XXX, da marca YYY, com 1000 gigas, placa de vídeo, WWWWW que acabou de ser lançado. Ele tem um cento e setenta quatro mil funções e cento e trinta e dois mil joguinhos, Wi-fi, Blu Ray e atende a comandos de voz. Fui um bom menino o ano inteiro.”

- As crianças de hoje não entendem mais o Espírito Natalino. Elas são materialistas. – disse triste Papai Noel. – Agem como se fossem boas porque são interesseiras.

- Ah, querido, bobagem, o importante é o que parece, não o que é, já te disse várias vezes. – disse afetuosa a esposa.

- No Natal elas deveriam comemorar o nascimento do menino Jesus.

- Mas como é sonhador meu maridinho. Jesus veio à Terra, deu o recado e se mandou. Quem entendeu, entendeu, quem não entendeu vai para o Inferno. Não precisa se preocupar. Vem cá meu tolinho, dá um beijinho, vem.

beijo da mamãe noel

Mamãe Noel saiu da sala, mas antes lembrou ao marido que queria um iate e uma mansão nos trópicos.

Papai Noel, perplexo, pegou outra carta. Estava atrasado. Só havia lido duas até agora.

“papel noeu eu. queremos um bolas; estudamos eu bastanti. So um esselenti alunu. Estoy, no séxtima séri”

papai noel caído

Papai Noel colocou esta carta de lado e pegou outra, mas logo entrou outro anão tresloucado:

- Os prazos, os prazos, ninguém mais respeita os prazos. A nossa produção de bonecas está atrasada. A máquina emperrou. O motor fundiu. E há um movimento grevista se formando. Reivindicam melhores condições de trabalho, a volta das noeletes e melhores salários. Acusam Mamãe Noel de desviar dinheiro da fábrica para gastar com bolsas, sapatos, joias e viagens. Querem uma atitude do Senhor.

noeletes

- Ãh. – balbuciou Papai Noel.

- Eu me demito! Vou trabalhar com o Coelhinho da Páscoa. Lá se trabalha com pontualidade e organização. São profissionais. Adeus!

Papai Noel tornou à leitura da carta que estava em suas mãos.

“Pa…”

 Repentinamente, entrou outro duende na sala. Estava muito nervoso:

- Tenho péssimas notícias Papai Noel, a empresa çççççç aumentou os preços dos produtos. Disse que estava tendo prejuízos. Está irredutível. Fala da crise global e que se continuar dando esmolas para a gente, vai falir. Fiz as compras, pois o Natal está próximo. Prometi que colocaríamos propagandas no Trenó do Papai Noel e nos brinquedos; parcelei em quinze vezes a compra de um milhão de autoramas (daqueles descartáveis que quebram depois do primeiro uso), entretanto, mesmo assim, não temos como honrar o compromisso. Desculpa. – Saiu agitado e com medo.

Papai Noel sem saber o que fazer, tornou a ler a carta.

“Papai Noel, eu quero…”

 Estava sem concentração. A última notícia havia abalado seu coração. Continuou a leitura.

“Papai Noel, eu quero que meus pais voltem a ficar juntos….”

 Papai Noel sorriu, mas foi interrompido novamente. Um duende fardado entrou na sala carregando um notebook. Abriu o aparelho e mostrou um vídeo ao Papai Noel. Nele havia um funcionário do Papai Noel negociando com um empresário brasileiro um contrato de prestação de serviço.

- Então Papai Noel – disse o duende fardado -, fizemos essa gravação escondida. Suspeitávamos que os empresários brasileiros combinavam preços para não concorrerem entre si e faturarem o quanto quisessem sobre as crianças inocentes. Por isso estamos indo à bancarrota. Por causa desses corruptos. O que fazemos com eles?

- Mate-os. – Disse boquiaberto Papai Noel com a própria resposta.

- Ok. – O duende pegou o celular e ligou para alguém. – Elimine os corruptos. – Bateu continência e retirou-se da sala.

Papai Noel, deprimido, tornou a ler carta. Pelo menos aquela carta era compatível com o Espírito Natalino.

“Papai Noel, eu quero que meus pais voltem a ficar juntos….”

- CARALHO, O QUE É DESTA VEZ PORRA?!?!?!?!

Dessa vez não era nenhum anão. Era um oficial de justiça intimando Papai Noel a pagar os impostos atrasados. Disse que se a dívida não fosse paga em cinco dias, voltaria e penhoraria toda a fábrica e bens do Papai Noel e da Mamãe Noel, pois eles também estava sendo executados na ação de execução fiscal promovida pelo Governo Filandês.

papai noel na miséria

Por fim, o oficial de justiça disse que denunciaria Papai Noel por desacato à autoridade e saiu.

papai noel preso

“Papai Noel, eu quero que meus pais voltem a ficar junto, pois o Ricardão era o único amante que amava a minha mãe periguete. Meu atual padrasto bate nela. Ele é alcoólatra.

 

O Ricardão pagava as contas e o aluguel – perdemos nossa casa há um ano atrás devido a um deslizamento de terra. Há uma ordem de despejo por falta de pagamento. Se não pagarmos a dívida amanhã, temos quinze dias para sair. Se o Ricardão não voltar, precisarei me prostituir ou sair com pedófilos para ganhar dinheiro. Infelizmente, pelo que me consta, ele já está com outras duas mulheres e esqueceu da minha mãe.

 Obrigada e feliz natal.”

 O primeiro duende havia voltado com mais setenta milhões de cartas. A maioria delas eram emails impressos.

- Papai Noel, quase todas essas cartas são de crianças que já haviam escrito antes, mas elas querem trocar de presente, pois a empresa do vídeo game XXX, da marca YYY, com 1000 gigas, placa de vídeo, WWWWW, lançou outro modelo agora a pouco, muito mais avançado. Ele emite luzinhas, tem um duzentos e setenta quatro mil funções e cento e quarenta e dois mil joguinhos, Wi-fi, Blu Ray e atende a comandos de voz. Estamos sem funcionários para substituir as cartas para o senhor. Boa sorte! – O duende, constrangido, saiu da sala.

Papai Noel então pegou uma arma dentro do móvel que estava ao lado, apontou para a cabeça e atirou.

papai noel morto

Feliz Natal!



Zeus, Atena, Hades, Perséfone, Poseidon, Hera, Janus, Ganimedes – 24.08.06 – A nova teogonia – 10ª parte

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VIDE 9ª PARTE

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15.01.07 –

- Hades está aumentando ainda mais seus exércitos e não são mais apenas forças defensivas. Desde a expulsão, a força militar do inferno parece ter dobrado. Nossos espiões estão sendo eliminados um a um. – disse Atena preocupada. – O inferno virou um baluarte inexpugnável. – complementou a deusa.

hades, inferno

Zeus olhava com preocupação para o que ocorria no reino de Hades. Apesar disso e das mágoas passadas, sentia falta do irmão mais velho. Todavia aquela briga em seu palácio, durante a comemoração de dez mil anos da vitória sobre Tifão, ainda estava fresca em sua memória. Havia rancor e ressentimento de ambos os lados.

Hades quebrou regras seculares naquele evento. Pior que isso, apenas o descumprimento de um juramento feito sobre o rio Estige. Nem Zeus estava livre de cumprir promessas feitas perante o rio. Caso as descumprisse deveria ser lançado ao Tártaro. Felizmente ninguém tinha coragem para fazer isso…

Zeus viu Perséfone ser agredida na própria morada. Lá foi insultado, desautorizado e desafiado na frente de uma enorme plateia. Éris jogou o pomo da discórdia e Hades, ao vê-lo, foi corroído pelo ciúme. Fraco! Hades amava tanto Perséfone?

Zeus estava se sentindo mal, era empático, e sabia como o irmão se sentia: a mesma coisa. Sempre admirou o irmão e agora ostentava a condição de inimigo mortal. Os dois eram opostos que se completavam. Zeus político, eloquente, demagogo, vivia no céu iluminado; Hades, o soberano do submundo, sempre sóbrio, comedido, silencioso e reservado. Mas, e esse era um pensamento que lhe doía, o que estava feito, estava feito e não havia volta. O sentimento de honra e orgulho era muito forte nos dois. Sentimento que só poderia ser explicado pela testosterona divina.

- Ele está construindo um baluarte inexpugnável? Mas para quê? O que quer esconder? O que trama? – Se perguntava Zeus. – Está louco? Está querendo me desafiar?

- Se esperarmos mais, não poderemos ter essas respostas sem grandes perdas ou mesmo sem uma guerra total. – Observou apreensiva Atena. – Isso porque Poseidon não ajudará a penetrar no Inferno, o que nos daria grande vantagem, e há muitos descontentes no Olimpo. A cada dia que passa, fica mais difícil lidar com os deuses menores. Alguns veem essa divergência como uma oportunidade para galgar postos e vender apoio, como Janus. Em breve, o problema poderá se estender para os demais panteões. Seria como uma avalanche…

athene

Zeus ficou com o ar grave. Já fora vítima de conspirações e sabia que poderia ser novamente. Sua autoridade já era contestada nas pequenas rodas de amigos e nos rincões mais escondidos do Olimpo. Sabia que só poderia confiar em Atena e Hermes para aplacar qualquer rebelião interna. O tripé havia se desfeito. Poseidon só o ajudaria em caso de ataque externo e Hades se tornara o inimigo interno e o pior que poderia haver. Odin não ajudaria, pois se tratava de uma questão interna e a aliança fora firmada para afastar a pretensão expansionista de outros panteões.

- Sim. O ideal é agirmos rápido, como um raio, mas precisamos de um pretexto para tanto. – Argumentou o soberano. – Sem um bom argumento ou motivo, não posso agir.

Atena se calou. Era fundamental conhecer os planos de Hades para se tomar qualquer atitude gravosa. Até vir à tona o escopo do imperador do submundo, a opinião pública não poderia ser usada por Zeus. Um passo errado, uma medida precipitada, o deus dos deuses ficaria isolado.

atena

A princípio e aos olhos menos experientes ou menos conhecedores do rancor de Hades, o deus do submundo apenas estaria se defendendo de eventual ataque. Hades continuava a cumprir a função de receber e acolher a alma de mortos. E como sempre, não incomodava ninguém. Limitava-se a ficar no seu reino, a administrá-lo e a zelar pela integralidade do Tártaro.

- Fiquemos alertas e armemos nossos exércitos, pai. – disse Atena com certa hesitação. A pouca convicção de Atena chamou a atenção de Zeus e tal ocorreu não só porque ela era a deusa da guerra e deveria estar estimulada com a situação de iminente beligerância. Havia outra coisa…

Há muito tempo Atena pensava no reinado do pai. Seria a hora de uma renovação? Zeus era um bom governante. Melhor que Urano ou Cronos, mas o continuísmo era uma praga que atingia a Helade. Sempre existiram guerras pelo Poder. E logo haveria outra, de grandes proporções.

Por muitos anos, Atena, aconselhada por Prometeu, estudou a democracia humana. Com efeito, apesar de não ser o regime ideal, era o menos ruim de todos aqueles que ela já havia visto nos vários mundos a que tinha acesso. Evitava ditaduras, absolutismo, abusos e governos personalistas, caudilhescos ou messiânicos. Permitia também a renovação periódica e o engajamento político. O Olimpo, talvez, precisasse daquilo. Não contava com bilhões de seres paritários como ocorria na Terra, na qual seus habitantes eram desprovidos de poderes sobrenaturais, circunstância que fazia com que os humanos precisassem de institutos de representação para se organizarem, mas todos naquele monte e nas cercanias dele tinham cérebros e sonhos que deveriam ser respeitados. Não era justo que tudo ficasse nas mãos de Zeus. E, pior, nas mãos de Hera quando da ausência do esposo. A bruxa era insuportável e uma assassina. Frequentemente pessoas e criaturas eram mortas por meros caprichos ou por discussões e questões fúteis dos deuses, o que gerava muito medo e aflição.

Prometeu

Eleições livres, voto secreto, direto e periódico seria uma bela tentativa de mudança. Mas como convencer Zeus disso? Por que o mais poderoso dos deuses teria que se sujeitar ao governo de um ser menos poderoso ou mesmo desprovido de qualquer poder. Jamais admitiria que a hora dele havia chegado ou que era necessário disputar o poder, algo que sempre tivera desde a vitória na titanomaquia.

Por outro lado, ele, apesar de todos os defeitos – e bota defeito nisso – era um bom governante, que amava o seu povo e que governava, na maior parte das vezes, para os pares. Vigia, normalmente, a supremacia da coletividade. Tinha o apoio de Poseidon, de Hades, de Hermes e da própria Atena – embora os dilemas e pretensões democráticas povoassem a mente da “sabedoria” há muito tempo. A figura de Zeus sempre rendeu estabilidade e segurança para os habitantes. Enfim, previsibilidade, em que pese a ausência de um corpo de normas escritas. Zeus havia derrotado inúmeros inimigos e trazido a paz, ainda que armada, para todos os panteões. Apesar de ser difícil lidar com tanta vaidade dos olimpianos, tanta beligerância dos nórdicos, sempre dispostos a lutar, e do sempre iminente perigo egípcio, Zeus conseguia ajeitar as coisas.

Aquela situação era de difícil resolução até mesmo para a deusa da sabedoria: mudança ou continuidade? Ganesha, Toth e Forseti, outros deuses da sabedoria, poderiam ajudá-la a solucionar a questão e convencer Zeus da necessidade de mudança caso chegassem a conclusão de que as coisas precisavam mudar. Aquela crise sem precedentes no Olimpo era uma boa oportunidade para levantar as discussões ou seria oportunismo?

Ganesha_by_GENZOMAN

Atena deixou Zeus só. Sentiu que o pai havia percebido algo de estranho nela. Dúvidas, insegurança, incertezas, esgotamento daquele modelo de governo… Amava o pai, mas, sim, de fato, tinha muitas dúvidas. Não queria que o soberano dos gregos tivesse mais um baque. Não bastasse a briga com o irmão, o casamento conturbado com Hera, as sucessivas decepções com Ares, a ameaça e a xenofobia de Apolo, a politicagem com os outros panteões, seria mais um soco no estomago de Zeus a desconfiança de Atena, a filha predileta.

As hesitações e reflexões de Atena eram conhecidas de todos, inclusive pelo pai, que até então não as havia levado a sério. Atena era extremamente sincera, às vezes até demais, e dificilmente conseguia esconder os pensamentos. Era uma deusa extremamente objetiva e clara.

Zeus, reflexivo, ficou triste. Até Atena mudou?! É mais uma que tramará a tomada do poder?! Atena sempre tão concentrada, companheira, estudiosa, organizada e determinada. Estava ao lado do pai sempre que ele precisava; escondia as aventuras amorosas do pai de Hera, embora não concordasse com elas; aconselhava-o; lutaram lado a lado, em especial na gigantomaquia e na expedição à Terra dos Gigantes; era verdadeira e leal. Atena possuía crédito.

Zeus, ao mesmo tempo que sentia orgulho da filha, sentia pena da divindade. Ela acreditou na história de que a mãe sumira durante o parto. Apesar de ter sido avisada à sorrelfa de que o pai deu um “chá de sumiço” na titã Métis, mãe de Atena, em razão da profecia de que o filho deus da titã e de Zeus o substituiria no poder, a deusa da sabedoria – braço direito de Zeus – jamais acreditou nessa história. O pai não seria capaz! Um motivo tão fútil. Zeus havia lutado contra a tirania de Cronos. Devia ter aprendido que o poder não é eterno; que não há como mantê-lo indefinidamente. Atena acreditou no pai.

Mas Zeus foi capaz de dar um fim em Métis. Fê-lo em nome do poder. Ambicionava perpetuar-se nele. Egoísta! Aprisionou Métis em um lugar que só ele e os irmãos, Hades e Poseidon, tinham conhecimento e acesso. Não podia simplesmente deixar de “comê-la” para evitar um sucessor mais poderoso? Receava que Hades de algum jeito demonstrasse a verdade dos avisos dados a Atena no passado em virtude da atual quizila. Mas não… não, Hades, apesar dos pesares, honrava a palavra.

Por outro lado, manter-se no vértice superior estava ficando cansativo. O que estava fazendo de errado? Atena estaria certa? Continuidade ou mudança?

Não bastassem todos esses dilemas e problemas com Hades, Poseidon, egípcios, Atena, Hera, Apolo e etc, Zeus ainda enfrentava diariamente, o maior inimigo. Aquele que era ao mesmo tempo a maior virtude e a maior fraqueza. Aquele que talvez fosse o único com capacidade para derrubá-lo definitivamente do Olimpo. Aquele a quem se rendia instantaneamente, ainda que transitoriamente. Não, não era ele mesmo o maior inimigo. Era seu pênis.

zeus Winds_of_Change___Zeus_by_mmbenya novo

O desejo incontrolável de gozar destruiu o casamento com Hera, levou muitos a sentirem nojo daquela compulsão sexual divina e poderia acabar gerando um filho que o despojaria do tão amado poder. Métis, a titã e Tétis, a nereida, mãe do famoso herói Aquiles, seres femininos que segundo as profecias, se fecundadas por Zeus, dariam a luz a filhos muito mais poderosos do que o pai. Seria uma repetição do que havia ocorrido com Urano e Cronos. Todavia, quem garantiria que só aquelas duas gerariam filhos de Zeus mais poderosos que o pai. Zeus se unia a centenas de criaturas do sexo oposto anualmente. Não seria improvável uma concepção que gerasse um descendente poderoso a ponto de sobrepujar o dono do Olimpo. E se ele não fosse avisado a tempo? E se Hera não desse cabo da vida da nova criança antes que ela crescesse e derrubasse Zeus do poder? Sim, o pênis de Zeus, como já havia dito Hera inúmeras vezes, o levaria para a escuridão e esquecimento.

Zeus, às vezes, seja por diversão, seja por desespero, conversava com o próprio órgão sexual, buscava controlá-lo, masturbava-se com frequência. Ganimedes o ajudava a manter-se sobre controle – na verdade o serviçal era obrigado a ser objeto sexual do dono do Olimpo, pois Zeus gostava muito dele e com o escravo sexual não haveria risco de procriação e da superveniência de sucessores poderosos ou de assassinatos de sua prole ilegítima por Hera. Enfim, era uma dura rotina a de Ganimedes de ser violentado constantemente, um terrível castigo.

Mas para Zeus nada funcionava por muito tempo. A “fênix de fogo” em forma de falo ressurgia todos os dias, todas as horas, incandescente e quente, de forma a tornar o soberano refém do próprio órgão reprodutor. Zeus era praticamente um viciado em sexo e, no fundo de seu âmago, apesar de se vangloriar da potência divina e de preferir a compulsão sexual a uma vida sexual desastrosa como a de Apolo ou comedida e estável como a que Hades manteve com Perséfone, temia que as palavras de Hera se concretizassem. O desejo sexual o derrubaria.

CONTINUA…


Grandes batalhas XLVI: A menstruação atrasou…xiii Perdeu playboy. Essas são as deusas da fertilidade. Para qual delas vc pagaria pensão alimentícia?

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Essas são as grandes mães das mitologias. Note que elas são retratadas com os seios desnudos, o que simboliza o estímulo à procriação e à maternidade. São extremamente férteis – e não adianta tirar na última hora (gozar fora) rsrs, basta um espermatozóide, mesmo que seja um bem fraquinho, desnutrido e sem calda que pronto, a fecundação existirá rsrs.  Bom, como não é possível passar por elas sem ter uma cria, escolha aquela que mais lhe agrada – até porque vc terá que pagar pensão alimentícia kkkkkkkkkk

Gaia: mitologia grega

Dana: mitologia celta

Nut: mitologia egípcia

Jord: mitologia escandinava

Gaiadana BIG MOTHER DANAnut_bigjord, mãe terra


Poseidon, Apolo, Perséfone, Ártemis, Hebe, Zeus, Hera, Ísis, Néftis – 24.08.06 – A nova teogonia – 11ª parte

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VIDE 10ª PARTE

 

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23.03.07

Nesta data, a comitiva divina oriunda do Egito que trazia Perséfone de volta para seu lar chega ao destino final: o Olimpo.

Zeus, Hera, Hermes, Atena, Afrodite e grande quantidade de deuses aguardavam ansiosos por Perséfone. A única ausência, que foi muito sentida e comentada, foi a de Poseidon. O deus dos mares não via com bons olhos aquele evento. Certamente Hades saberia daquilo, tomaria como uma provocação, e seria antiético da parte do deus dos terremotos e maremotos tomar parte em um evento que era um verdadeiro ultraje ao soberano do submundo, posto que tanto ele como Zeus eram seus irmãos. Poseidon se manteria neutro. Não bastasse a imparcialidade ética, Poseidon não gostou nada da ameaça de Zeus depois dos acontecimentos trágicos daquele dia, 24.08.06. Aquilo ainda remoia a mente do deus dos cavalos.

netuno POSEIDON

Enfim, os deuses do Olimpo estavam com saudade e ansiosos pelo retorno da “primavera”, exceto Hera. Cogitava-se quem seria o novo marido de Perséfone. Hermes, Ares, Hélio, Apolo, Dionísio ou alguma divindade menor como Pluto? Aventaram a possibilidade de dar a mão da moça para alguma divindade estrangeira, como forma do Olimpo angariar novos aliados. Hera fora a autora desta proposta, mas na verdade queria que Perséfone fosse embora dali. Mais um fruto da traição de Zeus morando no seu quintal seria uma lástima. Já não bastava aqueles que já residiam ali?

Havia muitos candidatos, afinal de contas Perséfone era lindíssima e charmosa. Mas também havia interesses políticos sobre a bela: era filha de Zeus e de Deméter. Para alguns Perséfone era vista como uma chave que abriria muitas portas para o futuro marido além, é claro, do pretendente vencedor do leilão ter o gostinho de possuir a deusa que fora alijada de um dos três grandes, algo até então inimaginável. Dessa forma, interesse havia, até mesmo de Afrodite, que pretendia terminar formalmente o casamento falido com Hefesto e ficar com a moiçola, embora o casamento jamais tivesse sido um empecilho para que a deusa do amor pulasse a cerca.

No entanto, ainda só existiam especulações. Zeus não havia tomado nenhuma posição a respeito do assunto.

O palácio de Zeus foi adornado por Hera com muitos afrescalhamentos em tons de rosa claro – objetivava-se tirar a marca dark de Hades em Perséfone. A ideia era que a filha de Deméter voltasse a ser, ou pelo menos parecer, imaculada, virginal e inocente; dar uma nova roupagem à Perséfone, um look novo, alegre e bem feminino. Pretendia-se afastar daquele aspecto gótico, emo e pálido que havia adquirido durante os milênios em que estivera no submundo, sob a influência do ex-marido. As unhas das mãos e dos pés de Hera estavam pintadas de rosa-bebê, a comida tinha tons ou era totalmente cor de rosa, o tapete normalmente vermelho naquela data estava rosa bebê, as cortinhas eram rosa claro, bem como as flores, enfeites e tudo o que fosse possível estava rosado. As deusas e ninfas também estavam de rosa. Apenas os deuses, as paredes e o chão do palácio ostentavam a cor branca. Enfim, o templo de Zeus e Hera estava branco e rosa.

Persefone__Queen_Of_The_Hades_by_EduardoMonteiro

Hera gostava de organizar festas e, embora odiasse Perséfone, filha ilegítima do marido, tomou para si a responsabilidade de organizá-la. Para ela, as festas eram mais importantes do que as divindades homenageadas. Na verdade, as festas para Hera eram um fim em si mesmo e uma oportunidade para colocar seu gênio criativo à mostra. Fez, então, mais uma obra prima, mais um evento grandioso. Para tanto, novamente Hera contou com a ajuda de Argos VIII que seria papai – Hera não via a hora da criança, Argos IX, nascer. Como sempre acontecia na família Argos, a criança seria fisicamente semelhante ao pai, mas teria o caráter da mãe – aquela que fora molestada por Argos VIII no dia 24.08.06.

Entretanto, havia um problema: Hera estava com medo. A última festa que havia organizada foi destruída duas vezes. A bagunça da festa do dia 24.08.06 a esgotou. Todo o trabalho de vários dias foi jogado no lixo. Lamentável.

Em que pese os convidados não serem dignos de seu trabalho, mais uma vez Hera deu tudo de si para tornar aquele momento inesquecível. O ambiente estava perfeito, graças aos serviçais anônimos de Hera. Aliás, no decorrer da recepção à Perséfone, os convidados ficaram tão assoberbados que nem se lembraram da existência das criaturas que trabalhavam para Hera. Parecia que tudo tinha sido feito por ela. Bom, mas era para ser assim mesmo: os serviçais daquela casa não passavam de proletários! Havia uma multidão de serviçais trabalhando nos porões e andares inferiores do palácio, com o único fim de garantir a perfeição da comemoração e o deleite das divindades presentes. Hera os proibira de se misturarem com os deuses. As únicas criaturas não divinas que eram permitidas nesses eventos eram as ninfas ou criaturas dotadas de grande beleza. Havia dois mundos no Olimpo, o da camada divina e o da camada proletária, escravizada, que chegavam ali vítimas do tráfico de pessoas ou de outras criaturas.

Enfim, mas uma vez, haveria outra mega festa no Olimpo após o retorno da beldade amaldiçoada e dessa vez Hera esperava que não houvesse qualquer bafafá.

Lá fora, enquanto a carruagem de fogo dirigida por Apolo se aproximava do destino final, o filho de Leto perguntou curioso e malicioso para Ártemis:

- Foi um erro não termos avisado, não é mesmo? – Perguntou o deus solar que já via sobre o Olimpo o show de luzes preparado para recepcionar Perséfone. A voz do deus, apesar de ainda distante do destino, rivalizava com o som cada vez mais alto do foguetório oriundo da morada dos deuses.

- Sim. – respondeu com escárnio Ártemis. – Eu só quero ver a carinha deles. – arrematou maliciosa esfregando as mãos delicadas.

artemis 2

Ambos riram.

Apolo sempre ficava descontraído ao lado da irmã. Aquele jeitinho dela era de matar. Toda patricinha, mimadinha, fogosa, vaidosa, metidinha e impiedosa. Ele, sempre sério e brutal quando sozinho ou ao lado dos outros deuses, voltava a fazer peripérsias e causar embaraços no próximo quando junto à querida e impetuosa Ártemis. Voltava a pensar como uma pessoa jovem e irresponsável. Às vezes chegava a ser agradável… Esquecia-se por completo do plano de derrubar Zeus do Olimpo ou do desprezo que sentia pelos deuses de outros panteões ou de seus inúmeros fracassos amorosos.

A carruagem finalmente aterrissou sob o som de intenso foguetório e de um show de luzes predominantemente rosa. Aquilo deu de dor de cabeça na frágil Perséfone. Centenas de servos, criados, soldados, monstros, ninfas, centauros, harpias, todos vestidos com roupas de cor branca ou rosada, dependendo do sexo, fizeram um corredor para que os deuses passassem e entrassem no átrio do templo de Zeus e Hera, onde estavam as dezenas de divindades aguardando o grande momento. Entretanto, durante o desembarque e durante a caminhada pela vereda aberta pela população local até o palácio do soberano, os populares mais atentos e os militares de patentes mais altas ficaram horrorizados quando viram que entre os deuses gregos estavam duas deusas egípcias. Passaram séculos matando e perdendo amigos inestimáveis em razão da espionagem que ocorria entre panteões e agora aquilo?! O que valeu tantas mortes e sacrifício? O que Zeus estava fazendo? Eram as perguntas que repercutiam nas mentes daqueles escravos do Olimpo em meio aos murmurinhos da multidão cada vez mais embasbacada.

Na frente seguiam Perséfone amparada por Deméter. Apolo e Ártemis estavam atrás, lado a lado, unidos pelos braços, rindo bastante e acenando para o público. Perceberam a surpresa de muitos que ali estavam e o ódio no olhar de outros. Logo depois, fechando a comitiva, estavam Hebe, Ísis e Néftis, todas de mãos dadas entre si. Ísis apertou com força a mão de Hebe, que seguia no meio, e lhe lançou um olhar confiante. Ísis sentiu a aflição no coração da filha de Zeus e Hera. Hebe temia a reação explosiva do pai e da mãe. A jovem deusa contou inúmeras vezes durante a viagem que o pai era bem rigoroso e inflexível quando queria. No Olimpo, as regras dele é que deveriam ser seguidas, sob pena de ostracismo ou pior… Segundo ela não adiantava argumentar. Seria uma árdua batalha a permanência da deusa suprema do Egito naquele santuário de intolerância e rigor. Isso, evidentemente, se ela não fosse fulminada dali a alguns instantes por um imenso e devastador raio, sem qualquer chance de defesa ou oportunidade para argumentar ou justificar a visita inesperada.

Logo que entraram no prédio, uma onda de rumores tomou a sala. Zeus estranhando o burburinho se levantou e viu que havia duas… Ísis?! Os olhos arregalaram e o coração bateu mais rápido. E aquela outra quem era?! Bom, pouco importava, devia ser a irmã de Ísis ou uma serva. Hera ficou igualmente espantada quando pousou o olhar sobre Ísis. Que ousadia! Bruxa traiçoeira! E aquelas roupas?! Estavam semi-nuas, mostrando o umbigo, as coxas e estavam descalças. Estavam no Olimpo e não na periferia, onde moravam. E os cabelos… que horror! Deveriam no mínimo estar usando trajes de gala. Ambos, Zeus e Hera, olhavam a comitiva se aproximar sem entender nada.

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Deméter estava envergonhada, não olhava diretamente nos olhos de Zeus. Perséfone estava muito cansada em razão da viagem e pouco se importou com o rebuliço. O que tinha Ísis estar ali? A egípcia havia salvado sua vida e não havia pedido nada em troca. Para quem acabou de estar diante da morte ou da maldição eterna de Hades aquela rixa entre gregos e egípcios era ridícula demais. Um problema tão pequeno… Perséfone, nos raros períodos de lucidez entre as febres, desmaios e alucinações que provara nas últimas semanas, chegou à conclusão que ou os deuses gregos eram muito vaidosos e imaturos. Por que não procurar a paz e a reconciliação? Ela não teria sofrido tanto. Aliás, outras pessoas, divindades e criaturas também não. O Olimpo precisava de paz.

Apolo e Ártemis, não conseguindo esconder a satisfação pelo caos que estava para se iniciar, misturaram-se aos demais deuses sem dar qualquer explicação para o pai. Apenas acenaram irreverentes para o genitor. Hebe que se virasse. Zeus boquiaberto se perguntava quem mandava naquele lugar. Até onde sabia, era ele, mas não estava parecendo…

Hebe, constatando a inércia de Deméter e o pouco caso dos irmãos unilaterais, corajosa, logo se antecipou. Puxou as duas deusas egípcias para ficarem ao seu lado e frente a frente com o soberano. Perséfone, ainda frágil e cansada pela longa viagem, ficou próxima ao trio que logo passaria pela fúria de Zeus, apoiada na mãe e em silêncio. Nunca fora uma deusa de muitas palavras, apesar disso pretendia ficar ali como um símbolo de apoio à permanência de Ísis no Olimpo, afinal de contas ainda precisava dela e estava achando ridículo o papel dos gregos nos últimos meses. Deméter teimava em retirá-la do recinto, queria que Hebe ficasse sozinha com as amigas, mas Perséfone se recusou a sair.

- Perséfone ainda não está cem por cento recuperada, papai. Ísis e Néftis vieram nos ajudar! – Disse atropeladamente Hebe com um sorriso esperançoso estampado no rosto.

Da incredulidade inicial Zeus passou a manifestar um ar cada vez mais grave. Ísis tomou a palavra ao perceber que fora do palácio uma cumulus nimbus estava em formação, evidente sinal de insatisfação daquele soberano truculento:

- Oi? Tudo bem? – Sorriu desajeitada. – Perséfone ainda precisa de alguns cuidados. – Disse serena e atenciosa, olhando diretamente para os olhos do imperador. – Mais alguns meses de recuperação e ela ficará totalmente boa.

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Hera se remexeu no trono em claro sinal de desaprovação.

- Como você ousa a entrar no Olimpo? Depois de tantas conspirações e espionagens? – Disse irritado e peremptório Zeus. O silêncio naquele antro de intolerância tornou-se absoluto após essas palavras.

- Fui eu que a convidei papai. Ela é minha amiga? Quer a paz entre os povos. – disse Hebe inocente e receosa. Abaixou a cabeça em sinal de respeito.

Ísis sorriu suplicante, avalizando totalmente as palavras de Hebe.

- É uma oportunidade de criar paz entre nossos panteões. Acabar com a guerra fria reinante.

- Então aquela que ludibriou o deus Rá quer paz? – Disse irônico Zeus – Aquela que fez de tudo para colocar o filho no trono do Egito quer paz? – riu irritado – Aquela que enviou centenas de espiões para minha morada quer paz? Aquela que enganou a morte e trouxe de volta o marido do mundo dos mortos quer paz? –A voz de Zeus ecoava como os trovões ecoam durante uma intensa tempestade. – Aquela que anda articulando alianças com outros panteões quer paz? Aquela que almeja colocar o filhinho idiota no meu trono quer paz? Aquela que permitiu que o filhinho medíocre humilhasse os meus deuses em um momento de crise quer paz? – descargas elétricas já povoavam o salão e incomodavam alguns dos presentes. Zeus estava muito nervoso.

- Zeus, olha. – disse pausadamente Ísis – Eu quero deixar essas diferenças no passado. A história de Rá nada tem a ver com a rivalidade entre nossos panteões. – disse Ísis demonstrando forte indignação e firmeza.

- Não tem? – disse furioso Zeus. – Você surrupiou o poder dele? Desrespeitou a hierarquia por meio de um ardil. Revelou-se uma verdadeira traidora! Uma cobra sinuos…

- PAI!!!! – Gritou Hebe indignada. – Ela salvou a vida de Perséfone! – Chorou e saiu correndo. Temia represália do pai, pois Zeus, embora normalmente razoável e acessível, era severo quando aplicava uma pena. Ele nunca voltava atrás. Foi assim com os titãs e com Íxion. Proibiu o irmão querido de frequentar o Olimpo, tirou-lhe a esposa amada e estava prestes a entrar em guerra contra o dito cujo. Se Hebe fosse expulsa do Olimpo, não poderia voltar nunca mais. Zeus era assim. Preferia iniciar uma guerra ou eliminar um inimigo do que ser desautorizado ou perder o controle sobre o que ocorria em seus domínios.

Hera olhou para cima entediada. A filha era uma chorona e sempre conseguia comover o pai. Aliás, todas (deusas, mulheres, ninfas e etc que demonstrassem um mínimo de graciosidade) conseguiam comovê-lo, menos ela, a esposa. Filho da puta! Enfim, já sabia o que ia acontecer. A ela caberia observar o comportamento de Ísis e Néftis, afinal de contas só uma víbora podia desmascarar outra víbora.

Perséfone, frágil, postou-se, com dificuldade e negando a ajuda de Deméter, ao lado de Ísis e Néftis, que estavam indefesas em meio aos leões.

- Pai, peço uma chance, apenas uma chance. – Disse com os olhos marejados. As lindas e bem torneadas pernas da deusa vacilaram. Os pezinhos lindos de Perséfone não estavam conseguindo sozinhos sustentar aquele corpinho perfeito, escultural e delicioso. – Elas me salvaram. – Perséfone agachou-se, não se aguentava em pé, Deméter e Ísis a seguraram para evitar uma queda.

- Que cena comovente. – resmungou Hera para Zeus. Depois riu como uma bruxa.

Zeus torceu o nariz e mandou que levassem Perséfone para o templo de Deméter. Desceu os degraus que o separavam de Ísis e, cara a cara, ameaçou-a:

- Qualquer gracinha ou magiquinha e eu mesmo vou fulminá-la com um raio e mandarei todo o panteão egípcio para o Tártaro. – Ísis nada falou e… também não havia o que falar. Apenas cumpriria sua missão. – Termine o tratamento de Perséfone e vá embora.

A festa havia acabado. Zeus se retirou furioso. Agora abrigava inimigos milenares no próprio quintal. Sabia dos poderes mágicos de Ísis. Seria muito difícil esconder algo da bruxa. Ísis ali dentro, de forma consentida, era o pior espião que os gregos poderiam ter. Aliás, ela e a boca grande Hebe trariam grandes problemas para Zeus. Logo ela sacaria a rixa com Hades, o desconforto de Poseidon, os termos da aliança com Odin, e os poderes e fraquezas do Olimpo. No mais das vezes, a informação era uma das armas poderosas dentro de uma guerra. Além disso, Ísis era ardilosa, meticulosa, obstinada e cautelosa, pensava muito a frente da maioria dos deuses e queria colocar o filho no poder, protegendo-o de todas as formas de risco e ameaça. Embora não fosse um inimigo fisicamente forte, era alguém que atacava pelas costas e que era perita em armadilhas. Por fim, e o que mais provocava receio em Zeus, era que Ísis era capaz de fazer tudo pelo marido Osíris e pelo filho Hórus, até mesmo dar a sua vida. No Olimpo havia poucos deuses assim. Hades era um deles. Era capaz de doar a vida por alguém que amava, no caso Perséfone. Pena que não estava mais ao lado de Zeus. O soberano do submundo uma hora ou outra, de uma forma ou outra, viria buscar Perséfone. Só problemas. Deveria ter acabado com os egípcios antes, logo após o triunfo sobre Tifão, para aproveitar o embalo.

Hera saiu do local encarando Ísis.

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Apesar do incomodo de ter aquele ser rasteiro por ali, que ao contrário do que Zeus pensava não amava apenas o marido e o filho, mas também amava o poder, seria uma boa oportunidade de provar que ela era a mais poderosa das deusas, título que nas entrelinhas imputava-se a Ísis, mesmo dentro do Olimpo.

Também gostava da ideia de que houvesse seres femininos no Olimpo que não fossem cobiçados por Zeus. Hera, de certa forma, estava contente, pois, apesar de Ísis ser linda e ter um rebolado divino e hipnotizante, tão belo e gostoso de ser visto quanto o de Afrodite, a egípcia não seria assediado por Zeus, seja pela repulsa que o marido tinha da deusa, seja porque ele temia perder o pênis dentro dela – como dito, Ísis era mestre em armadilhas e as pessoas nunca sabiam onde elas estavam.

As demais divindades saíram aos poucos. Hermes não conseguiu escondeu dos olhos atentos de Ísis o cetro que havia furtado de Hórus. O deus das sapatilhas aladas e da Pétaso saiu daquele ambiente sob o olhar aterrorizante da deusa. Teria de voltar a usar o caduceu enquanto a egípcia estivesse ali. Não devolveria o cetro. Teve méritos em roubá-lo, ou melhor, subtraí-lo. Não tinha culpa que Hórus era um idiota e que os egípcios eram péssimos vigilantes. Sonhava em formar uma cleptocracia – um Estado governado por ladrões.

Ísis odiava cada vez mais os gregos. Ladrões, grossos, arrogantes e machistas. Eles haveriam de pagar!

Logo, apenas Ísis, Néftis e alguns soldados ficaram naquele átrio silencioso, rosado, vazio e sujo de confetes. Uma bela recepção para deusas que haviam ajudado a Grécia mística, salvando uma de suas filhas mais queridas.

Mais tarde, Quíron apareceu e as escoltou até o templo de Hebe e Hércules, onde as visitantes passariam os próximos meses. Hebe, já recuperada do ataque de choro, embora ainda com lágrimas nos olhos avermelhados, desculpou-se por ter deixado as amigas sozinhas à mercê do tirano. Disse que ambas seriam tratadas como entes queridos durante a estada no Olimpo e que teriam privacidade total. Nenhum grego iria amolá-las, afinal de contas dentro daquele palácio Hebe era soberana. Nem Hércules com toda a força que tinha ousava desrespeitá-la no ambiente doméstico. Ela era quem mandava – havia muitas panelas amassadas na cabeça de Hércules naquela morada.

CONTINUA…


São Paulo

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Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo Paulo, Saulo de Tarso e São Paulo, foi um dos mais influentes escritores do cristianismo primitivo, cujas obras compõem parte significativa do Novo Testamento. A influência que exerceu no pensamento cristão, chamada de “paulinismo”, foi fundamental por causa do seu papel como proeminente apóstolo do Cristianismo durante a propagação inicial do Evangelho pelo Império Romano.

Conhecido como Saulo antes de sua conversão, ele se dedicava à perseguição dos primeiros discípulos de Jesus na região de Jerusalém. De acordo com o relato na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém e Damasco, numa missão para que, encontrando fiéis por lá, “os levasse presos a Jerusalém”, Saulo teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz. Ficou cego, mas recuperou a visão após três dias e começou então a pregar o Cristianismo.

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Juntamente com Simão Pedro e Tiago, o Justo, ele foi um dos mais proeminentes líderes do nascente cristianismo. Era também cidadão romano, o que lhe conferia uma situação legal privilegiada.

Treze epístolas no Novo Testamento são atribuídas a Paulo, mas a sua autoria em sete delas é contestada por estudiosos modernos. Agostinho desenvolveu a ideia de Paulo que a salvação é baseada na fé e não nas “obras da Lei”. A interpretação de Martinho Lutero das obras de Paulo influenciou fortemente sua doutrina de “sola fide”.

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A conversão de Paulo mudou radicalmente o curso de sua vida. Com suas atividades missionárias e obras, Paulo acabou transformando as crenças religiosas e a filosofia de toda a região da bacia do Mediterrâneo. Sua liderança, influência e legado levaram à formação de comunidades dominadas por grupos gentios que adoravam o Deus de Israel, aderiam ao código moral judaico, mas que abandonaram o ritual e as obrigações alimentares da Lei Mosaica por causa dos ensinamentos de Paulo sobre a vida e obra de Jesus e seu “Novo Testamento”, fundamentados na morte de Jesus e na sua ressurreição.

A Bíblia não relata a morte de Paulo, o que o torna um mito.

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E por falar em São Paulo

SÃO PAULO CAMPEÃO DA SULAMERICANA 2012!!!!!! Porra! Até que enfim! Há anos sem gritar é campeão! Que venha a Libertadores!!!!

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Super São Paulo

mascote do são paulo

são paulo

tricolor são paulo

OBS.: lamentável a conduta dos jogadores do Tigre. Buscaram a violência o tempo todo e quando viram que não dava mais para vencer arregaram. A Comembol e a FIFA deveriam punir esse clube e os jogadores.

Entrevista com Ney Franco:

Veja o Tigre da Argentina:

tigre da argentina

tigre da argentina abusa de violência e pipoca na final

São Paulo campeão da sulamericana

OBS. 2: Parabéns Lucas e boa sorte! Volte logo – menos chorão de preferência.

lucas

Obs. 3 Rumo à Libertadores!


Grandes Batalhas XLVII: A hora da verdade! Titanomaquia, Apocalipse e Ragnarok. Qual a guerra mais sanguinária, devastadora e significativa?

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GUERRA TOTAL! É chegado o momento do tudo ou nada. É o momento em que todos os medos e paixões são somados. É a hora da verdade! Ocasião onde a única regra é aniquilar o inimigo. É matar ou morrer! É a hora da revelação, é o início do fim é a revolução! Qual a guerra mais sanguinária, devastadora e significativa?

Apocalipse

A palavra apocalipse, do grego αποκάλυψις, apokálypsis, significa “revelação”, formada por “apo”, tirado de, e “kalumna”, véu. Um “apocalipse”, na terminologia do judaísmo e do cristianismo, é a revelação divina de coisas que até então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus. Por extensão, passou-se a designar de “apocalipse” aos relatos escritos dessas revelações.

apocalipse intelectual

apocalipse totalapocalipse Devil_vs_Jesus_by_ongchewpengcavaleiros do apocalipse rt

Ragnarok

Na mitologia nórdica, Ragnarök (nórdico antigo “destino final dos deuses”) é uma série de eventos futuros, incluindo uma grande batalha anunciada que resultaria na morte de um número de figuras importantes (incluindo os deuses Odin, Thor, Týr, Freyr, Heimdall, Loki), a ocorrência de vários desastres naturais e a submersão subsequente do mundo em água. Depois, o mundo ressurgiria de novo e fértil, os sobreviventes e os deuses renascidos se reuniriam e o mundo seria repovoado por dois sobreviventes humanos. Ragnarök é um evento importante no cânone nórdico e tem sido objeto de estudos acadêmicos e teóricos.

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Titanomaquia

Hesíodo descreve assim a luta: “Parecia, ouvindo e vendo tão grande bulha e luz, que a terra e o céu se confundiam, pois era enorme o tumulto da terra esmagada e do céu a se precipitar sobre ela, tal o barulho da luta dos deuses. Ao mesmo tempo, os ventos, sacudindo-se, erguiam o pó, o trovão, o relâmpago, e o raio ardente, armas do grande Zeus, e levavam o brado e os clamores ao seio dos combatentes; e no incessante fragor da espantosa luta, todos mostravam a força dos seus braços.”

Vitoriosos os “olímpicos” banem os Titãs para o Tártaro, junto com Erebus.

Os titãs Oceanus, Tétis, Mnemosine, Prometeus e Têmis não participaram da titanomaquia e mais tarde foram incorporados ao panteão grego.

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Ísis, Íris, Hebe, Néftis, Zeus, Hermes, Hera, Hórus, Bastet, Tot, ???? – 24.08.06 – A nova teogonia – 12ª parte

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VIDE 11ª PARTE

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04.06.07

Alguns dias depois da recepção nada hospitaleira a Ísis e a Néftis, ambas se acomodaram no Olimpo. Ficaram na casa de Hebe. Hércules sentiu-se incomodado com as hóspedes e, como não tinha um argumento melhor do que meras conjecturas e antigas desavenças que jamais implicaram em um conflito armado entre gregos e egípcios para se opor a presença daquelas duas ali, resolveu deixar a casa por algumas semanas, pois não queria a companhia delas. Hebe estava insuportável e irredutível na defesa de ambas. Mimimimi e mais mimimimis. Hércules não entendia nada do que a esposa falava. Hebe era extremamente tagarela. Uma máquina de falar e quando nervosa, falava muito alto e a voz era aguda, irritante. Se não fosse o espírito eternamente jovem e inocente da esposa, poderia se dizer que durante as discussões com Hércules sobre Ísis e Néftis Hebe se transformava em uma segunda Hera – que era a maior inimiga de Hércules.

E os dias se passaram. Ísis e Néftis se dirigiam diariamente à morada de Perséfone, no templo de Deméter, para ministrar os remédios, poções e magias devidos. Faziam um trabalho extremamente competente. No início Hebe as acompanhava, mas como sempre se atrasava, as três resolveram que as egípcias iriam no horário correto para ministrar cada um dos medicamentos, poções e magias – o respeito ao tempo era de fundamental importância para a recuperação de Perséfone – e Hebe as encontraria depois para dar uma volta no Olimpo. No entanto, mesmo assim Hebe se atrasava. Para sorte de Hebe, Ísis e Néftis eram muito pacientes, talvez porque fossem assim mesmo, talvez porque os interesses que tinham ali as condicionassem a engolir muitas coisas. Hebe sempre foi criticada por não respeitar horários, críticas, diga-se de passagem, válidas, pois atrasos só podem ser admitidos excepcionalmente, sob pena de se fazer a exceção (atraso), a regra, e tornar a pontualidade a exceção.

Decorridos mais alguns dias, Néftis e Ísis passaram a sair sozinhas no Olimpo. Queriam aprender sobre os olimpianos, sobre a cultura, a opinião dos habitantes – pelo menos daqueles poucos que não lhes eram hostis ou que não temiam represálias de figurões subordinados a Zeus e Hera. A ideia era recolher o máximo de informações possíveis. Queriam mais detalhes sobre a contenda entre Zeus e Hades, os exatos termos da aliança com Asgard, a posição de Poseidon… Queriam conhecer a fogueira das vaidades vigente no Olimpo e o potencial de cada rixa, de cada picuinha, de cada rivalidade. E o objetivo era claro: aproveitar a estada no território inimigo para conhecer suas virtudes e fraquezas. Evidentemente, Ísis sabia que estava sendo vigiada de perto, por isso evitou usar poderes mágicos naquela terra inimiga, a não ser aqueles que impediam e a protegiam do mal olhado dos gregos. O trabalho que ela e sua irmã desempenhavam era extremamente intelectual e intuitivo. Aos poucos, de pergunta em pergunta, de resposta em resposta, ela e Néftis formavam o quebra-cabeça do Olimpo, na medida do possível, é claro, visto que o Olimpo era um terreno complexo, moldado por milênios de tramas, vinganças e rixas.

Hélio e Selene, antigos deuses do sol e da lua, respectivamente, ajudaram muito as egípcias prestando informações valiosas e abrindo algumas portas, pois não tinham quaisquer vínculos de afinidade com Zeus. Apolo e Ártemis tomaram os respectivos lugares como deuses do sol e da lua e os pais dos irmãos preteridos, Hypérion e Teia, estavam presos no Tártaro desde o desfecho da Titanomaquia.

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Deimos e Fobos, filhos de Ares com Afrodite, também deram com a língua nos dentes, porém mais por diversão e irresponsabilidade do que por simpatia aos interesses egípcios, afinal de contas, ambos queriam saber é de guerra, medo e terror, assim como o pai. Deram informações igualmente preciosas sobre a movimentação militar no Hades e sobre a que ocorria ali mesmo no Olimpo.

Um dia, porém, Íris, a mensageira de Hera, foi de encontro a Ísis e lhe disse que a patroa gostaria de falar com ela, imediatamente – ressaltou o “imediatamente”. A mensageira estava um pouco nervosa. Merda! Ísis concordou em segui-la e, então, acompanhou a serva da soberana do Olimpo. Ambas foram voando até Hera. Ísis se apaixonou pela técnica de voou daquela deusa mensageira – ela criava um arco-íris e deslizava sobre ele. O rastro colorido era muito gracioso e sutil, não combinava nada com Hera.

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Íris pousou na entrada do palácio de Zeus e Hera. Ísis fez a mesma coisa. Então a mensageira pediu que Ísis aguardasse a soberana do Olimpo ali fora e se mandou, deixando um lindo arco íris como rastro.

Depois de longos minutos de espera – mais de quinze -, Ísis viu diante de si dois gigantescos olhos flutuando no ar. Os olhos eram de Hera e cobriam parte do palácio. Hera jamais aparecia diante de um ser humano, salvo raras exceções. Para falar com meros mortais, se valia desse expediente. Mostrava apenas os belos olhos. Acreditava que os humanos, por serem mortais, não eram dignos da presença divina.

- Percebo que anda fazendo muitas perguntas no Olimpo… Qual o propósito disso? – perguntou Hera com nojo. A voz da esposa de Zeus entrava diretamente na mente de Ísis.

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- Eu não falo com um par de olhos no ar e nem por meio de telepatia. Exijo sua presença física para conversamos. – Disse seca Ísis.

Hera ficou furiosa. Atrevida! Pensou. Deveria ser cautelosa com aquela deusa e logo a ira amainou. Hera se deixou levar pelo bom senso. Não estava diante de qualquer uma. Resolveu dar as caras, afinal de contas Ísis não era humana, mas uma deusa, embora de categoria inferior. Logo, a esposa de Zeus apareceu no topo da escadaria do palácio que lhe servia de morada. Desceu as escadas… vagarosamente. Não convidaria aquela deusa para entrar em sua residência. Depois de mais alguns longos minutos – por que a bruxa não flutuava ou voava em direção à Ísis se era bem mais rápido? -, Hera se aproximou de Ísis com um largo e debochado sorriso, ficando frente a frente com a rival.

- Então, finalmente, a sós… – disse venenosa Hera, respirando fundo. O largo sorriso era falso e forçado.

Ísis se surpreendeu com o comentário e apenas sorriu como resposta.

- Querida, você anda fazendo muitas perguntas por aí. O que pretende? – perguntou objetiva Hera no mesmo instante em que começava a dar vagarosas voltas em torno de Ísis. A mão coçava o belo queixo enquanto andava.

- Pretendo apenas conhecer o Olimpo, as pessoas que aqui residem… – Respondeu política a egípcia. – Passar o tempo também e criar laços de amizade… – Respondeu com um certo desprezo àquela pergunta estúpida.

- Hummm, entendi. – murmurou irônica Hera – E você faz amizade com Deimos, Fobos, Helios e Selene, perguntando sobre a política, sobre o esquisitão do Hades, sobre o exército do Olimpo e do submundo?

- Sim. – respondeu seca Ísis. – Não gosto de comentar sobre brigas domésticas, casos extraconjugais e fofocas. – Sorriu perversa.

Hera tornou a ficar irada, mas se conteve. Respirou fundo. Ísis era muito inteligente e não levaria desaforo para casa, mesmo estando em um território hostil. Hera então parou na frente de Ísis. Ambas se encararam. Hera fez uma careta de insatisfação.

- Não gosto de seu comportamento. Lembre-se que você está na minha casa – Disse ríspida Hera. – Você está sendo vigiada vinte e quatro horas por dia e o primeiro deslize que der, eu mesma acabarei com você.

Hera tinha um complexo de inferioridade muito forte conhecido por Ísis, Afrodite, Atena, Zeus e por algumas divindades próximas ao soberano, como Hermes e Apolo. Hera nunca era considerada a primeira colocada em nada de relevante, o que lhe causava bastante agonia. Perdeu a disputa para Afrodite no quesito beleza. No quesito padroeira do casamento, o expoente máximo era Friga, no atributo sabedoria e poder bélico Hera perdia para Atena, quanto à inteligência nenhuma entidade feminina superava Maia e no que diz respeito a poder, Hera, segundo a opinião da maioria, ficava atrás de Ísis. Hera queria ser o expoente máximo em alguma coisa importante, era extremamente vaidosa e precisava mostrar que era independente do marido, mas apesar disso e não obstante estar sempre metida nos assuntos mais sensíveis daquela morada dos deuses, nunca conseguia ser o parâmetro, o modelo a ser seguido. Muitos a viam apenas como uma sombra de Zeus. Mesmo na arte de deixar a casa impecavelmente limpa, sempre era superada por Higina. Todas as disputas pessoais que travava com as outras deusas – com ou sem ciência destas, pois era muito difícil para ela admitir uma derrota – eram de caráter objetivo, menos a questão do poder. Hera e Ísis nunca se defrontaram. Apenas uma contenda entre elas poderia dizer quem de fato era a mais poderosa. Dizia-se que Ísis era a mais poderosa de todas as deusas que existiam, porque ela controlava a magia tão bem quanto Hecate ou Nix, porque derrubou o deus Rá do poder por meio de artifícios e porque moldou a política atual do Egito, de forma a colocar Hórus, seu filho, no poder. Sim, aquela seria uma boa oportunidade para acabar com a fama de Ísis e de ganhar pontos na luta velada pelo controle do Olimpo.

Ísis sorriu debochada.

- Não se preocupe, querida, pois minha missão aqui é de paz. Não vou dar deslize algum; deslize é algo que só um marido insatisfeito comete. – Ísis sorriu irônica e se retirou, dando as costas para Hera.

Hera corou. Estava com vontade de lançar um mega raio na atrevida, mas, mais uma vez, se controlou. Sorriu. Lembrou-se que poderia lançar uma agressão mais cruel e dolorosa naquela metida dos trópicos. Limitou-se a dizer:

- Sim, Osíris e Néftis sabem muito bem disso. – Ísis parou. Abaixou a cabeça. Um raio de Zeus teria doído menos. Osíris e Néftis, Anúbis, Seth, relações proibidas… Não, tudo isso era passado. Agora ela, Osíris e Hórus eram uma família feliz, com grandes projetos de vida, e Néftis o seu braço direito e leal. Não haveria mais deslizes naquela família. Tornou a andar, não daria importância às palavras cruéis de Hera embora, no seu íntimo, soubesse que não conseguiria.

Ao fundo, escondidos atrás de uma pilastra, Zeus e Hermes observavam tudo atentos. Aquilo estava virando uma boa de neve e Zeus se sentia extremamente incomodado com os fatos recentes. Não bastasse isso, muitos consideravam que Zeus estava muito fraco, manipulável, quiça… humanizado. Estaria perdendo a liderança sobre o Olimpo? Ser manipulado por deusas que ora choravam, ora manobravam o pau do soberano para obterem o que queriam? Admitir Ísis no Olimpo? Seria medo? Do quê? A pressão estava aumentando gradativamente sobre o soberano do Olimpo e Zeus não lidava muito bem com pressões advindas de deuses subordinados. Hermes já previa uma chuva de raios em um futuro não muito distante.

- Não se preocupe pai. Caso Hera ataque Ísis eu o chamarei imediatamente. Pode descer à Terra tranquilamente. Hércules o aguarda. – Disse Hermes.

Zeus se retirou e foi acompanhado por Hermes

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Enquanto isso, Hórus, Bastet e Tot estavam no Japão, aos pés do Monte Fuji.

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Diga-se de passagem, durante a viagem do Egito ao Japão, ele, Bastet e Tot foram considerados como óvnis pelos poucos terráqueos que viram o brilho de três esferas luminosas cortando o ar.Era noite. Em meio à mata nativa fechada da região, permeada por densa neblina e cuja trilha sonora eram uivos e sons tenebrosos, ele, Bastet e Tot pousaram em silêncio para não turbarem o ambiente e serem considerados como uma ameaça pelo ser que morava naquela região. Hórus e Bastet fizeram com que as respectivas cabeças assumissem a forma de Falcão e Gata, respectivamente, para facilitar a caminhada dentro daquela floresta. A visão na forma animalizada era muito melhor: Hórus enxergava à quilômetros de distâncias e com uma quantidade absurda de detalhes, mesmo com pouca luz, já Bastet, com os olhos felinos, conseguia caminhar como se fosse dia – a visão noturna da deusa felina era extremamente eficiente. Hórus criou uma pequena esfera luminosa semelhante ao Sol para que pudesse iluminar parcialmente o local e facilitar a vida dele e de Tot que não tinha a visão tão apurada como a do deus sol egípcio, mesmo se a cabeça tomasse a forma do animal Íbis no qual podia se transformar.Penetraram na mata fechada. Não sabia exatamente para onde ir, apenas sabiam que a entidade que procuravam estava ali, meditando há séculos, acumulando energia. Não sabiam se ela seria simpática, provavelmente não, mas o plano tinha que continuar, do contrário não poderiam sequer fazer frente ao Olimpo em um eventual ataque.Hórus ia à frente e depois de muito andar, se deu conta que Bastet havia sumido. Ela sempre fazia isso. Passado mais um tempo de caminhada às escuras, Hórus estava irritado, queria saber onde estava a companheira. A visão de falcão dele naquela mata fechada, apesar de quebrar um ganho, pois focalizava em qualquer ponto, não era de muita valia, na medida em que havia muitos obstáculos – folhas, teias de aranha, tronco de árvores… No entanto, repentinamente, como era próprio de Bastet, a deusa reapareceu na frente de Hórus, deitada sobre um galho, lambando um dos braços como se nada houvesse acontecido.

bastet charmosa

- Miau. – Espreguiçou-se. – Achei chefinho. – Disse orgulhosa. – Siga-me! – Bastet se embrenhou mata a dentro. Hórus e Tot a seguiram com muita dificuldade. Ela tinha a agilidade de um felino e era muito versátil. Subia e descia das árvores com muita facilidade. O corpo esguio da deusa pulava de ganho em ganho de forma desnecessária, parecia até que estava brincando com Hórus e Tot. Hórus simplesmente não podia destruir ou queimar aquelas árvores para ficar livre de obstáculos ou berrar com o intuito de dar uma bronca em Baster. Estava em solo de outro deus, um deus de cujo apoio buscava.

Logo Hórus, Tot e a esfera luminosa chegaram até o local onde o corpo atlético, malhado e perfeito de Bastet havia parado. A deusa olhava para uma direção. Hórus e Tot também olharam para esta direção. Viram uma imagem espetacular: um homem levitando, em posição de meditação, com os olhos fechados, a cabeça voltada para baixo e emanando uma grande alma esbranquiçada envolta por um campo de eletricidade. Usava um chapéu engraçado, cujo formato era de um cone amassado feito de palha ou de algum material similar.

Raijin

Sim, aquele era Raiden, o deus do trovão japonês. Hórus pretendia formar uma grande coalizão de panteões de forma a se defender (ou atacar) da aliança entre Olimpo e Asgard. Já estava na hora de alguém tomar atitude e articular os panteões menos poderosos de forma a fazer um contraponto ao domínio dos gregos arrogantes. Seria uma mensagem bem clara para Zeus de que ele não era o soberano que julgava ser e que o Egito merecia respeito. Além disso, ao que tudo indicava, o Olimpo não era mais o mesmo. Os pilares do Olimpo estavam fraquejando e isso não era mais novidade para ninguém. Aquele desentendimento interno do Olimpo era uma boa oportunidade para acabar de vez com a arrogância dos olimpianos antes que a paz interna da Grécia mística fosse restaurada. Além do mais, com a competente e articuladora Ísis inserida entre os Olimpianos, os arrogantes logo logo entrariam em colapso.

Hórus, apreensivo, se aproximou de Raiden:

- Oi. – Sorriu. – Com licença?

Não houve resposta. Hórus ficou emburrado com o silêncio do interlocutor. Aproximou-se um pouco mais e estendeu o braço para tocar o deus dorminhoco:

- Senhor Raid… – Uma grande descarga de energia atingiu Hórus que foi lançado a centenas de distância. Foram destruídas, derrubas e partidas ao meio muitas árvores milenares no percurso. Hórus se levantou grogue. Ficou brevemente atordoado. Logo restaurou a plena consciência e voou como um jato em direção à Raiden. Estava nervoso. Que disparate fazer isso com o soberano do Egito! Se ele queria briga, teria briga. Preparava-se para lançar um grande raio solar em direção a Raiden, mas Tot gritou:

- PARE!!! Ele ainda está dormindo. Foi o campo de força. – Hórus parou o ataque na última hora, embora não quisesse fazê-lo. O deus egípcio era muito esquentadinho.

- Filho da puta! Precisava fazer isso, porra! – Exclamou indignado, ainda revoltado.

- Xiuuu! – Pediu Bastet com ar de reprovação. – Tot resolve isso. Ele veio para isso, esqueceu? – Depois disso ela se deitou ao pé de uma árvore. Estava com preguiça. Esticou-se toda sobre a raiz de uma imensa árvore. Tot que se virasse para acordar Raiden, afinal de contas o sábio era ele. Hórus ainda resmungou mais algumas palavras, mas deixou para lá. O cara estava dormindo mesmo. Mas se não estivesse… pensava consigo mesmo.

Tot abriu um livro mágico e leu algumas palavras em japonês. Pronto, seria possível que eles se comunicassem com Raiden assim que ele estivesse desperto, sem a necessidade de qualquer tradução simultânea. Isso feito, Tot pegou de sua bolsa outro livro, este egípcio. Leu algumas palavras e se retirou medroso do local. Foi para trás de Bastet. Momentos depois Raiden abriu os olhos vagarosamente, ainda com a cabeça voltada para baixo. Parecia irritado. Haviam retirado o deus de uma longa meditação. Logo inúmeros raios ribombaram no local. Os três deuses egípcios tentavam se desviar deles.

tot

- Quem ousa acordar Raiden, o deus do trovão?! – Disse a voz imponente e trovejante. Os olhos deles estavam totalmente brancos e faiscantes. Hórus ainda tentava se proteger dos raios que caíam aleatoriamente naquele bosque quando os olhos de Raiden e os de Hórus se encontraram.

- kkkkkkkkkk – O deus do trovão achou engraçado a cabeça de falcão caolho de Hórus sobre o corpo humanoide.

- Está rindo do quê? – perguntou Hórus, que estava bravo mais pelo riso do deus do trovão do que pelo choque que havia levado ou pela tempestade de raios que ainda estava caindo no local, embora bem mais fraca do que antes da gargalhada.

Bastet correu para calar a boca de Hórus. Ele falava demais! Ao invés de captar um aliado, adquiriria um inimigo se mantivesse aquela postura arrogante e petulante. Durante a corrida, teve que desviar dos poucos raios que ainda caíam. Para tanto fez inúmeras cambalhotas e piruetas. Quando grudou em Hórus, tapando-lhe a boca, ou melhor, o bico, Raiden riu mais ainda da situação. Uma mulher com cabeça de gato! Bastet e Hórus se olharam.

Logo veio Tot, depois que a chuva de raios já havia parado. Apresentou-se como deus da sabedoria e apresentou formalmente Hórus e Bastet. Estes, então, transmudaram o formato da cabeça para a forma humanoide, pois, sinceramente, aquela gargalhada de Raiden era desrespeitosa e fora de hora. Incomodava muito, principalmente Hórus. Bastet se revelou uma linda mulher. Possuía traços faciais parecidos com os de Ísis, olhos e cabelos castanhos e rosto fino, no entanto era mais alta que a mãe de Hórus e bem mais esbelta.

Após alguns minutos Raiden parou de rir e Hórus disse para que veio:

- Olha, estamos buscando aliados para lutar contra o Olimpo. Precisamos nos unir a outros panteões para acabar com o Olimpo.

- Não. – Respondeu Raiden.

- Por que não?! Você nem terminou de nos ouvir. – Disse indignado Hórus.

- Não. – Desta vez, Raiden foi mais incisivo.

- Os olimpianos estão em crise. Hades e Zeus brigaram. Poseidon não está nem aí para eles. É a chance de derrubar Zeus.

- Não. – Raiden levantou-se. – Fora!

- Mas, Zeus, o deus do trovão… – Bastet mais uma vez interferiu tapando a boca de Hórus, o linguarudo.

- Vamos embora – Determinou a bela deusa da fertilidade. Bastet já havia virado Hórus para que deixassem aquela clareira, quando Raiden disse raivoso:

- Eu sou o deus do trovão.

Hórus furioso se desvencilhou de Bastet e disse agressivo:

- Não, você não é o deus do trovão. Zeus é o deus do trovão. Todo mundo sabe disso.

Raiden tomou a posição de luta. Raios voltaram a bombardear o ambiente. Árvores pegaram fogo. Estalos eram ouvidos por todos os lados:

- Como ousa?! Raiden é o único deus do trovão.

Hórus, extremamente irritado, também se pôs em posição de luta:

- É Zeus sim! E depois Thor! – Disse peremptório. Porém, rapidamente, Bastet gritou:

- ESPEREM!!! – Olhou para Tot que, percebendo a intenção da deusa, imediatamente pegou um papel de sua bolsa e correu para entregá-lo para Raiden.

Hórus, célere e triunfante, disse:

- Você não é mais o deus do trovão, mas se quiser voltar a ser, junte-se a nós…

E aquele foi o primeiro aliado estrangeiro que Hórus conseguiu para a causa e egípcia. Ísis e Osíris ficariam orgulhosos.

 

CONTINUA…


Grandes batalhas XLVIII: TRINDADES PODEROSAS. Qual o trio mais poderoso?


A Feiticeira e Jeannie é um Gênio

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Menção honrosa a estas duas séries antigas que abordavam seres femininos com poderes sobrenaturais, tais como nas séries “Poderosa Ísis” e “Mulher Maravilhas”, ligadas à mitologia e que não tive a felicidade de ver.

As séries deste post eu assisti, as reprises é óbvio (não tenho nem trinta anos ainda) e a que mais gostava era “Jeannie é um Gênio”. Assistia só para ver a Bárbara Éden. A mulher era lindíssima. Uma das mais bonitas, charmosas e sensuais que já vi na minha vida. O próprio conceito de graça. Veja as fotos dela abaixo e diga se não tenho razão. Aproveite e vote na enquete ao cabo deste post, caso vc tenha visto as séries. Meu blog é parcialmente interativo. Aproveite e deixe seu voto aqui.

A Feiticeira

Samantha e James seriam um típico casal americano se não houvesse um detalhe inusitado: Samantha tem o poder de fazer mágica com uma simples torcidinha do nariz. E o marido James, um publicitário atrapalhado, também tem características incomuns, apesar de não ter nenhum poder excepcional. Quando descobre os dons da jovem esposa prefere ignorá-los, sem jamais contar com eles na solução dos seus problemas. Ele segue trabalhando duro, levando bronca do chefe, sem pedir ajuda a sua bruxinha particular. Já Samantha, fiel a sua origem, está sempre tentada a usar todos os seus poderes, para facilitar a vida do casal.

Mas o amor fala mais alto e para não desagradar ao marido a feiticeira vive driblando sua natureza de bruxa. O resultado desse conflito permanente é uma sucessão de situações complicadas, surpreendentes e muito divertidas.

James se irrita com as magias da mulher e principalmente com as interferências de Endora, que além de sogra é uma terrível bruxa, sempre importunando a vida do casal. Eles tem dois filhos, a esperta bruxinha Tabatha, que segue os passos da mãe na magia e Adam, o filho mortal. A vida do casal é compartilhada com outros personagens encantadores, como a Tia Clara, a esquecida babá das crianças, Esmeralda, Gladys Kravitz, a vizinha bisbilhoteira e Abner, seu marido distraído, Serena, a prima biruta de Samantha e Larry Tate, o chefe de poucos escrúpulos de James, Arthur; o tio palhaço de Samantha

a-feiticeira--large-msg-1119458293-2a feiticeira Elizabeth MontgomeryA Feiticeira desenho

Jeannie é um Gênio

O então Capitão Anthony Nelson, piloto da Força Aérea Americana e depois astronauta da NASA, cai acidentalmente numa ilha, onde encontra uma misteriosa garrafa. Ao abri-la, descobre que a mesma era a morada de uma moça chamada Jeannie, que é um gênio das histórias das Mil e Uma Noites, com incríveis poderes e que o chama de “amo”. O piloto a liberta, mas a moça se apaixona por ele e o acompanha até sua casa nos Estados Unidos, onde passa a tumultuar a vida do pobre homem e do Dr. Bellows, médico e psiquiatra que acompanha Nelson e tenta descobrir a causa das coisas estranhas que passam a acontecer quando ele está por perto, mas sempre é convencido de que o louco é ele e não o piloto.

O melhor amigo de Nelson, o atrapalhado e metido a Don Juan Roger Healey, acaba por descobrir o segredo da garrafa ao tentar namorar Jeannie quando a conhece na forma de uma moça comum. Embora tente sempre aproveitar os poderes do gênio e até conquistar suas atenções amorosas, Healey se mantém fiel a Nelson durante a série e guarda o segredo do amigo, e até tenta ajudá-lo a sair das enrascadas em que Jeannie o envolve, o que quase nunca consegue.

Quando Nelson não se vê envolvido nas confusões de Jeannie, sofre com todo o tipo de invasão de parentes, amigos e até animais de estimação de Jeannie (um cão invisível que odeia uniformes), todos com poderes mágicos. O depois Major Nelson acaba se rendendo aos encantos de Jeannie e se casa com ela, fato geralmente apontado como o que levou ao fim da série

jeannie é um gênioBarbara Eden divinaBARBARA eden Jeannie é um Gênio

 


Zeus, Hera, Afrodite, Freya, Flidais, Hefesto, Maia – 24.08.06 – A nova teogonia – Parte 14º

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VIDE 13ª PARTE

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06/07/07

Horas se passaram após estes eventos e durante elas, Zeus e Hera matavam a concupiscência. Hera planejava manter Zeus ocupado para que o marido não fosse se engraçar com as três deusas da beleza no palácio de Afrodite. Estava disposta a fazer uma maratona de sexo com o marido como fizera algumas vezes durante os milênios de casamento. Vez ou outra ficavam anos, ou mesmo séculos, sobre a cama (às vezes, a eternidade era uma benção) sem que ninguém tivesse autorização para atrapalhá-los. Em caso de turbação a pena seria a morte ou uma viagem imediata só de ida para o Tártaro.

hera Zeus-e-Hera

Zeus adorava se unir com Hera. Como ele dizia, o “gracejo” da esposa era bem apertadinho e açucarado, o mais que já tivera oportunidade de penetrar. Os fartos e empinados seios tinham mil e uma utilidades; aguentavam qualquer tranco. Hera sabia fazer todo o kama sutra – Zeus e Hera tiveram aulas com o deus do amor hindu, Kama, e com a deusa hindu da luxúria, Tira, esposa do primeiro. Foi uma espécie de terapia de casal dos soberanos do Olimpo. Hera apenas não permitiu que houvesse uma super orgia a quatro ou um swing e nem que houvesse contato físico entre os casais, o que de certa forma desagradou, evidentemente, Zeus.

A soberana do Olimpo era uma esposa que seria considerada ideal por todos os homens comuns, pois não envelhecia, mandava bem na cama, não colocava os filhos à frente da atividade sexual com o marido, era gostosa, bonita e nunca deixou de cuidar do corpo. Entretanto, Zeus a traia do mesmo modo, talvez por se julgar acima do bem o do mal, talvez porque o tédio, decorrente da falta de desafios e da sobra de tempo, o afetava de maneira decisiva (às vezes, a eternidade era uma maldição).

Naquela ocasião específica, Zeus estava diante de uma situação singular e sem precedentes na história do Olimpo. Ali estavam Freya e Flidais, duas deusas da beleza, do amor e da sensualidade, mais belas que Hera, muito mais femininas e mais sensuais também. Era uma oportunidade única! Unir-se à amante de Odin e a uma deusa celta exótica e extraordinariamente atraente?! Sim, seriam as maiores conquistas de sua invejável lista de amantes belas e saradas. As conquistas embalavam os desejos de Zeus. Ele vivia para conquistar! Precisava sair daquela calmaria irritante que a eternidade teimava lhe empurrar goela abaixo. E ainda assim, que mal havia em dar uma fodinhas com elas? Afinal de contas amor e sexo não se misturavam. Eram institutos diferentes, díspares, diversos. Buscava apenas sexo, não amor. Não pretendia compromisso, o que, segundo o pensamento do soberano, afastava a hipótese de traição. Traição havia apenas quando se assumia dois compromissos contrapostos e inconciliáveis e ainda assim às escondidas.

Após cada gozo em Hera, a imagem das deusas e das valquirias teimavam em ressurgir forte na mente de Zeus. Zeus pensava em como sair dali, em como saciar a insaciável Hera para poder partir para os novos desafios. Hera se esforçava bastante para manter o marido centrado nela, percebia que ele estava mais rápido e menos carinhoso que o normal – ele nem havia chupado a “perseguida”! Percebeu também que estava mais calado – Zeus temia falar o nome das deusas convidadas por engano, por isso estava silencioso. O deus limitava-se a olhar para os olhos, para as belas curvas do corpo da esposa e para o ato sexual quando a posição favorecia. A soberana, constatando o comportamento atípico, já pensava seriamente em prendê-lo na cama como fizera na época em que liderou uma conspiração contra o marido. Desta vez não teria que temer reprimendas (como apenamento, naquela oportunidade, Hera ficou pendurada pelos pulsos puxada por uma bigorna enorme presa aos pés por séculos), pois estava no legítimo interesse de preservar o casamento e a fidelidade conjugal. Era questão de honra garantir que Zeus não fosse para a casa da puta, ainda mais depois do que havia acontecido. Sabia que Afrodite faria de tudo para levar o esposo desmiolado para a perversão e promiscuidade apenas para afrontá-la. Não se tratava de garantir o amor ou a companhia de Zeus, mas sim de defender com unhas e dentes aquilo em que acreditava: a fidelidade dentro do casamento.

No entanto, Hera não sabia que algo que já havia sido feito anos antes. Afrodite deu a Zeus uma poção mágica feita por Hecate que colocaria Hera para dormir durante vários dias. Tal poção só poderia ser usada uma única vez em ocasião especial. E, para Zeus, aquela era “a” ocasião especial. Após, praticar a posição do “Pinheiro”, também conhecida como “garanhão profundo”, Zeus colocou a droga na taça de vinho de Hera e esta, depois de muito relutar e resmungar – o que para Zeus pareceu uma eternidade – dormiu. Zeus notou que das mãos de Hera caíram correias de couro cru, as mesmas que milênios atrás o havia deixado preso durante o golpe articulado pela esposa. Por sorte, naquela ocasião, a nereida Tétis, prevendo o advento de uma guerra civil no Olimpo, chamou o hecatônquiro Briareu, o único que podia desamarrar as centenas de nós dadas nas correias que seguravam Zeus, para libertá-lo.

Hecatonquiro BRIArEU

Zeus sorriu irônico, havia sido mais rápido. Colocou seu traje – um pano branco – e foi apressado para o templo de Afrodite. Não podia perder tempo, afinal de contas teria apenas alguns dias para ficar com aquelas beldades; depois se entenderia com Hera.

Enquanto isso, Afrodite e Freya conversavam, sob o olhar atento do corvo que as observava desde o encontro com Hera. O bichano estava empoleirado em uma das janelas do templo, a mais alta, escondida e pequena:

- Vê, no centro do salão, à frente da piscina termal, a principal, ali ó – indicou com o gracioso dedo indicador – ornada de ouro e pedras preciosas? É o Pomo da discórdia, dada à deusa mais bela, euzinha – Riu. – É uma pena que isso tenha originado a guerra de Troia, mas valeu a pena. Agora ele é meu! – disse orgulhosa Afrodite para Freya.

Ambas estavam nuas na piscina principal, rodeadas de criadas de Afrodite, que lhes massageavam os seios perfeitos, as costas e os pés delicados. Ambas estavam molhadinhas, inclusive os longos cabelos sem qualquer fio quebrado ou ponta dupla, pois se tivessem qualquer micro falha na cabeleira divina seriam horrorosas… Enfim, estavam mais sensuais do que o normal. Afrodite nem precisava de cinturão da beleza e Freya não precisava do colar Brisingamen para estarem estonteantes. O perfume natural que elas exalavam jungido às essências colocadas na água era algo sem igual. A fragrância criada pela união de cheiros penetrava pelos poros de quem estava presente no recinto. Funcionavam como estimulantes afrodisíacos.

As valquirias e Flidais estavam recebendo o mesmo tratamento das serviçais de Afrodite, porém Flidais, que vinha de um panteão não muito esplendoroso, ainda custava a acostumar-se com aquela exposição de “intimidades”. Havia dezenas de mulheres, ninfas, valquirias e deusas lindas e todas nuas no salão, algumas se pegando ardentemente em tórrida paixão. Tal visão do paraíso, no entanto, não seria compartilhada – pelo menos naquela noite – com nenhum olhar masculino. Apenas Zeus tinha permissão de Afrodite para entrar ali naquela primeira noite de estada das deusas da beleza estrangeiras. Ares, Apolo, Deimos, Fobos, Príapo, Dionísio e todos os demais deuses babões teriam que esperar a noite seguinte para participar de um grande bacanal. E o motivo de tal privilégio não era a liderança de Zeus junto ao Olimpo – Afrodite não ligava para isso. O motivo era pouco nobre, aliás era porco, imundo, sujo.

Como já sabido por todos nós, no Olimpo havia uma lei – a de que nenhum deus poderia entrar na morada de outrem sem permissão – regra tal que nem Zeus podia descumprir, sob pena de mais tumulto e dor de cabeça para o soberano. A real justificativa para tal concessão foi a vingança planejada por Afrodite e Freya contra Hera. Puniriam a barraqueira cruelmente, de maneira impiedosa, de uma forma que jamais aquela histérica foi punida. Afrodite já havia combinado com Freya o que fazer. Não era típico da nórdica entrar naquelas querelas familiares, mas como foi agredida, ofendida e humilhada gratuitamente por Hera, evidentemente, devia tomar alguma atitude – até porque precisava mostrar para as Valquirias que o panteão nórdico não levava desaforo para a casa. Em outras palavras a questão transcendia a mera rivalidade feminina para alcançar patamares políticos e patrióticos.

freya desenho

Normalmente, Freya preferia a via diplomática e formal, todavia esta apenas traria desconforto para as relações entre Olimpo e Asgard e não teria nenhum resultado, pois aquele episódio era teratológico demais, no mínimo inacreditável e sem precedentes na história dos deuses.

Além disso, Zeus não conseguia controlar Hera, pois ela não temia punições, sendo praticamente indiferentes a elas. Por tudo isso, seguiu os planos de Afrodite que já conhecia todos os defeitos e virtudes da rival. A grega sabia os pontos fracos e fortes da agressora.

- É um artefato muito belo e significativo. – Freya respondeu se referindo ao Pomo da discórdia – Ficaria bem na minha coleção de ornamentos e pedras preciosas. – Freya estava fascinada com o brilho daquele objeto e com o interior do templo de Afrodite. Tudo bem que a casa da grega não era nada grande se comparado ao palácio Sessrumrir, mas era bem organizada, limpa, arejada, quente e aconchegante. O palácio que Freya governava era gigante, tão grande quanto Valhalla e quanto o templo de Zeus, e, ainda assim, estava sendo ampliado e decorado. Eram necessárias mais algumas dezenas de salas para guardar de forma adequada as quinquilharias de Freya. Era uma deusa extremamente materialista e que sempre queria algum bem material como contraprestação a qualquer favor que fizesse, especialmente se o favorecido fosse um ser masculino. Possuía uma coleção de bolsas com mais de três mil peças; tinha aproximadamente mais de quinze mil pares de calçados de todos os tipos, de todas as eras e de todos os mundos; guardava milhares de coleções de inverno nas centenas de armários de madeira nobre que recheavam o interior de seu palácio, entre outros.

Sessrumrir também contava com muitos habitantes. Eram heróis e mulheres mortos no campo de batalha. Existiam muitos criados – muitos criados mesmo! A maioria das questões julgadas por Forseti, o juiz de Asgard, derivavam das relações trabalhistas ocorridas naquele templo. O interior do palácio de Freya possuía inúmeras alas. Nelas havia equipamentos de guerra, escolas militares, academia, campos de provas etc. Freya também era a deusa da guerra de Asgard e metade do exército humano dos asgardianos estava ali. A outra metade ficava em Valhalla com Odin. Também existiam incontáveis piscinas, fontes termais, estatuas, quadros e etc. Tudo muito organizado, embora não chegasse ao nível de organização irritante, que beirava à neurose, de Hera.

Os olhos de Freya ainda cintilavam em razão do brilho dourado do pomo da discórdia quando repentinamente dois pomos mais belos – sob a ótica masculina – porém menos brilhantes se prostraram na frente da deusa: uma das servas de Afrodite ficou, com os seios desnudos, entre Freya e o pomo da discórdia. A serva começou a passar, com toda a delicadeza e sensualidade que se pode imaginar, uma esponja de banho na deusa nórdica. A interrupção fez Freya se recordar de uma pergunta que havia feito a pouco para a deusa.

- O que há entre Zeus e os irmãos? – perguntou enquanto via a serva de Afrodite submergir para ter acesso às suas partes íntimas.

Afrodite fez beicinho, carinha de chateada, mexeu nos cabelos e disse:

- Zeus e Hades brigaram. – Triste, arregalou os olhos, fazendo carinha de dó.

- Jura?! – disse surpresa Freya – Então os boatos são verdadeiros. A Grécia mística está dividida, uiii! – Deu um pulinho como se tivesse recebido uma estocada – Ei, cuidado aí embaixo. – Se dirigiu à serva de Afrodite.

- Sim. – disse desanimada Afrodite – Esses homens… Faça amor, não faça guerra, é o que sempre digo. Isso é tão difícil de entender?

- E qual foi o motivo da desavença?

- Hades ficou com ciúme de Perséfone. Ele acha que a esposa ainda ama meu belo Adônis – suspirou ao lembrar-se de Adônis de Perséfone, a criatura masculina mais bela que passou e que passará pelo universo -, mas isso foi coisa de Éris.

Freya não estava entendendo direito. Fazia carinha de desentendida. Queria mais detalhes.

- E por que Zeus e Hades brigaram? – insistiu. Queria que Afrodite fosse mais clara.

- Hades deu um tapa na cara de Perséfone. Teve um acesso de raiva. Zeus tomou as dores e até hoje estão sem se falar. Chato, né? – Fez carinha de contrariada, enquanto tocava os seios de uma das servas.

- E Poseidon? – Perguntou de forma direta e imediata Freya.

- Você me faz essas perguntas como deusa do amor ou como deusa da guerra? – perguntou seca Afrodite. Com efeito, Afrodite, ainda que não morresse de amores pela política dos deuses, estava a par da rivalidade entre Olimpo e Asgard, mesmo que estivesse em vigor um pacto de cooperação e não agressão entre as duas nações divinas.

Freya apenas sorriu e mudou de assunto.

- E seu marido? Hefesto? Ele vem para cá?

hefesto

- kkkkkkk. Hefestos?! Tadinho. Há séculos não o vejo. Não suporto aquelas forjas em que mora. É tudo tão sujo e imundo. Cheiro de óleo e aço queimado para todos os lados. Calor. Credo! – Afrodite fez cara de nojo. Não gostava do marido, principalmente depois que ele a pegou no flagra com Ares, o eterno amante da deusa grega da beleza, prendendo-os em uma rede de fios indestrutíveis e os expondo ao ridículo ao jogá-los no meio de um salão onde estava acontecendo uma grande comemoração do panteão grego há milênios atrás. Hefesto não sabia foder, era feio e nerd. Ares era exatamente o oposto: fodedor nato, bonito e gostoso.

Além disso, Afrodite odiava casamento, pior ainda os arranjados como o dela. Isso a fazia lembrar de Hera e Friga e o amor àquela instituição falida e hipócrita chamada matrimônio.

– Ele está lá fazendo mulheres. – continuou Afrodite a falar com desdém do marido – Depois que fez Pandora cumprindo um desígnio de Zeus, fez centenas de companheiras para ele. Estava cansado de ficar na punheta e com o pau todo esfolado. Entretanto se deu mal, pois uma mulher já enche o saco, imagine várias juntas kkkkkk

- kkkkkkk – Freya acompanhou a explosão cômica da amiga helênica.

- Além disso, – continuou Afrodite – ele nunca mais teve ajuda de Atena. Ela foi quem modelou a personalidade de Pandora, por isso a garota ficou tão perfeita, embora curiosa ao extremo por ordem expressa de Zeus. Depois de Pandora, todas as mulheres feitas por Hefesto, apesar de lindas por fora, padeciam de algum grave vício de caráter. Algumas eram psicopatas, outras preguiçosas, outras avessas ao sexo, outras interesseiras… Sabe, meu marido tem tanta sensibilidade com as mulheres – arrematou de forma irônica e perversa.

Freya não riu como habitualmente fazia quando ouvia os comentários ou ilações de Afrodite. Não gostava daquela palavra: interesseira. Era muito forte. Que mulher era interesseira? Não conhecia nenhuma. Odiava a fama de interesseira que tinha. Afrodite percebeu o incomodo. Aliás, já esperava por ele. Apesar de ambas serem deusas do amor e da beleza, Afrodite se distinguia de Freya por ser extremamente voltada aos prazeres carnais e à ideia de amor livre, sem amarras ou formalidades; dava pouca atenção para bens materiais ou presentes; não planejava o futuro. Preferia uma boa noite de sexo – em quaisquer de suas modalidades – a qualquer outra coisa. Como dizia, gostava de ser fodida. Afrodite era, de certa forma, ninfomaníaca, mas também dava muita importância às relações intersubjetivas e ao amor verdadeiro. Era um perfeito balanço entre amor e sexo, o que a distinguia de todos os outros seres femininos.

Diante do desconforto de Freya, a helênica perguntou sobre Loki, tendo em vista que milênios atrás Freya e Loki tiveram um caso, porém, antes da resposta da deusa nórdica, a Vênus grega sorriu maliciosamente e avisou a companheira:

- Ele chegou.

Zeus entrou empolgado na área, excitado, com o peitoral à mostra, óculos de sol na testa, trocando vários olhares e sorrisos, com a atitude típica de um garanhão esfomeado. A vontade do Deus era passar a rapa em todas, todavia, sabido que era, deveria privilegiar uma: Freya. O resto pegaria depois.

zeus jovem

Chegou a tal conclusão, porque Afrodite, Freya e Flidais eram as únicas deusas do local e, portanto, teriam preferência. Não eram quaisquer divindades, mas sim as entidades que representavam a beleza e o sexo. Logo, antes de se atirar aos braços das valquirias, o deus buscaria a conjunção carnal com uma deusa – todas as mais de cinquenta servas de Afrodite já haviam sido possuídas por ele e estariam ali no palacete de Afrodite por muito tempo, logo, com relação a elas, não havia pressa. Assim Zeus queria e precisava de uma deusa!

Afrodite e Zeus, apesar da fama fortemente ligada ao sexo que tinham e da forma de pensar com relação ao ato sexual, jamais se uniram e nem pretendiam se unir, não havendo qualquer explicação aceitável para isso. Sobrariam Flidais e Freya. Ambas eram graciosas, todavia Freya era maliciosa, atributo que Flidais parecia não ter e que mexia com Zeus. Além disso, o olimpiano sabia que Freya era amante de Odin, aquele deus sem graça, gordo e feio. Queria passar a perna naquele que vendeu o apoio asgardiano a tão alto preço: destruir os gigantes de gelo. Talvez, depois daquela noite, até trocasse de esposa, afinal de contas Hera já estava enchendo o saco há muito tempo… aliás desde que se casaram.

O deus pulou na piscina e nadando se aproximou de Freya. Emergiu, foi de um lado ao outro para demonstrar o corpo atlético. Mirou o alvo. Afrodite determinou que todas as demais saíssem do ambiente, o que foi feito incontinenti. Ela foi a última a deixar o casal sozinho, rindo maliciosa. E no salão só ficou Zeus, Freya e o corvo, que estava extremamente excitado desde que as deusas, valquirias, ninfas e mulheres ficaram nuas, algumas horas atrás.

Zeus mergulhou mais uma vez e ao emergir novamente, agora lentamente para apreciar as milhares de curvas harmoniosas da escandinava, ficou face a face com Freya. Sorriu. Pegou a mão direita de Freya e a beijou. Freya sorriu maliciosa. Zeus, então, aproximou a face para beijá-la, mas Freya virou o rosto. Zeus então roçou o rosto barbudo no longo do pescoço de Freya e começou a envolvê-la, dizendo ora palavras melífluas ora pornografias ao pé do ouvido da donzela, sempre finalizando as orações e sentença com a frase: eu quero você. Entretanto Freya saiu da piscina e diz:

- Não. Ainda não. Você está muito apressadinho. – Disse pedagógica. Desfilava de um lado para o outro, jogando charme e se fazendo de difícil. A água escorrendo pelo corpo da diva a deixava mais fascinante ainda.

Zeus saiu da piscina e disse já a envolvendo com os grandes e musculosos braços:

- Vem cá, amor, não temos tempo para isso. Preciso de você. – Zeus estava muito excitado. Freya realmente era muito sexy. Aquela água escorrendo pelo corpo da deusa, deixava Zeus louco. Não conseguia esconder o desejo, aliás nem tentava. – Quero te comer inteirinha, sua boqueteira safada. – Disse Zeus sorrindo malicioso e envolvendo a deusa por completo. – Vou te mostrar como é uma transa de verdade. Você vai esquecer aquele gordo, velho e brocha do Odin.

O corvo ouvia e registrava todo o diálogo.

Freya gargalhou e se desvencilhou mais uma vez daquele que a cortejava de forma tão “sutil”.

- Você quer minha boceta? Então eu também quero algo em troca. – disse a deusa com um largo sorriso estampado no rosto. Estava se esfregando em uma das colunas do templo, atiçando ainda mais Zeus. Colocou o dedo mediano dentro da vagina e depois o levou à boca. Chupou-o.

- O que você quer? – disse convicto Zeus, diminuindo a importância do pedido, como se pudesse dar tudo o que ela poderia vir a pedir. – Eu posso te dar tudo o que quiser. É só falar. Sou o soberano do Olimpo. Acabei com os titãs, com os gigantes de gregos e com os de gelo, tranquei Érebo no Tártaro e venci Tifão. – Parou para estufar o peito. – Controlo o Olimpo, o panteão mais poderoso de todos. Nada está fora do meu alcance. – continuou orgulhoso o modesto deus com o peito ainda estufado. Zeus até se virou um pouco para que a iluminação do ambiente favorecesse a visualização do peitoral molhado. Aproximou-se da deusa com a barraca armada.

- Eu quero as plumas de Puff, o pavão de Hera – Freya sorriu e deixou o recinto.

A excitação de Zeus passou. E agora?! Os rincões de Freya ou a fúria de Hera? Pensou, pensou, pensou, pensou e passado um segundo desde o inicio dos pensamentos decidiu: Puff, meus pêsames, não tenho outra escolha. E a excitação logo voltou à tona.

E assim foi feito. A vingança de Freya e Afrodite estava consumada. Puff, o animal de estimação de Hera, o ser que ela mais prezava naquele lugar. Zeus retirou, quer dizer, arrancou com as mãos todas as plumas de Puff para então poder se unir a Freya. Foi pena para todo o lado e os gritos agonizantes do bichano ressoaram por várias horas no Olimpo. O bichano ficou ensanguentado, praticamente pelado e apavorado. Zeus e Freya transaram por três dias seguidos e só pararam porque Hera estava dando sinais de que logo despertaria. Neste interregno ocorreram outras “comemorações”. Afrodite, as servas de Afrodite, as valquirias e Flidais se divertiram com os seres masculinos do lugar. Flidais era uma máquina de sexo. Ninguém deu conta dela, nem Zeus ou Ares. Afrodite ficou surpresa com a energia sexual da convidada.

12/07/07

- AAAAHHHHHHH!!!!!!!! – Todo o Monte Olimpo ouviu o grito de desespero de Hera quando viu o estimado pet sem as plumas campeãs, ensanguentado, abatido e tremendo de medo.

- Eu mato, eu mato que fez isso!!! – Esta foi a frase mais repetida naquele dia. O grupo de extermínio das amantes de Zeus foi chamado por Hera para investigar o ocorrido.

Os dias seguintes foram tensos. Hera estava louca da vida para saber quem foi o responsável por aquilo. Criou-se um clima de suspense em todo o Olimpo. Embora Hera soubesse que o marido estava metido de alguma forma naquela história não possuía provas e ninguém abria a boca. Ninguém sabia de nada. Era a lei do silêncio. Mesmo que soubessem, não falariam. Argos VIII havia sumido: ou fora morto ou fugira – o desgraçado sabia que seria morto por Hera, o escravo tinha cem olhos e sempre um deles estava aberto, tinha a obrigação de ver tudo o que acontecia ao seu redor; vivia para auxiliar Hera. Não havia câmaras ou quaisquer equipamentos de segurança no templo do casal soberano do Olimpo, pois Zeus os proibiu e porque Hera não se dava tão bem com a única divindade que poderia dar-lhe algum suporte tecnológico para vigiar as atividades do marido. A tal divindade que poderia ser a solução dos problemas de Hera chamava-se Hefesto, aquele que ela atirou do cume do Monte Olimpo, pois a criança divina que seria conhecida no futuro como Hefesto nascera deformada – um filho legítimo de Hera nunca deveria nascer deformado.

Zeus, neste período de crise, era sempre evasivo e evitava a esposa. O deus fazia pressão sobre o grupo de buscas da esposa enlouquecida. Ameaças veladas eram frequentes. Zeus os encarava. O grupo de Hera vivia o mesmo dilema enfrentado por Tirésias, o único homem que havia sido mulher e por um período de sete anos. No passado, quando indagado por Zeus e Hera sobre se é o homem ou a mulher quem tem mais prazer na relação sexual, Tirésias, sem alternativa, pois sabia que um daqueles dois ficaria furioso com a resposta, declarou: “se dividirmos o prazer em dez partes, a mulher fica com nove e o homem com uma.” Hera, furiosa, pois acreditava que os homens sentiam mais prazer do que as mulheres, o cegou. Zeus, compadecido e em recompensa por Tirésias ter dado a ele a vitória, deu-lhe o dom da mántis, a previsão.

Se Zeus e Hera eram capazes de cegar ou fulminar – é o que Zeus provavelmente faria com Tirésias se a resposta favorecesse Hera – um pobre mortal por causa de uma filigrana írrita, imagine o que não aconteceriam com o grupo tático de Hera que investigava questão tão delicada. Zeus já havia matado muitos deles ao longo da história seja por irritação, seja para salvar as amantes e as respectivas proles.

Quando Hera lhe perguntava sobre a droga que a pôs à nocaute ele respondia:

- Que droga?! – respondia espantado, fazendo-se de desentendido. – A única droga que te dei está no meio das minhas pernas. – Gargalhava – Quer mais um pouquinho? – dizia debochado e saía de fininho.

Hera não deixaria aquilo sem punição. Descobriria onde estavam as plumas do bichano, quem fizera tal atrocidade e o porquê disso. Puniria com rigor e de forma implacável o ofensor, mesmo que fosse Zeus. No seu íntimo, a soberana do Olimpo queria que Afrodite estivesse envolvida. Acabaria com a desgraçada de uma vez por todas e teria um motivo legítimo para isso.

Alguns dias depois, apesar do clima pesado de medo e desconfiança em todo o Olimpo, uma multidão de pessoas se aglomerou para ver Freya, Flidais e as valquirias partirem na nau voadora Skidbladnir. Noventa e sete por cento dos presentes era do sexo masculino, todos muito tristes e… cansados. Foram dias incríveis no palácio de Afrodite. Ela tinha ganhado muita moral com todos. Queriam que fosse a próxima soberana do Olimpo – mas obviamente ninguém falava isso em público. Até Hefesto estava lá, com os olhos marejados, mas ostentando um sorrisão aberto. A esposa permitiu que o marido entrasse no palácio – ela queria se divertir com o patético coito de Hefesto. Dionísio abraçado a Ares estava lacrimejava. Os homens, centauros, ciclopes e deuses casados eram os mais contidos. Alguns estavam escondidos sobre grossos mantos escuros para não serem identificados pelas respectivas esposas ciumentas que rodeavam o evento a procura dos respectivos maridos armadas com toda a sorte de armas. Todos os expectadores fizeram um corredor entre o palácio de Afrodite e a nave de Freya. À medida que as Valquírias e deusas passavam, os habitantes do Olimpo choravam, gritavam, urravam e faziam inúmeras artimanhas para serem vistos mais uma vez por aquela dúzia de inigualáveis deidades. Queriam ser lembrados… Era de partir o coração ver aquela multidão de homens desesperados, vendo a felicidade indo embora. Coitados! Talvez a cena mais triste desta singela e despretensiosa história: o choro coletivo de guerreiros, deuses, centauros, homens etc. Naquele momento eram todos iguais, todos estavam unidos pela dor inconsolável da perda.

Do cume do palácio, Zeus e Hera estavam olhando em uma das inúmeras varandas do palácio a partida das deusas. Zeus estava ansioso para que elas fossem embora logo, pois assim teria sossego – Hera estava o capeta naqueles dias -, mas, por outro lado, o deus do trovão estava triste porque Freya, as valquírias e principalmente Flidais mandavam muito bem na cama. Eram tão boas quanto Hera. Precisava vê-las de novo! Quanto mais opção melhor.

Hera estava ansiosa também, queria que aquelas vadias fossem embora o mais rápido possível. O cheiro de putaria vindo do palácio de Afrodite estava insuportável. Teria uma séria conversa com Friga e Odin e daria um jeito de se livrar de Afrodite. O que ela pensava estar fazendo? Ali estava uma morada divina, uma casa de respeito. Hera administrava o Olimpo. Metade do Olimpo era dela e isso estava no pacto antenupcial – comunhão de bens. Os demais deuses deviam respeito a ela. E Zeus era um fraco, indeciso, quando se tratava de Afrodite. Por que não era firme com a piranha da mesma forma que com a esposa? Aquela garota estava sem rumo, não planejava nada, não ligava para a parte política, nunca sabia de nada, não fazia nada de interessante a não ser sexo. Que graça ela tinha?

Todavia, neste interregno, algo chocante aconteceu. Algo que teria sérias repercussões em um futuro não muito distante. Freya, a última a sair do palácio de Afrodite, vestia um traje enfeitado pelas plumas de… Puff. A nórdica fez questão de dar um tchauzinho para Hera – seguindo orientação dada por Afrodite. Zeus arregalou os olhos, engoliu em seco, mas ficou firme, como se nada de estranho tivesse ocorrido. Esperava um ataque de fúria de Hera, mas… não, desta vez ela ficou em silêncio. De soslaio, Zeus viu apenas uma lágrima correndo do rosto da esposa paralisada. Logo ela estava chorando copiosamente. Retirou-se inconsolável para um dos aposentos do palácio. Aquilo nunca havia acontecido! Zeus ficou surpreso e sem reação. Pensou em correr atrás da esposa, consolá-la, mas… não, naquele momento não.

Afrodite percebeu, mesmo à distância, a reação negativa e surpreendente de Hera. Aquilo era incrível! Hera havia sido derrotada em todos os sentidos. A autoestima dela estava lá embaixo. Mostrou fragilidade! Afrodite gargalhou perversa. Estava esperando uma nova batalha contra a megera, mas aquilo era muito melhor. Da próxima vez traria Ishtar também.

ishitar deusa babilônica

Freya, por outro lado, depois da breve euforia se sentiu mal. Arrependeu-se. Tudo bem que Hera havia tentado matá-la, mas aquilo foi demais.

Flidais não falou nada. Não havia o que falar. Que gente esquisita, isso era a alta classe dos deuses? A deusa celta queria ir embora, voltar para a sua gente, mais simples e previsível.

E as visitantes partiram, deixando muitas mágoas em algumas esposas, saudade na eufórica plateia masculina e ideias para Ísis e para o corvo que ainda estavam por aquelas bandas, observando a degradação da Grécia mística.

O choro de Hera repercutiu célere por todo o Olimpo. A maioria dos habitantes daquela montanha mágica comemorava a tristeza da divindade. Outros estavam preocupados, não com Hera, mas com o que podia acontecer dali para frente. A corda sempre arrebenta no lado mais fraco.

No dia seguinte, Maia, mãe de Hermes e única amiga de verdade de Hera, foi visitá-la. Maia entrou no quarto de Hera. A esposa de Zeus estava deitada, de bruços, com um longo vestido de seda rosa semi transparente que realçava os belos seios da deidade. Maia sentou-se na cama, tocou a deusa derrotada e disse:

- Querida, tudo bem? Podemos conversar? – Disse maternalmente a mãe de Hermes.

Hera, languida, levantou-se. O rosto abatido, a pele amassada, os olhos vermelhos de tanto chorar. Passou a noite sozinha. Zeus não foi visitá-la, não foi pedir desculpas, nada. Absolutamente nada. Maia tentou levantar a face de Hera, para olhar diretamente para a deusa, mas Hera recusou-se. A princípio, Maia achou que Hera, vaidosa, não queria que alguém a visse feia e acabada, mas logo percebeu que não era isso. Sentia algo estranho no ar. Uma energia negativa que lembrava muito a de Nêmesis ou a de Éris.

- Hera, fale comigo, olhe para mim. – insistiu Maia. – Está tudo bem?

Hera, então, mirou Maia e com o mais puro ódio exclamou:

- Ele vai me pagar!

Hera má

CONTINUA…


Zeus, Atena, Tétis nereida, Hades, Minta, Nereu, Ponto, Tálassa, Oceano – 24.08.06 – A nova teogonia – 15ª Parte

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VIDE CAPÍTULO 14º

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13.08.08

Nesse dia, no Olimpo chegou a notícia de que Tétis, a nereida, filha de Nereu, havia sumido sem deixar vestígios. Houve muito burburinho na morada dos deuses. Alguém como Tétis, a dos pés prateados, desaparecer assim?! Sem mais nem menos? Era inacreditável! Apesar da relevância da moça, alguns ficaram indiferentes com a notícia, outros a receberam com naturalidade – era normal que algumas divindades sumissem por algumas centenas de anos ou que fossem seladas após serem derrotadas em uma árdua batalha ou que perdessem a consciência por décadas ou mesmo séculos após um trauma muito grande, como uma cabeça cortada ou uma punhalada no coração ou a explosão de todo o corpo –, pois elas sempre davam um jeito de voltar, ainda que desprovida dos corpos físicos originais e únicos aptos a manifestarem todo o poder que possuíam por natureza, afinal de contas todas eram imortais.

Zeus e Atena, entretanto, ficaram muito preocupados. Ambos sabiam que Tétis, a nereida, se fecundada por Zeus ou Poseidon, segundo a profecia de um oráculo, daria origem a um filho que destronaria o pai. Por isso, ambos, Zeus e Poseidon, sempre determinaram que os respectivos servos a mantivessem fora do alcance deles – a carne era fraca… Não que Tétis fosse extremamente bela, embora fosse charmosa, mas, talvez, a sensação de prazer proporcionada pelo perigo de praticar o ato sexual com aquela criatura fosse maior do que o medo das possíveis consequências. Poseidon, no entanto, pouco se importou com a notícia, pois para ele era melhor que a filha de Nereu, o velho do mar, filho do deus primordial Ponto, sumisse de uma vez por todas.

atena pintura

Para Zeus valia a mesma regra, seria muito melhor que aquela nereida sumisse para sempre do mapa, mas este não gostava que as coisas fugissem de controle. Queria saber de tudo e imediatamente. Queria as respostas relativas às questões de Estado para ontem. Além disso, tinha uma dívida de gratidão com Tétis, que foi aquela que chamou Briareu para libertá-lo na conspiração liderada por Hera.

Neste diapasão, Zeus determinou que Atena investigasse o caso, pois nos próximos dias ele estaria ocupado. Iria viajar para a Terra, porque já não aguentava o clima desagradável no Olimpo. Hera estava silenciosa, emburrada, matreira e insinuosa desde os fatos relacionados a Puff, que ainda se recuperava do trauma (o bichano estava arredio, medroso, deprimido, pois as pavoas não mais se interessavam por ele, e se desesperava quando via Zeus). Zeus sentia que a víbora estava tramando alguma coisa. Queria ficar longe dali para não perder a cabeça e fulminá-la ou prendê-la novamente. Zeus estava angustiado, embora fizesse questão de mostrar pulso firme. O único apoio que ainda tinha era Atena, Hermes e, formalmente, de Asgard. Havia perdido Hades e afastado Poseidon, que se mantinha incomunicável na Terra, no meio do oceano atlântico dentro do seu palácio (recusou o convite para a recepção de Perséfone).

A potestade do Olimpo preferia a esposa lhe lançando raios e injúrias do que em silêncio, desviando o olhar sempre que o via, valendo-se de meias palavras. Odiava ironias. Sentia que Hera buscava irritá-lo, torturando-o aos poucos, sempre de forma indireta e dúbia. Uma verdadeira guerra silenciosa e que, como já sabia Zeus, estender-se-ia por alguns anos, talvez décadas. Esperava que logo que as plumas de Puff se restaurassem e a esposa voltasse ao normal: a velha e chata Hera de sempre.

Atena teria dificuldade para cumprir a missão. Tétis morava na Terra, mais exatamente no litoral grego, próximo aos pequenos reinos submersos de Nereu, Ponto e Oceano. Nestes três reinados iniciar-se-ia a busca.

Atena procuraria primeiro nos mares pelo rastro de Tétis, pois, afinal de contas, a moça era uma nereida, uma ninfa do mar, e os continentes daquele planeta estavam abarrotados de seres racionais. A água salgada era o ambiente natural das nereidas. Infelizmente, os mares, quase todos de posse de Poseidon, eram extensos demais. Se Atena não encontrasse Tétis, a nereida, no reino de Nereu, de Ponto ou de Oceano estaria perdida. O império de Poseidon era vasto demais e o imperador dos mares não a ajudaria, pois estava extremamente contrariado com a ameaça feita por Zeus no dia da desavença com Hades. Ademais, Poseidon e Atena nunca se deram bem, desde a famosa briga pela cidade de Atenas, vencida pela deusa, passando pela discussão causada pela conjunção carnal entre Poseidon e Medusa em um dos templos dedicados à Atena até outros entreveros de menor repercussão durante a cruzada na terra dos gigantes de gelo. Além disso, Susanno, o imperador japonês dos mares, e Njord, o deus nórdico dos mares, não ajudariam a filha de Zeus. Ambos não gostavam dos Olimpianos.

Assim, como dito, apenas Nereu, Ponto e Oceano podiam ajudar, mas o deus primordial (Ponto) e o filho (Nereu), respectivamente avô e pai da nereida sequestrada, só dominavam uma ínfima parcela dos oceanos, e dificilmente Tétis estaria ali. E o mesmo valia para Oceano. O titã regia um pequeno reinado no mar Egeu e provavelmente não poderia ajudar a neta filha de Zeus. E isso por uma questão muito simples: se Tétis estivesse em seus domínios muito provavelmente ele ou a esposa saberiam.

Quanto ao plano terrestre, que era subsidiário nos planos da deusa da sabedoria, a perspectiva não era das melhores. Prometeu, tutor e defensor do mundo terrestre, sempre estava muito ocupado tentando apaziguar os corações humanos. Trabalhava na O.N.U. Sentia-se triste, pois sua maior criação, o homem, apesar de próspera (mais de seis bilhões de habitantes à época) sempre esteve envolvida em guerras, durante o tempo em que ficou acorrentado e principalmente depois da libertação das correntes. Teria válido a pena? Hoje eles eram capazes de se autodestruir e mesmo destruir um deus com o armamento militar que haviam construído – as temíveis armas nucleares. Zeus não gostava dessa ideia e muitas vezes pensou em revogar a licença que dera para a humanidade viver em paz, sem a interferência divina. Aliás, a paciência de Zeus com os humanos estava acabando, pois eles sempre se mataram por causa de deuses monoteístas que jamais apareceram na sua frente e que nunca deram sinais de existência. De mais a mais, os seres humanos estavam se esquecendo dos deuses das mitologias.

Porém, Prometeu, sempre muito persuasivo e diligente, convencia Zeus que o grau de desenvolvimento da Humanidade ainda não poderia atingir o plano divino – mais especificamente o Olimpo, nem mesmo o mundo das fadas, cuja entrada ficava na Grã-Bretanha – algo que talvez jamais conseguissem, pois, infelizmente, as maiores forças dos humanos que eram a união, a solidariedade, a educação e o amor, eram alijadas de mais da metade da população mundial, o que tornava a Humanidade fraca e desunida, presa às próprias contradições, muito aquém do potencial que poderia atingir. Por fim, Prometeu argumentava que os humanos eram capazes de proporcionar diversos espetáculos e divertimentos também.

Atena e Hefesto, então, se dirigiram para o mar Egeu. Visitariam os submersos pequenos reinados de Nereu, de Pontos e de Oceano por cautela e para expurgar o óbvio da lista de possibilidades.

O primeiro a ser visitado foi Nereu: O palácio de Nereu era muito pequeno, na verdade não se podia falar que existia um palácio ou um templo, mas sim um casebre, uma caverna submarina enfeitada por corais e algas. Nereu vivia sozinho, vez ou outra recebia a visita de alguma das cinquenta filhas e de Dóris, a esposa oceânide, e frequentemente encontrava-se deitado na frente da caverna onde morava camuflado em meio a algas, corais ou cardumes de peixes nativos da região. Apenas podia ser visto quando fazia algum movimento brusco.

Nereu 0002 www.templodeapolo.net

O velho do mar só queria saber de sossego. Logo seguiria o caminho de outros deuses antigos, deixando o corpo físico e poderes para trás para virar espírito ou fenômenos naturais, tal como aconteceu como Chronos, o deus primordial, não o titã derrotado por Zeus, Fanes e Caos, o deus que deu origem a tudo e a todos.

Nereu tinha o dom da previsão e Atena sabia disso, outro motivo para visitá-lo. A deusa tentou tirar algo do velho, mas conseguiu apenas palavras vagas. Nereu disse, por meio de telepatia, pois estavam todos sob o mar, cercados de água e cardumes de peixe, que o ódio pairava sobre o Olimpo e que não podia ver nada além dessa grossa capa de negrume e de desprezo. Disse também que o ódio derivava de várias fontes e que em breve teria outras fontes em corações seriamente machucados.

Atena ficou preocupada, queria saber mais, insistiu:

- De onde vem tanto ódio? Por quê? – Olhou diretamente para o deus marinho como se a camuflagem não existisse. Via-se uma forma humanoide extremamente envelhecida e cabisbaixa, cansada de viver, vítima da melancolia e da solidão.

Mas em que pese a insistência da deusa, nada mais foi tirado de Nereu a não ser que a resposta às perguntas eram óbvias para qualquer mente sábia e que ainda haveria mais ódio pairando naquele lugar. Um ódio puro de quem viveu uma ilusão por milênios.

Atena, como asseverado por Zeus, não conseguiu nada de objetivo ou de revelador de Nereu. Obviamente havia muitas pessoas que odiavam Zeus, mas existiam tantas outras que o amavam, como ela própria, Hermes, Afrodite e Tétis, a nereida. Zeus era um bom governante, apesar de ultimamente estar dando muitas mancadas.

Atena e Hefesto, então, nadaram até o reinado de Ponto, o deus primordial do mar, filho de Gaia e que vivia em união estável com Tálassa há cem mil anos. Ponto nunca entrou em conflito com ninguém e era extremamente pacífico. Era muito observador e humilde. Normalmente recebia as netas nereidas em seu palácio colossal – protegido por uma capa mágica que o escondia dos olhares humanos e os livrava da água do mar -, mas também recebia todos que dele precisassem de ajuda. Todavia, naquele caso, não sabia nada sobre a neta considerada pelo Olimpo como a mais importante nereida – para ele todas eram iguais em relevância. Desejou sorte para Atena e para Hefesto. Tálassa disse que Hefesto era lindo e que ambos formavam um belo casal. Tálassa era talvez o ser mais doce de todo o panteão grego e naquele momento ganhou um fã incondicional: Hefesto. Nunca ninguém havia elogiado a aparência física daquele deus deformado e permanentemente complexado. Tálassa, sempre feliz e contente, muito amorosa e gentil, cuidava do palácio submerso e do que caísse nas suas mãos como se fosse um bem próprio.

Finalmente foram para a morada de Oceano. Oceano foi um dos titãs que não tomaram parte na titanomaquia. Manteve-se neutro. Vivia com a esposa Tétis, a titânide.

OCEANO

Para Oceano era sempre uma alegria a presença de Atena no fundo do mar, no majestoso palácio que governava ao lado de Tétis, a titânide, pois se lembrava da filha perdida, Métis, mãe de Atena. Com efeito, Atena era o único resquício da cria sumida misteriosamente após dar à luz àquela que agora o visitava. Saudades e tristeza. Diferente de Atena, Oceano e Tétis, a titânide, suspeitavam do estranho sumiço da filha durante o parto, mas não tinham provas contra Zeus, apenas o conhecimento de outra profecia que rondava o soberano. Assim sendo, apenas lhes restou se afastarem educadamente do senhor do Olimpo.

Ambos sentiam mais falta ainda da querida Métis quando Atena os visitavam, mas sentiram-se felizes pela ilustre visita. Queriam que Atena ficasse ali, porém a deusa da sabedoria tinha uma missão a cumprir. Além disso, sabia que logo, os avôs, Oceano e a titânide Tétis, logo retomariam o assunto que ela tinha baixa tolerância: o do desaparecimento de Métis. Talvez este fosse o único assunto que causava estresse em Atena. Suspeitas absurdas e desprovidas de qualquer início de prova. Como podiam presumir a má-fé de Zeus desta maneira? Era a única a defender o pai? Atena procurou sinais de Métis até no Tártaro e nada achou. Fez buscas por mais de sete séculos e nada encontrou. Se Zeus realmente tivesse feito alguma coisa de errado com a ex-esposa, ela saberia. Talvez ela tivesse virado espírito ou sumido por livre e espontânea vontade. O certo é que Atena acreditava em Zeus, até porque, assim como Métis, Tétis, a nereida, também podia gerar um sucessor de Zeus que o destronaria e ele nunca havia feito qualquer mal à criatura filha de Nereu.

Enfim, o insucesso da procura nos locais mais óbvios levaram Atena a tomar a única medida que poderia tomar: a busca por indícios do paradeiro de Tétis na casa e bairro onde morava a desaparecida. Infelizmente, para tanto, precisaria, imprescindivelmente, de Hefesto e das geringonças por ele criadas.

De fato, o deus engenheiro possuía uma imensa fábrica e gigantescos estoques de parafernálias de todos os tipos, para todos os fins. Construíra, inclusive, um exército de autômatos para lhe servir de arma de ataque e de defesa. Além disso, construiu um vigoroso sistema de defesa no Olimpo de forma a torná-lo uma verdadeira fortaleza que só poderia ser violada pelos deuses mais poderosos do universo e ainda assim com muita dificuldade. Também construía mulheres para deleite próprio, embora neste campo jamais tivesse obtido êxito. As mulheres que criava eram tão complicadas quanto as verdadeiras e jamais se interessavam por ele. Ostentavam vícios de caráter muito grande, o que deprimia Hefesto. Ele queria fazer a mulher perfeita para se unir a ele. Tão bela quanto Afrodite, mas que o admirasse pelo engenho que possuía; que o ajudasse a construir novas máquinas e geringonças, sem frescuras; que fizesse muito sexo com ele sem reclamar que estava insatisfeita; que não se encantasse pelas luzes do Olimpo ou pelo poder e vigor físico de outros deuses; que não se importasse com sua feiura fora do normal, com os defeitos físicos de seu corpo ou com o pau pequeno que possuía; que fosse inteligente e que conversasse sobre os assuntos que ele gostava de conversar: mecânica quântica, eletrodos, biotecnologia e nanotecnologia. Hefesto se esmerava em construir uma mulher assim, mas nunca conseguia. A mais feminina e delicada que construiu e mais próxima daquilo que queria para si foi Pandora, mas contou com a ajuda de Atena e com as diretrizes de Zeus.

No passado, ambos os agentes do Olimpo na Terra, Atena e Hefesto, se desentenderam, pois o deus se apaixonara por Atena e tentou possuí-la à força. Tentou estuprar Atena, mas nada conseguiu. Atena se desvencilhou daquele pobre diabo rejeitado pela coletividade feminina e fugiu. Infelizmente, Atena, antes de conseguir se livrar dos braços indefinidos de Hefesto, foi atingida por uma gozada do deus das forjas. Ele sofria com ejaculação precoce. Bastou roçar o pênis na perna da deusa da guerra para que o esperma saísse da “base”. Atena, enojada, limpou aquela porra. Jogou-a na terra. O sêmen fecundou a terra e deu origem a Erictónio. A deusa ficou com vontade de acabar com Hefesto, mas teve pena do meio irmão. Não valia a pena. Era um ser masculino desesperado.

Atena, embora não soubesse se ainda havia paixão no coração de Hefesto, chamou o meio irmão para a empreitada. Fê-lo não só porque precisava das máquinas do meio-irmão, mas também porque não temia nova investida de Hefesto, afinal de contas estava mais poderosa do que nunca. Quase ou tão poderosa quanto o próprio Zeus. Ela se garantiria em caso de novo ataque e desta vez não teria dó nem piedade. Estava decidida. Atena se manteria virgem para sempre, assim como Ártemis, Héstia e Íris – muito embora Ártemis já tenha fraquejado no intento de se manter imaculada por toda a eternidade e muito embora Íris se mantenha virgem por imposição de Hera, que queria uma serva casta.

Os trabalhos se iniciaram. As máquinas de Hefesto trabalharam a todo o vapor vasculhando, fotografando e analisando elementos químicos na última moradia conhecida de Tétis, uma mansão a beira mar. Seria um longo trabalho…

Enquanto isso, no Inferno, Minta, a ninfa esverdeada, substituta natural de Perséfone, havia passado quase um mês nos Campos Elíseos se bronzeando e cuidando do corpo, aproveitando também para dar uma passadinha no rio Cócito onde estava a família e as amigas, voltou para o palácio de Hades para assumir o lugar que era seu de direito.

ninfa minta

O cheiro de menta da musa inundou o ar do palácio. Estava mais forte do que nunca. Não havia mais Perséfone para atazanar sua vida e pelo que sabia Hades acabaria com o Olimpo e seria o ser supremo de todo o universo e ela, logicamente, a querida esposa. Seria o máximo! Sairia daquele mundo desolado para um mundo de luz. Seria a nova deusa da beleza e do amor. Afrodite que a aguardasse. Viveria tomando banho de sol, cuidando do corpo, dos cabelos, das unhas e faria tudo o que tinha direito para ficar bela e irresistível. Talvez até conseguisse manter alguns amantes… Os seios arfavam com as perspectivas. E para tanto só precisava “dar” esporadicamente para Hades. Tadinho. Qual era a opção dele? As fúrias. Gargalhava.

Lembrou-se do dia que Hades quebrou a maldição jogada por Perséfone milênios de anos atrás:

“Plim.

 

- Hades? O que aconteceu? – Minta acordou assustada. – Cadê a cadela? Ela lançou um poder sobre mim e tudo escureceu. – A lembrança da rival a pôs em alerta. Temia que ela terminasse aquele ataque, que era a última coisa de que lembrava.

 

- Perséfone não está mais entre nós. – Disse sucinto Hades, sem olhar diretamente para Minta.

 

- O quê? A cadela foi embora? – Ficou surpresa, depois gargalhou de alivio. Finalmente seria a esposa de Hades. Correu em direção à Hades. – Então você está sozinho? Coitadinho. – Apertou as bochechas do soberano. – Hades não pode ficar sozinho. Você precisa de uma esposa. Tão carente… – Acariciou a testa do deus. – Olhe, as fúrias estão dando mole ali. – Gargalhou. Alecto, a líder das fúrias sorriu. A fúria líder nunca havia pensado nesta possibilidade. – Fique com elas. – A ninfa pérfida gargalhou ainda mais.

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- Sente-se na porra do trono! – Esbravejou Hades sem olhar diretamente para a Minta. Alecto voltou a ficar séria. Que chance ela teria? Continuaria amando Hades, sendo fiel a ele e ninguém jamais saberia disso.

 

- KKKKKKKKKK – Minta se dirigiu toda contente para o trono. Mas no trajeto percebeu que havia algo de errado. O castelo estava diferente, o trono, a sala, os castiçais, os quadros, as estatuas, a energia negativa de Hades acima do normal (estava forte até para ela que se acostumara com aquilo). Não era possível que de um dia para o outro tudo tenha mudado tão rápido. E a cadela vira-lata? Onde estava? Tudo estava estranho.”

Quinze mil anos como uma maldita planta. Quando Minta descobriu o tempo que ficou como uma plantinha no meio do salão de Hades seu mundo caiu por terra. Foi um choque! Maldita seja Perséfone! Entre um e outro repente de agressividade e ira, Minta reconhecia que finalmente havia chegado a sua hora, a hora de Minta, a ninfa do Cócito nascida para brilhar e ser cortejada. Yes!

Porém…

- O QUÊ?! – Gritou histérica.

Ao lado de Hades, acomodada sobre o outro trono, estava uma figura feminina, com trajes nupciais negros. Não era muito bonita, mas também não era feia.

- Quem é essa?! Hades! O que está acontecendo aqui? Eu fico um mês fora e você já me vem com outra sirigaita? E feia ainda por cima?! Ela está sentada no meu trono! HADES! Eu exijo uma explicação, AGORA! – Gritava Minta escandalizada enquanto sentia os planos de luxúria se desfazerem como areia fofa nas mãos. Passou de esverdeada para avermelhada.

Hades olhou para o horizonte transtornado e cansado. Por que ela tinha que ser assim?

- HADES! Fala comigo! Não seja covarde! – Minta partiu em direção a Hades. Hypnos e Thanatos, que faziam a guarda pessoal de Hades, saíram das sombras e impediram o avanço de Minta, que lutou para se desvencilhar. – Hades, eu te amo! Por favor, de novo não! Eu mereço um pouco de consideração. – Desespero…

- Hypnos, faça ela dormir. – Determinou Hades aborrecido olhando para o horizonte. Imediatamente Minta, que já chorava copiosamente presa entre os braços dos capangas de Hades, dormiu profundamente.

Tétis, a nereida, figura feminina que ladeava Hades, estava nervosa. Não compreendia porque o soberano do submundo a trouxera para o inferno. Seria por causa da profecia? Mas qual o motivo daquilo tudo? Ele não fazia parte da profecia. Havia sido sequestrada e sequer sabia o motivo. Seria vingança? Mas Hades não havia participado da trama de Hera. A única certeza que Tétis tinha é que só podia ser uma coisa: a maldita profecia. Um oráculo profetizou que Tétis, a nereida, daria a Poseidon ou a Zeus um filho muito mais forte e poderoso do que o pai e que o destronaria do poder. Desde então Tétis não teve mais sossego. Todas as questões que a envolviam tinham direta ou indiretamente relação com a maldição. Havia, inclusive, quem a instigasse a ter este filho – queriam vender-lhe fantasias para ludibriar Zeus e Poseidon e assim ter as crianças ou galgar postos na escala de poder do Olimpo. Havia quem defendesse o envio da nereida para o Tártaro e invocavam para tanto o interesse público e a estabilidade do Olimpo. Enfim, havia uma infinidade de interesses e opiniões que envolviam aquela filha de Nereu, todos mesquinhos e histriônicos. Era uma maldição!

Zeus e Poseidon a evitavam, embora Zeus, sempre cauteloso, mandasse seus agentes estarem permanentemente de olho nos passos de Tétis para que ela e o deus soberano jamais se cruzassem. Tétis não tinha privacidade. Zeus não queria correr riscos, afinal de contas gostava da sensação de perigo imediato e certamente não se controlaria perto da nereida. Com efeito, Tétis, em um passado muito longínquo, deu a luz a Aquiles, um dos maiores heróis gregos de todos os tempos, o que corroborava a profecia do oráculo.

- Quando vou saber o porquê do meu sequestro? – Disse a nereida assustada com o evento, tentando demonstrar alguma dignidade.

- Sua estada aqui será breve. Quanto menos perguntas fizer, mais rápido sairá daqui. Já disse isso para a senhora. – Disse Hypnos friamente e segurando Minta em um dos braços.

- Retirem-se todos. – Disse Hades impaciente. – Thanatos, leve Tétis para os aposentos dela. Hypnos, deixe Minta aí no chão e se retire.

O humor de Hades estava cada dia pior. O inferno estava cada vez mais frio, tenebroso e vazio sem o brilho e presença de Perséfone. Não só Hades sentia falta da musa, mas também todos os subordinados. Os julgamentos realizados pelos três juízes do Inferno voltaram a ser extremamente técnicos e desprovidos de sensibilidade. Frequentemente Perséfone assistia alguns julgamentos. Às vezes intervia e participava ativamente de algumas sessões. Apesar de não conhecer as regras processuais e as dos códigos que os juízes Minos, Eáco e Radamantho usavam, opinava seguindo aquilo que o coração julgava ser correto. Buscava, sempre que podia, defender os condenados e aliviar as penas mais pesadas. Normalmente Perséfone passeava por todo o Hades para confortar as almas mais atormentadas que ali caíam. Brincava com Cérbero. Aplacava a ira das “Queres” – seres alados, com aspecto horrendo, possuindo grandes caninos e unhas aduncas – e maquiava as fúrias, tornando-as um pouco femininas; dando-lhes a vaidade que parecia impossível. Eram gestos simples, mas que a todos agradavam. Era uma entidade muito querida em todo o reino de Hades, que trazia paz e beleza ao coração daquelas criaturas condenadas a vagarem eternamente por aquele lugar imenso e sem fim, sem qualquer desígnio, finalidade ou utilidade. No Olimpo dizia-se que o Hades, inferno grego, era um lixão de almas abençoado por Perséfone.

Minutos depois Minta acordou. Levantou a cabeça. Diante dela viu Hades, sozinho, fitando-a atento.

Antes de Perséfone, Minta era a rainha do submundo. Quando a deusa chegou no submundo, mesmo a contra gosto, porque afinal de contas havia sido raptada, tratou de por ordem na casa. Se Hades havia raptado a deusa para fazê-la esposa  e com isso ofendido Deméter, Perséfone imporia suas regras (quem quer o bônus deve suportar o ônus). Intimou Minta que não admitiria amantes no submundo e que se continuasse com o comportamento inadequado seria severamente punida.

- Se não quiser ter problemas, volte para o rio Cócito e fique lá para sempre. – Disse Perséfone taxativamente.

Minta ficou descontrolada. Apesar de não encarar Perséfone de frente, não porque era covarde, mas porque não tinha a mínima chance de derrotar uma deusa em combate aberto, iniciou uma campanha de desqualificação de Perséfone entre todos os membros próximos ao imperador. Inclusive Hades era vítima das insinuações e palavras vagas de Minta tendentes a ridicularizar Perséfone. Minta se dizia a mais bela, sexy e sensual. A ninfa do Cócito lutaria até o fim para ser reconhecida como a esposa de Hades e expulsar Perséfone daquele lugar. Faria de tudo! Infelizmente, a ninfa perdeu a batalha. Perséfone perdeu a paciência com as atitudes cada vez mais grosseiras e escandalosas de Minta – esta já estava desesperada ao ver que todos os esforços empreendidos e planos elaborados eram em vão – e a transformou em uma planta de menta. E assim Minta ficou por milhares de anos.

Minta rastejou até os pés do soberano e com os olhos marejados perguntou:

- Por favor, diga-me que isso não é verdade? Eu te amo. Eu mereço um pouco de consideração. – Lamentou indefesa.

Hades estendeu a mão, que foi imediatamente beijada por Minta.

- Levante-se. – Ordenou Hades olhando diretamente para a beldade caída.

Minta ergueu-se e imediatamente sentou-se no colo do soberano do submundo. Beijo-o carinhosamente várias vezes. Estava tão linda… A expressão facial languida e frágil, os olhos brilhantes e marejados, os belos braços envoltos no pescoço de Hades, os fartos seios bem próximos do rosto do deus, as duas coxas bem torneadas sobre o manto negro do soberano, faziam o deus se lembrar da amada Perséfone. O perfume da ninfa também o agradava, embora não tivesse qualquer relação com Perséfone, o que o trazia de volta à realidade. Hades gostava de Minta, não como esposa, tão pouco como amante ou namorada, mas admirava a intensidade daquele ser tão frágil. Ela lutava com unhas e dentes por aquilo que queria e que não tinha direito: ser a rainha de Hades. E para a ninfa do Cócito, os meios justificavam os fins. É claro que ela apenas queria status, o que tornava a pretensão da moça menos legítima, mas ainda assim aquela explosão de sentimentos causava admiração em Hades. Ora ria, ora chorava, ora gritava, ora dava. Enfim, fazia tudo o que vinha à mente para alcançar o objetivo e não tinha vergonha de nada. A garota seria apaixonante, não fosse Perséfone. Minta não seria uma boa esposa, companheira ou mãe, muito menos uma grande rainha. Faltava-lhe bom senso e solidariedade. Minta só pensava nela, não seria uma boa governante. Não tinha modos e sempre causaria constrangimentos.

Hades acariciou a ninfa, ora fraternalmente, ora lascivamente. Não tinha dúvidas. Precisava de Perséfone. Minta não o faria feliz. O plano continuaria, pois. Perséfone voltaria para o coração do Inferno a qualquer preço, Tétis continuaria ali até sua utilidade cessar e Minta, bom, o imperador não sabia o que fazer com ela nem como controlá-la depois que a ex-esposa estivesse de volta. E naquele momento não tinha coragem de punir aquele belo ser como fez Perséfone. Estava carente, muito carente. O corpo de Minta era muito semelhante ao de Perséfone. Às vezes a desejava, às vezes a repudiava. Ora a imagem de Perséfone se sobrepunha a de Minta na retina de Hades, ora a ninfa era apenas uma gostosa encrenqueira, que tirava Hades do pesadelo da solidão, embora isso causasse certa irritação também. Era difícil lidar com Minta. Era uma criatura muito espontânea.

Minta se aproximava cada vez mais do corpo de Hades, até ambos estarem completamente unidos. Depois de muitas carícias, da troca de bafos quentes e de alguns beijos tórridos, Minta se ajeitou no colo de Hades. Tirou o manto preto do soberano. Desabotoou-lhes as calças e tirou o pênis do deus para fora. Hades estava excitado. Minta envolveu o deus com as pernas. Levantou a minissaia que vestia e fez o deus entrar nela. Envolveu a cabeça do imperador com os braços e o fez chupar os belos seios, cujos mamilos delicados eram esverdeados. E assim fizeram sexo, no trono de Hades. Depois da segunda gozada, Minta sussurrou no ouvido de Hades:

- Você é meu. Eu serei sua rainha. Entendeu? Meeeeeeeeeeeu! – Disse pretensiosa, esquecendo-se que Hades não admitia condições ou imposições.

A ninfa cavalgava Hades, sorria triunfante, estava dando aquilo que o deus queria e precisava; em troca teria o trono.

Hades, não gostou daquela confiança repentina e irritante da parceira, pegou a moça pelas nádegas:

- Humm. – Gemeu Minta, certa do êxito.

Hades levantando-a levemente, trouxe a ninfa para mais junto de si e a puxou para baixo com força total.

- Aaaaaaaaaah!!!

Minta, em face da dor horrível que sentia, tentou se desvencilhar do deus, mas não conseguiu. Ele era muito forte e estava metendo com mais força. O desgraçado já estava de pé. Depois de muitos gritos, dores, retorções, choro, Hades havia ejaculado. Largou Minta no chão, debatendo-se de dor. O soberano então se sentou novamente e olhou para o nada, como se nada de anormal houvesse acontecido. Quando Hades olhava para a frente, sem focalizar um ponto especifico, estava matutando, pensando em alguma coisa importante para os próprios interesses ou para o interesse do Inferno ou, então, e o mais provável estava pensando em Perséfone.

Minta aos poucos se levantou. A dor já estava diminuindo. Olhou para o violador e disse indignada:

- Filho da puta! Dá próxima vez usa lubrificante. – Ordenou extremamente transtornada. Hades a ignorou.

A ninfa saiu mancando do salão, mas estava satisfeita. Pelo menos não fora transformada em planta de menta novamente, morta ou jogada no Tártaro e ainda sentia que tinha livre acesso no reino de Hades. Era necessária ali naquela morada. Poderia descobrir o que acontecia e quem era aquela puta que vira antes de ser vítima do poder de Hypnos. Não desistiria de seu sonho.

CONTINUA…


Kama, O cupido hindu, e Rati, a deusa dos prazeres eróticos

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Kama é o deus do amor hindu, Rati é a deusa os prazeres eróticos. Eles são consortes um do outro. Um casamento sem crises.

Com um arco florido e cinco flechas,ele voa entre as árvores das florestas e acerta o coração de suas vítimas,deixando-as apaixonadas.Embora lembre o tão popular Cupido,o deus romano do amor (Eros,para os gregos), a descrição é de Kama, a dinvindade indiana do desejo.Eternamente jovem,Kama é considerado o mais bonito entre os 330 milhões de deuses do panteão hindu.No Ocidente o termo sânscrito chegou com o clássico KAMA SUTRA.A obra escrita entre os séculos III e V,è uma espécie de manual técnico para o aumento do prazer sexual.Por isso,Kama também
é muitas vezes visto como o deus do desejo érotico.
Logo ao nascer, Kama deu uma flechada em seu pai, Brahma,e o fez apaixonar-se pela própria filha(Saraswati).Irritado Brahma o amaldiçoou e disse que,um dia,Kama seria reduzido a cinzas por uma de suas vítimas.Pouco convencido disso,o cupido indiano continuou aprontando e acertou o mestre Shiva em plena meditação.Irado,a divindade lançou um relâmpago sobre Kama,cumprido a profecia de Brahma.Sem o deus,o desejo extinguiu-se e homens e mulheres passaram a se ignorar uns aos outros .Rati deusa da paixão e esposa de Kama,pediu então a Shiva que trouxesse seu marido de volta ao mundo da existência.A dinvindade consentiu,mas Kama depois disso se tornou invisível.Por isso, acredita-se que ele paira acima dos amantes e faz com que se abracem sem ser notado.

Adorei a música de fundo kkkkkk

 

Curiosidades:
-A montaria de Kama é um papagaio
-Dizem que as pontas de suas flechas são de Jasmin
KAMA E RATkama e ratiKamarati senhora das ferasrati-kama

Grandes batalhas XLIX: Mulheres e deusas traiçoeiras e dissimuladas. Escolha a sua e boa sorte! kkk

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Machado de Assis já sabia: mulheres são dissimuladas e perigosas. Capitu, do livro Dom Casmurro, não passa de uma manifestação das mulheres e deusas abaixo. O livro foi influenciado por essas diabinhas.

Cuidado!

dalila

reia 33

hera bonitona

isis_by_inertiak

PS: mesmo assim eu as amo! rsrsrs


Grandes batalhas L – Ninfas – Qual a história mais trágica?

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Histórias trágicas envolvendo algumas ninfas. Leia os textos e vote na enquete abaixo!

Obs.: quando disse que faria uma enquete sobre ninfas, já me falaram: ah, é para saber quem é a mais gostosa? Minha imagem está tão degradada assim?

Calisto

ninfa calisto

Calisto, na mitologia grega, foi uma bela jovem, que deu origem à constelação da Ursa Maior. Arcas, seu filho, tornou-se rei da Pelásguia, que passou a se chamar Arcádia em sua honra.

Calisto era filha de Licaão, rei da Arcádia.

Calisto provocava ciúme em Hera, pois sua beleza cativara seu marido, Zeus. Hera então castigou-a transformando-a num urso.

Calisto, no entanto, tentava ao máximo lutar contra seu destino mantendo-se o mais ereta possível, tentando assim conquistar a piedade dos deuses. Mas a indiferença de Zeus a fazia crer ser este deus cruel, apesar de nada poder dizer, pois agora só sabia rugir.

Sua vida agora era de medo. Tinha medo dos caçadores que rodeavam sua antiga casa, pois tinha sido ela também uma caçadora. Temia as noites que passava sozinha. Temia as feras, mesmo que agora ela mesma fosse uma.

Um dia, no entanto, em uma de suas caminhadas pelo bosque, reconheceu seu filho, Arcas, agora um homem, um caçador. Calisto, mesmo assim, quis abraçá-lo e, ao aproximar-se, provocou o medo do filho que lhe ergueu a lança e, quando estava para deferir o golpe, Zeus, compadecido com o trágico acontecimento que estava por vir, afastou os dois colocando-os no céu. Calisto transformou-se na Ursa Maior e Arcas em Arctofilax, a Ursa Menor, o guardião da ursa.

Fonte: wikipédia.

Salmácis

salmácis e hermafrodito (ai não me toque, não gosto de mulher rsrsrs)hermafrodito-salmacis

Hermafrodito era fruto de um romance adúltero entre Hermes e Afrodite, por isso ele foi criado pelas Ninfas das florestas da Frídia se tornando um jovem de extraordinária beleza. Ele não se interessava pelas mulheres, apenas queria viajar para conhecer o mundo e aventurar-se por terras desconhecidas.

Em uma de suas viagens parou para descansar à beira de um lago. A Ninfa Salmácis que reinava sobre aquelas águas apaixonou-se por ele e logo tendo-o visto, tentou seduzí-lo mas Hermafrodito não se deixou envolver pelos seus encantos. Sálmacis tentava obter o amor do rapaz por todos os meios, mas nada conseguia.

Remoída pelo despeito e consumida pelo desejo que cada dia se tornava mais intenso, Salmácis ficava de longe espiando entre as folhagens. Certo dia Hermafrodito resolveu se banhar nas águas. Quando Salmácis o viu dentro de seus domínios, despiu-se e entrou nas águas abraçando Hermafrodito. Aderindo ao corpo dele, ordenou às águas que os unisse para sempre e que jamais seus corpos se separassem.Imediatamente as águas se agitaram e começaram a girar em volta deles.

Embora Hermafrodito tentasse se afastar, uma atração além de suas forças fez com que seu corpo se aderisse cada vez mais ao corpo da Ninfa. Subitamente ele compreendeu a intensidade do amor que ela sentia, um amor que se infiltrava por sua pele e invadia seu organismo. Assim ele deixou que seu corpo se fundisse ao corpo de Sálmacis até que os dois se transformaram em um único ser.

O momento da fusão definitiva causou-lhe êxtase tomando-lhe os sentidos, sendo homem e mulher, participando de uma única natureza, em equilíbrio, perfeito e completo, em um só ser ao mesmo tempo sendo dois. E assim ordenou que todos aqueles que se banhassem naquele lago, poderiam se tornar macho e fêmea, em um só corpo. Porém os homens evitavam de banhar-se naquele lago temendo perder a sua virilidade.

Fonte: http://eventosmitologiagrega.blogspot.com.br/2010/11/hermafrodito-e-os-opostos-da-vida.html

Dafne

Apolo e Dafne

apolo-y-dafne1 dafne e apolo

Apolo era considerado um ás da pontaria, desde que abatera a serpente Tifão, a fera que perseguira sua mãe, Leto, quando o deus era ainda criança. Um dia Apolo caminhava pela estrada que margeava um grande bosque, quando se encontrou com Eros. O jovem deus, filho de Afrodite, estava treinando a sua pontaria, solitariamente, em cima de uma pedra.

Sem ser notado, Apolo parou para observar a postura do jovem. Com um dos pés escorado sobre uma saliência da rocha, o deus do amor procurava ganhar o máximo de equilíbrio para assestar com perfeição a pontaria. Seu braço esticado, que segurava o arco, era firme sem ser demasiado musculoso; o outro, encolhido, segurando a flecha, tinha o cotovelo apontado para suas costelas, enrijecendo o seu bíceps; todo o conjunto, desde o porte até a dignidade dos gestos, demonstrava grande elegância, e mesmo os músculos das pernas pareciam distendidos, como a corda presa às duas extremidades do arco.

Apolo não conseguiu deixar de sentir uma certa inveja diante da graça do seu involuntário rival. Não podendo mais se conter, saiu das sombras e revelou ao deus do amor a sua presença.

— Olá, jovem arqueiro. Treinando novamente a sua pontaria? — disse Apolo, pondo um indisfarçado tom de ironia na voz.

— Sim — disse Eros, sem virar o rosto para o outro. — Quer treinar um pouco, também?

Apolo, imaginando que o outro debochava dele, reagiu com inesperada rudeza:

— Ora,  e quem vai me ensinar alguma coisa? Você?

Eros, guardando suas setas, já se preparava para se retirar, quando Apolo o provocou novamente:

— Vamos, treine, treine sempre, garotinho, e um dia chegará a meus pés! — disse o deus solar, com um riso aberto de triunfo.

Eros, no entanto, revoltado com a presunção do deus, sacou de sua aljava duas flechas: uma de ouro e outra de chumbo. Seu plano era acertar em cheio o peito de Apolo, com a primeira flecha.

— Vamos provar agora, um pouco, da minha má pontaria! — disse o deus do amor, mirando o coração de Apolo.

Num segundo a seta partiu, assobiando ao vento e indo cravar-se no alvo com perfeita exatidão. Apolo, sem perceber o que atingira seu peito — pois as flechas do deus do amor tornam-se invisíveis assim que atingem as vítimas —, sentou-se ao solo, abatido por um langor nunca antes sentido.

Mas Eros ainda não estava satisfeito. Por isso, enxergando Dafne, a filha do rio que se banhava no rio Peneu, mirou em seu coração a segunda flecha, a da ponta de chumbo, e a disparou. Enquanto a primeira seta provocava o amor, esta, endereçada a Dafne, provocava a repulsa. Assim, Eros dava início à sua vingança.

— Divirta-se, agora! — disse Eros, sumindo-se no céu com seu arco. Apolo, após recuperar suas forças, ergueu-se e entrou no bosque, como que impelido por alguma atração irresistível. Tão logo atravessou as primeiras árvores, seus olhos caíram sobre a bela ninfa, que secava os cabelos, torcendo-os delicadamente com as mãos.

— Se são belos assim em desalinho, como não serão quando arrumados? -perguntou ele, já bobo de amor.

A ninfa, escutando a voz, voltou-se para o lugar de onde ela partira. Assustada ao ver que aquele homem de louros cabelos a observava atentamente, juntou suas vestes e saiu correndo, mata adentro. Apolo, num salto, ergueu-se também.

— Espere, maravilhosa ninfa, quero falar com você.

Nunca em sua vida Dafne havia sentido tamanha repulsa por alguém como sentia pelo majestoso deus solar. O pior e mais feio dos faunos não lhe parecia no momento mais odioso do que aquele homem que a perseguia com fúria.

— Afaste-se de mim! — gritava Dafne, enojada. Apolo, acostumado a ser perseguido por todas as mulheres, via-se agora repelido de forma tão definitiva.

— Por que foge assim de mim, ninfa encantadora? — dizia, sem compreender. Sem saber como agir diante de uma situação tão inusitada, o desnorteado deus pôs-se a falar de si, da sua beleza tão elogiada por todos, de seus dotes, suas glórias, seus tributos e as infinitas vantagens que Dafne teria em juntar-se a ele, o mais cobiçado dos deuses. Mas o mais belo dos deuses desconhecia um pouco a mentalidade feminina, senão teria falado mais da bela deusa em vez de falar tanto de si próprio.

Ao perceber, porém, que a corrida desenfreada da jovem acabaria por deixá-la extenuada, o deus gritou:

— Espere, diminua o seu passo que diminuirei também o meu! A ninfa, reconhecendo a gentileza de seu perseguidor, diminuiu um pouco o ritmo.

Apolo, no entanto, que diante da diminuição da distância vira aumentar os encantos da sua amada, acelerou involuntariamente o seu passo, renovando o terror na amedrontada Dafne.

— Mas que canalha! — indignou-se a ninfa, tomando novo impulso para a corrida, mas já estava exausta e não era páreo para Apolo, o deus do astro que jamais se cansa de percorrer o Universo, todos os dias.

Sentindo um peso nas pernas, Dafne voltou o rosto aterrado para trás e percebeu que as mãos do deus quase tocavam os seus fios de cabelo. Contornando a mata, retornou outra vez à margem do rio Peneu, clamando pela ajuda do velho rio:

— Socorro, Peneu! Faça com que eu perca de vez esta beleza funesta, já que ela é a causa de todos os meus sofrimentos! — disse, disposta a entregar à natureza todos os seus dons em troca da liberdade.

Dafne, a alguns passos do rio, deu um salto, pretendendo atingir a água. mas seu tornozelo foi agarrado pela mão firme de Apolo, fazendo com que seu corpo caísse sobre a grama verde e fofa das margens. Um suspiro forte escapou de seus lábios entreabertos, com o impacto da queda. Ainda tentou rastejar em direção à água, porém sem sucesso. Apolo, cobrindo-a de beijos, recusava-se a largá-la. Finalmente, com um suspiro de alívio, a ninfa sentiu que seu corpo começava a se recobrir com uma casca áspera e grossa, enquanto seus cabelos viravam folhas esverdeadas. Descolando finalmente seus pés da boca do agressor, Dafne sentiu que eles se enterravam na terra, transformando-se em sólidas e profundas raízes.

Apolo, ao ver que sua amada estava para sempre convertida numa árvore — um loureiro -, ainda tentou extrair do resto de seu antigo corpo um pouco do seu calor, abraçando-se ao tronco e procurando-lhe os lábios. Não encontrou a suavidade do antigo hálito da ninfa, mas apenas o odor discreto da resina.

Apolo, desconsolado, despediu-se levando consigo, como lembrança, algumas folhas, com as quais enfeitou sua lira. Enfeitou também a fronte com estas mesmas folhas, em homenagem a Dafne — a mulher que nunca foi nem jamais será sua.

Fonte: Templo de Apolo

Minta

minta ninfa sexy do rio cócito

Na mitologia grega, Minta ou Menta (em grego antigo: Μινθη, transl. Minthê), era uma ninfa que vivia no rio Cocito, amante de Hades, o rei do mundo dos mortos. É a “Ninfa do Submundo”.

Por ter a condição de concubina do monarca, ela se gabava de ser a mais bela do reino e alegava que Hades iria fazê-la sua nova soberana, expulsando sua até então esposa Perséfone. O relacionamento que os dois mantinham foi descoberto pela rainha, que além de se achar no direito de exigir fidelidade de seu esposo, enraveicida e enciumada transformou-a na planta menta.

Seu mito, noutra versão, estaria ligado ao próprio rapto de Perséfone: Minta (ou Minte), ninfa que habitava o Submundo, mantinha com Hades um relacionamento, interrompido por seu casamento; a ninfa então, procurando recuperar o amante, passou a se vangloriar, dizendo ser mais bonita que sua rival, despertando a fúria em Deméter, mãe de Core. Deméter então puniu a moça presunçosa, fazendo em seu lugar surgir a menta.

A menta era uma das plantas utilizadas nos rituais funerários da Grécia Antiga, junto ao alecrim e a murta, e não somente para amenizar os odores da decomposição: fazia parte dos ingredientes da bebida enteógena feita com cevada fermentada dos iniciados nos ritos eleusinos, e que lhes dava a esperança na vida eterna.

A menção a Minta, em alguns clássicos antigos (os autores das frases abaixo podem ser achados na wikipédia):

Perto de Pylos, em direção ao leste, há uma montanha nomeada após Minthe que, segundo o mito, tornou-se concubina de Hades, e depois foi pisada por Kore [Perséfone], e transformada em hortelã, a planta que alguns chamam Hedyosmos. Além disso, perto da montanha há um recinto sagrado para Hades”.

Perséfone mais tarde teve a magia de mudar a forma de uma mulher [Minta] na perfumada hortelã.

“Minta (Menta), dizem os homens, era uma donzela do mundo subterrâneo, a Ninfa do Cocito, e ela deitava-se no leito de Aidoneus (Hades); mas quando ele raptou a jovem Perséfone no monte Aitnaian [na Sicília], então ela protestou em voz alta com palavras arrogantes e enlouquecida pelo ciúme estúpido, e Deméter espezinhou-a com os pés, destruindo-a. Pois ela havia dito que era mais nobre de forma e mais excelente em beleza do que a Perséfone de olhos negros, e gabou-se que Aidoneus voltaria para ela e baniria os demais de seus salões: tal paixão caiu sobre sua própria língua. E da terra ramificou-se na frágil erva que leva seu nome.

Fonte: Wikipédia

Cassandra (não é ninfa, mas a história é trágica também)

Cassandra profecia apolo

A mitologia grega conta como Cassandra e o seu irmão gêmeo, Heleno, ainda crianças, foram ao Templo de Apolo brincar. Os gêmeos brincaram até ficar demasiado tarde para voltarem para casa, e assim, foi-lhes arranjada uma cama no interior do templo. Na manhã seguinte, a ama encontrou as crianças ainda a dormir, enquanto duas serpentes passavam a língua pelas suas orelhas. A ama ficou aterrorizada mas as crianças estavam ilesas. Como resultado do incidente os ouvidos dos gêmeos tornaram-se tão sensíveis que lhes permitiam escutar as vozes dos deuses.

Cassandra tornou-se uma jovem de magnífica beleza, devota servidora de Apolo. Foi de tal maneira dedicada que o próprio deus se apaixonou por ela e ensinou-lhe os segredos da profecia. Cassandra tornou-se uma profetisa, mas quando se negou a dormir com Apolo, ele, por vingança, lançou-lhe a maldição de que ninguém jamais viesse a acreditar nas suas profecias ou previsões.

Cassandra passa a ser considerada como louca ao tentar comunicar à população troiana as suas inúmeras previsões de catástrofe e desgraça.

A falta de credibilidade das previsões e profecias de Cassandra levou à queda e consequente destruição de Tróia, quando esta viu frustradas as suas sucessivas tentativas de implorar a Príamo que ele destruísse o cavalo de madeira (Cavalo de Tróia) engendrado por Ulisses para a conquista de Tróia pelo seu interior.

Com a cidade já tomada pelos gregos, Cassandra refugia-se no templo de Atena, onde é descoberta e violada pelo brutal Ájax, filho de Oileu (a deusa haveria de vingar-se do guerreiro, posteriormente). Na partilha do butim de guerra, ela é dada a Agamenon, que a leva em seu navio, na viagem de volta à Micenas, onde ele seria assassinado por Egisto, amante da rainha Clitemnestra, esposa de Agamenon. Depois disso, Cassandra foi à Cólquida, de onde saiu com Zakíntio, para que fosse fundada uma nova cidade, pois ele alegava ter recebido uma mensagem dos deuses para que fundasse, com alguma mulher que também pudesse ser sacerdotisa, como Cassandra fora. De acordo com a placa de número 183, no Museu de Arqueologia de Atenas, ao que tudo indica, Cassandra não foi morta em Tróia ou em Micenas, como muitos acreditam, mas sim realmente ajudou na fundação da nova cidade, dando descendência de trinta gerações depois a Agaton, o autor da placa com pedido escrito aos deuses. Ájax, filho de Oileu mais tarde arrependeu se e doou a Cassandra todos os seus bens.

Fonte: wikipédia

Eco

ninfa eco e narcisoninfa eco

Zeus, o rei dos deuses, era casado com sua irmã Hera. Costumeiramente chamava a bela ninfa Eco para conversar com Hera, lá no Olimpo, a morada dos deuses. Eco era muito falante e isso era um bom entretenimento para Hera. Mas, na verdade, a intenção de Zeus com isso era distrair Hera e, assim, conseguir sair com as mulheres mortais. Quando Hera descobriu o engodo, ficou furiosa. Mas nada podia fazer contra Zeus. Então, castigou Eco: fez com que ela não mais pudesse falar espontaneamente, mas somente repetir o que ouvia de outros. Muito triste, Eco se refugiou nos bosques e fontes. Narciso, filho do deus Cefiso (um rio) e da ninfa Liríope, era um rapaz belíssimo. Mas sua mãe era muito preocupada com ele, pois quando de seu nascimento recebeu um recado profético: o de que ele não poderia ver sua própria imagem. De fato, Narciso era muito belo, mas era um rapaz completamente incapaz de se apaixonar. Moças e ninfas belíssimas o desejavam, mas ele não lhes dava atenção. A ninfa Eco, que era também belíssima, quando o viu em uma caçada, se apaixonou perdidamente. Todas as vezes que ele vinha caçar na floresta, ela o seguia sem se deixar ver. Um dia ele percebeu a sua presença e conseguiu abordá-la, e então perguntou o que ela queria. Eco pretendia declarar seu amor, mas não conseguiu dizer nada espontaneamente, apenas repetiu as palavras de Narciso. Narciso a repeliu de maneira grosseira. Desesperada de amor, Eco começou a definhar e, enfim, sumiu inteiramente, restando nos bosques e fontes apenas sua voz. As ninfas, amigas de Eco, quiseram se vingar e chamaram a deusa Nêmesis, que sabia a respeito da profecia sobre Narciso. Certo dia, durante uma caçada, Nêmesis cuidou para que Narciso se perdesse. Cansado e com sede, ele se debruçou na fonte de Tépias, e vendo sua imagem refletida na água, não conseguiu mais parar de admirar tamanha perfeição. Indiferente a tudo, Narciso não mais tirou seus olhos dali e, enfim, acabou morrendo de inanição. No local de sua morte brotou a flor chamada narciso.

Fonte: wowelster.amplify.com/2010/08/06/mito-eco-e-narciso/

Clítia ou Clítie

Clytie clitia ninfa

Clítia ou Clítie, era a ninfa do girassol e amava Helius, o deus Sol. Quando ele a abandonou pelo amor de Leucotéia, sofrendo Clítia começou a definhar. Ficava durante todo o dia sentada no chão frio com sua tranças desatadas sob os ombros. Passavam-se os dias sem que ela comesse ou bebesse, alimentando-se apenas das próprias lágrimas.

Durante o dia contemplava o Sol desde o nascente ao poente. Era a única coisa que via e seu rosto estava sempre voltado para ele. À noite, curvava-se para chorar. Por fim, seus pés criaram raízes no chão e o rosto transfigurou-se em uma flor, que passou a se mover sobre o caule sempre acompanhando o sol. Assim nasceu o heliótropo ou o girassol.
Para resumir, o sol passa todos os dias e segue seu curso, vivendo a sua própria vida, enquanto a ninfa Clitia permanece enraizada no mesmo lugar perdendo oportunidades de viver.
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Egina

ninfa egina

O culto de Zeus pan-helênico remonta a uma Fábula relativa à ilha de Egina. A ninfa Egina era filha do rio Asopo. Foi amada por Zeus, que a visitou sob a forma de chama. Seu pai, encolerizado com o rapto da filha, procurou-a por toda parte; chegando a Corinto, soube de Sísifo o nome do raptor e pôs-se a persegui-lo. Zeus atingiu-o com um raio, e transportou a ninfa para a ilha que, desde então, tem o seu nome.

A união de ambos deu nascimento de Éaco que, antes de ser juiz no inferno, reinou na ilha de Egina. Mas não podendo Hera permitir que uma ilha tivesse o nome da rival, resolveu vingar-se despovoando aquela porção de terra. Nuvens sombrias cobriram o céu, reinou um calor sufocante, os lagos e as fontes contaminaram-se. O mal atacou a princípio os cães, as ovelhas, os bois, as aves e todos os animais. O agricultor consternado viu morrer diante dos seus olhos, no meio dos sulcos, os touros que trabalhavam. As ovelhas, despojadas da lã, magras e descarnadas, enchiam os campos de gritos lúgubres. O vigoroso corcel, desdenhando os combates e as vitórias, languescia. O javali esquecera a sua ferocidade natural; a corça já não tinha a habitual ligeireza; o urso não ousava atacar os rebanhos. Tudo morria; as florestas, os campos e os grandes caminhos estavam juncados de cadáveres que infeccionavam o ar com o seu mau cheiro; os próprios lobos não ousavam tocá-los, e eles apodreciam na terra espalhando por toda parte o contágio.

Dos animais, espalhou-se o mal às aldeias, entre os moradores dos campos e daí penetrou nas cidades. Todos sentiram a princípio as entranhas arder com um fogo cujos reflexos, que apareciam no rosto, denotavam a força. Respiravam com dificuldade, e a língua seca e inchada obrigava-os a manter a boca aberta. Certos de que morreriam desde que fossem contagiados, abandonavam os remédios, e faziam tudo quanto a violência do mal os impelia a desejar. Todos corriam aos poços, às fontes, aos rios, para matar a sede que os devorava; mas só a matavam, morrendo, e o langor impedia os que a tinham saciado de pôr-se novamente de pé e afastar-se da água em que expiravam. Por onde quer que se relanceassem os olhos, percebiam-se montes de mortos; era inútil oferecer sacrifícios; os touros conduzidos aos altares para ser imolados caíam mortos antes de feridos. Não se viam lágrimas pela morte dos entes mais queridos; as almas das crianças e das mães, dos jovens e dos velhos desciam, sem ser choradas, às margens infernais. Não havia lugar para sepulturas, não havia lenha para as fogueiras. (Ovídio).

Havia na ilha de Egina um velho carvalho consagrado a Zeus, a semente que o produzira vinha da floresta de Dodona. Éaco, debaixo de tal árvore, sagrada, invocou Zeus, e, enquanto rogava, contemplava uma multidão de formigas que subiam e desciam pela casca do tronco; vendo-lhe o número incalculável, chorava lembrando-se do seu reino despovoado. Quando terminou a invocação, o rei Éaco adormeceu à sombra do carvalho sagrado. No entanto, o deus ouvira-lhe o rogo: as formigas transformadas em homens se aproximaram dele e renderam-lhe as homenagens devidas à sua posição. Éaco deu graças ao rei dos deuses; depois, distribuiu os novos habitantes pela cidade e pelos campos. Para conservar a recordação da origem deles, chamou-os mírmidos. Mantiveram eles as mesmas inclinações que as formigas : laboriosos, ativos, ardentes no amontoamento de bens, empregavam o maior cuidado em conservar o que haviam adquirido. (Ovídio).

Os descendentes dos mírmidos foram os soldados de Aquiles, pois Éaco é pai de Peleu, pai de Aquiles. Entretanto, os mírmidos de Aquiles não habitavam a ilha de Egina; mas tais confusões, tão freqüentes na idade heróica, podem originar-se de migrações e de colônias que guardavam as mesmas tradições, em regiões diferentes. Aliás, a lenda de Éaco apresenta variantes: teria sido em conseqüência das suas preces que uma espantosa fome seguida de peste cessou não somente na ilha de Egina, senão também na Grécia inteira. Foi depois de tal fato que ele fundou um templo e cerimonias às quais todos os gregos deviam assistir. Zeus recebeu nessa ocasião o apelido de pan-helênico (adorado por todos os gregos).

Zeus pan-helênico possuía na ilha de Egina um templo conhecidíssimo, onde se celebravam festas em sua honra. Adriano ergueu-lhe também um templo em Atenas.

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Grandes Batalhas LI: O mal absoluto!

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Os dois maiores candidatos a ganharem o título de “O Mal Absoluto”:

Satã: encarregado de perseguir e acusar os pecadores.

Lúcifer (em hebraico, heilel ben-shachar, הילל בן שחר; em grego na Septuaginta, heosphoros) é uma palavra do Latim (lucem ferre) que quer dizer “portador de luz”, representa a estrela da manhã (a estrela matutina), a estrela D’Alva, o planeta Vênus, mas também foi o nome dado ao anjo caído, da ordem dos Querubins, como descrito no texto Bíblico do Livro de Ezequiel, no capítulo 28. Nos dias de hoje, numa nova interpretação da palavra, o chamam de Diabo (caluniador, acusador), ou Satã (cuja origem é o hebraico Shai’tan, que significa simplesmente adversário).

Angra Mainyu ou Ahriman: responsável pela doença, pelos desastres naturais, pela morte e por tudo quanto é negativo

Angra Mainyu

Um contexto religioso

Os personagens da mitologia persa podem, em sua maioria, ser classificados em dois tipos: os bons e os maus. Isso espelha o antigo conflito baseado no conceito do zoroastrismo da dupla origem em Ahura Mazda (em avéstico, ou Ormuzd em persa tardio). Spenta Mainyu é a fonte da luz, da fertilidade e das energias construtivas, enquanto Angra Mainyu (ou Ahriman em persa) é a fonte da escuridão, da destruição, da esterilidade e da morte.

Ormuzd é o mestre e criador do mundo. Ele é soberano, onisciente, deus da ordem. O Sol é seu olho, o céu suas vestes bordadas de estrelas. Atar, o relâmpago, é seu cílio. Apô, as águas, são suas esposas. Ahura Mazda é o criador de outras seis (ou sete) divindades supremas, os Amesha Spenta, que reinam, cada um, sobre uma parte da criação e que parecem ser desdobramentos de Ahura Mazda.

Sob Ahura Mazda e os seis Amesha Spenta a mitologia persa coloca, como divindades benéficas: “Mitra”, o mestre do espaço livre; Tistrya, o deus das trovoadas; Verethraghna, o deus da vitória; ela admitia, além disso, um grande número de deuses do mesmo elemento, os Izeds.

Assim como Ahura Mazda estava cercado por seis Amesha Spenta e de outras divindades, Angra Mainyu (Ahriman) — o deus malfazejo que invade a criação para perturbar a ordem e que é concebido como uma serpente — é acompanhado de seis demônios procedentes das trevas cósmicas e de um grande número de outras divindades malignas.

 

Angra Mainyu

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Lúcifer

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Hórus, Bastet, Tot, Anúbis, Shiva, Parvati, Durga, Hanuman – 24.08.06 – A nova teogonia – 16ª Parte

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VIDE 15ª PARTE

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05.09.09

Hórus, Bastet e Tot, após a visita ao Japão místico e angariada a promessa de auxilio de Raiden, Fujin e Susanowo, partiram para a Índia mística em busca de mais aliados. Assim como Raiden queria ser o deus do trovão, Susanowo, o deus dos mares japonês, encarnação da tempestade, pretendia dominar todos os mares mundiais. Este deus era muito malquisto dentro do panteão japonês por seu jeito amargo, estúpido e invejoso de ser e pelas travessuras que costumava cometer contra os irmãos, deuses do sol e da lua – fazia-o, pois desgostoso com o quinhão da herança que a ele foi destinado, o domínio do mar; Susanowo queria um dos dois domínios do céu que foram deixados para os irmãos Amaterasu e Tsukuyomi como herança do pai Izanagi. Fujin, por seu turno, foi convencido de participar da guerra que se delineava em um futuro não muito distante, pois soube que o rival, Raiden, o faria. Com efeito, Fujin e Raiden se odiavam e eram extremamente competitivos. Buscavam a todo o momento suplantar o outro em habilidades e poderes, por isso era importante que Fujin também entrasse na guerra que se desenhava no ambiente. Não poderia ficar para trás, seria uma vergonha, a honra do deus estaria ferida. Além disso, o outro móvel de Fujin era o de acabar com Eolo, o deus dos ventos grego, isso porque não admitia que o deus do vento grego fosse, originalmente, um humano natural convertido por Zeus em deus. Zéfiro era outro alvo de Fujin.

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Para sorte dos egípcios, a cultura japonesa favorecia seus interesses. Aqueles três deuses japoneses eram extremamente sensíveis e buscavam a luta bela e honrada. Visavam à perfeição e ao posto de mais poderosos. Não temiam árduas batalhas sanguinolentas e dramáticas. Enalteciam o espírito guerreiro, persistente e o amor incondicional à causa que defendiam. Eram facilmente convencidos de que estavam do lado do bem. Hórus sabia disso, pois colecionava mangás e assistia animes. As ideias contidas nestas histórias em quadrinhos e desenhos se resumiam a batalhas do bem contra o mal, superação, homens poderosos e super agressivos e mulheres belas, sensuais e frágeis, muito próximo da conjuntura daquele momento. Hórus, que nem sempre era genial, muito em razão do temperamento explosivo que manifestava, foi fenomenal ao adquirir estes aliados japoneses do modo que fez.

Evidentemente, participar de uma aliança forte seria ideal para atingir a tão sonhada supremacia do panteão japonês ou, pelo menos, de alguns de seus deuses, visto que ali não havia muitos deuses poderosos ou dispostos à guerra – Amaterasu e Tsukuyomi estavam tranquilos e não se incomodavam que as deidades do sol e da lua gregas fossem preponderantes e não reconhecessem outros deuses do sol e da lua como eles.

Hórus propunha aos deuses menores que o ouvia uma nova ordem universal, onde não poderia se cogitar mais da preponderância absurda e sufocante dos gregos ou da distinção odiosa entre quatro grandes panteões (grego, nórdico, egípcio e hindu) e os demais. Esta ordem seria plural, colaborativa, democrática e ele, Ísis e Osíris seriam os responsáveis por liderar a transição e garantir a liberdade, igualdade e fraternidade de todos os deuses.

Os egípcios já contavam nas suas fileiras com os principais e mais poderosos deuses africanos ligados à guerra e ao poder (Oxalá, Ogum, Xangô, Ossaim, Oiá e Exu). Estes deuses africanos eram aliados tradicionais e por afinidade; não precisaram ser convencidos pelo discurso renovador de Hórus. Talvez a proximidade deles com o Duat, mundo místico egípcio explicasse a afinidade. Ademais, os egípcios possuíam a simpatia de outros panteões menores, como os da América Latina, mas ainda precisariam de dois panteões muito fortes e tradicionais para pretenderem fazer frente ao Olimpo e à Asgard: o hindu e o celta.

Para convencer os hindus, Hórus contava com um quarto deus egípcio que se juntou a ele, Bastet e Tot posteriormente: Anúbis, filho ilegítimo de Osíris e Néftis, relacionamento concubinário este causador da guerra entre Osíris e Set, o deus do mal. Anúbis era primordial para o sucesso da empreitada na ótica de Hórus. O deus tinha informações valiosas do submundo que certamente tocariam os corações dos principais deuses hindus – já que havia 330 milhões deles e a esmagadora maioria não tinha mais poderes do que uma simples criança humana, posto que nada mais eram do que deuses simbólicos ou espirituais. Assim, os egípcios pretendiam convencem a Trimúrti (Shiva, Vishnu e Brahma), Indra, Agni e Parvati de que deveriam se unir à Liga das Sombras, como Hórus designou a aliança que ele articulava – evidentemente Ísis ainda não tinha conhecimento desta denominação, ainda estava no Olimpo terminando o tratamento de Perséfone, porque se tivesse não permitiria a institucionalização desta nomenclatura ridícula.

Estes seis deuses hindus eram os mais poderosos e teriam um peso decisivo nos desígnios dos eventos posteriores. Entretanto haveria dois grandes desafios: o primeiro desafio seria conciliar os interesses de Vishnu e Shiva, aparentemente contrapostos, pois um era o deus da conservação e o segundo o deus da renovação; o segundo desafio seria acordar Brama, o deus criador. Parvati, a esposa de Shiva, e Indra seriam desafios menores, pois a primeira seguiria o marido e o segundo seria facilmente persuadido por Anúbis.

Tot fez a estratégia. Aquele panteão seria difícil. Precisariam ir primeiro até o monte Kailash atrás de Shiva e Parvati (Durga e Kali), tentariam posteriormente uma audiência com Vishnu e Agni, tentariam acordar Brama de seu sono profundo e buscariam o auxílio de Indra, o rei dos deuses, senhor das chuvas e dos relâmpagos. A escolha de se dirigir até Shiva primeiramente, na cabeça de Tot, era óbvia. Ganesha, amigo de longa data de Tot, era filho de Shiva e Parvati, Shiva era o deus da destruição e renovação – provavelmente iria querer aproveitar a situação conflituosa para ajudar a criar uma nova ordem, a destruição da antiga ordem divina para colocar outra no lugar.

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Tot, Bastet, Hórus e Anúbis subiram correndo o Monte Kailash, um apanhado de cristal, rochas, grama e árvores tropicais que flutuava acima da civilização humana, em um plano místico, tal como o Olimpo. A montanha era imponente, mais de dez mil metros de subida, linda, mas repleta de armadilhas. Bastet e Hórus ostentavam as cabeças dos animais símbolo, o gato e o falcão. Não fossem as habilidades felinas de Bastet, que abria caminho entre as matas e cristais pontiagudos do monte, pois ali não era possível voar livremente graças ao poder esmagador de Shiva, todos teriam sofrido graves ferimentos. Bastet desarmava muitas das armadinhas, desviando-se de dados envenenados, pulando rapidamente por buracos que continham inúmeros cristais pontiagudos escondidos sob a folhagem, acionando redes ou quedas de lava quente. Por seu turno, Tot, que era amigo de Ganesha, quando via alguma fera guardião do Monte Kailsah, lia um livro dado como presente pelo deus da sabedoria hindu milênios atrás para aplacar a ira do animal (normalmente tigres anabolizados e dotados de poderes divinos), deixando os deuses egípcios passarem em paz. Assim, depois de muito andarem em direção ao cume do monte, chegaram na entrada do palácio de Shiva. Foram recepcionados por Parvati, a bela esposa do deus da destruição. Os traços eram de uma bela mulher indiana, branca, muito branca, entretanto a deusa não estava com cara de bom amigos. Quer seriam aqueles invasores? Sentiriam a fúria de Durga, a forma guerreira de Parvati.

- Parvati? – Perguntou-se Bastet ao ver a deusa hindu encarando-lhes.

- Fodeu. – Disse Tot, cuja expressão era extremamente grave e preocupada. Os deuses egípcios sabiam que quando Tot falava um palavrão é porque algo ruim estava para acontecer.

Parvati começou a se retorcer e dar gritos excruciantes de dor. Estava em transformação. Ao final do rápido processo, a deusa hindu ficou maior, aparentava maior vigor e estava mais bela, brilhava como um cristal, apesar da pele, que agora era morena, ostentando expressão extremamente grave e belicosa.

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- Ela está de TPM – Brincou Hórus ao pé do ouvido de Bastet.

Bastet reprovou o comentário com um olhar agressivo. Sabia que os egípcios teriam problemas. Parvati, na forma de Durga, era terrível, uma verdadeira máquina de guerra. A gata sabia que aquela deusa derrotou, sozinha, Mahishasur um demônio super poderoso que existiu há séculos atrás e que tinha a vantagem de não poder ser derrotado por qualquer homem ou deus. Esse demônio desencadeou um reinado de terror sobre a terra, céu e os mundos inferiores. Logo, como ato final de sua transformação, apareceram mais oito braços, todos armados de poderosas e afiadíssimas espadas.

- Demônios! Como ousais adentrarem na morada de Shiva?! – Gritou alterada Durga, a caçadora de demônios.

- Acho que são as cabeças de gato e falcão. – Disse cauteloso Tot, tentando entender a histeria de Parvati. – Os demônios asuras são os inimigos mortais e milenares dos deuses hindus.

Repentinamente, a pressão exercida pelo poder de Shiva, que impedia os deuses de voarem livremente, cessou. Todos se sentiram livres, leves e soltos para a batalha.

- Que burra! – Comentou Hórus. – Agora iremos acabar com ela facilmente.

- Ela também está solta, idiota! – Disse ríspida Bastet.

A deusa gato estava ansiosa para medir forças com aquela terrível adversária, cujos feitos ficaram eternizados na mitologia universal. Parvati possuía duas formas poderosas para lutar e uma delas era Durga, a guerreira invencível, em que acabara de se transformar. A adversária ficou famosa pelas inúmeras batalhas e vitórias sobre hordas de demônios.

- Mas somos quatro – Contrargumentou o imperador egípcio.

- Três – Observou Tot se retirando pé ante pé do campo de batalha. Tot não era um deus guerreiro. – Ela acha que somos demônios, inimigos mortais dos deuses hindus. – Enfatizou antes de se esconder atrás de uma rocha ali perto. Pretendia que Hórus ou Bastet explicassem que não eram demônios, mas que aquelas cabeças de animais eram uma particularidade do panteão egípcio.

Mas não houve tempo para explicações. Durga atacou violentamente. Hórus foi o alvo principal. O soberano do Egito desviou do primeiro golpe da adversária voando para o alto rapidamente, a dezenas de metros de altura. Conseguiu prever o movimento de todos os braços graças à visão de falcão, entretanto viu com horror que o golpe de Durga rasgou quilômetros daquela montanha, devastando tudo o que tinha pela frente, e criou um som que quase ensurdeceu os deuses egípcios. O rápido deslocamento do ar criou discos de ventos que fizeram ferimentos superficiais na pele do deus. Anúbis havia entrado no subsolo, como costumava fazer, pois podia surgir em qualquer ponto do campo de batalha para atacar de surpresa com o cajado que portava. Todavia ele não havia voltado. Teria fugido? Covarde! Bastet desviou das repercussões destrutivas daquele golpe, escapuliu para cima de uma das poucas árvores laterais que sobraram em pé; já preparava o bote. Sacou as enormes garras – trinta centímetros de um sólido material apto a rasgar qualquer tecido ou material como manteiga derretida – para fora esperando o momento certo para contratacar a poderosa adversária, no entanto Durga a atacou primeiro. Lançou uma das espadas em Bastet. A gata desviou parcialmente, mas o braço foi atingido e a egípcia caiu, em pé, da árvore. Corria muito sangue pelo braço atingido. Hórus, ao ver a situação desfavorável no campo de batalha e a amiga em apuros, irritou-se. Entrou em combustão e formou grandes bolas de fogos em suas mãos para atacar violentamente Durga. Iria incinerar a maldita inimiga. As chamas cresceram tanto e estavam tão ardentes que em poucos segundos o calor que emitiam provocou um grande incêndio na floresta e fez a adversária suar em razão do calor que já ultrapassava quatrocentos graus Celsius na região do conflito. Tot e Bastet fugiram dali, pois não queriam ser tostados.

- SINTA O PODER DO SOL SUA PUTA! – Esbravejou irritado Hórus.

Entretanto, antes de lançar o poderoso golpe, Hórus foi atingido em cheio por um raio ultra mega poderoso saído de dentro do palácio.  Uma grande explosão se sucedeu e varreu todo o monte Kailsash.

Hórus acordou. Ao lado dele estava Bastet lambendo o braço enfaixado, triste, derrotada e suja de fuligem. Tot todo queimado e Anúbis ileso também estavam ali, sentados na cama em que Hórus estava.

- Onde estamos?! Arghhhh!!!!! – Gritou de dor ao tentar se levantar. Sentiu os ossos do peito quebrados em algumas partes e trincados em outras. O que havia acontecido?

- Silêncio. – Pediu Bastet interrompendo as lambidas, que mantinha muitos hábitos felinos mesmo já estando com o belo rosto humano que possuía. – Estamos dentro do palácio de Shiva.

- Somos prisioneiros?! – Perguntou Hórus preocupado e ainda se retorcendo de dor.

- Não. – Respondeu Bastet. – Eles estão cuidando de nós.

- Eles estão o quê?! – Resfolegou.

- Sim, Shiva e Parvati estão curando nossas feridas. – Assentiu e explicou a gata um pouco constrangida.

Anúbis e Bastet ajudaram o soberano do Egito a levantar.

- ARGHHHH!!!

Passado o pior da dor, Hórus pode focar o que acontecia na sua frente. Todos estavam alojados no salão principal, isento de móveis, exceto pela gigantesca cama acolchoada e multi colorida, adornada por pedras preciosas e repleta de desenhos hindus, que os egípcios ocupavam. Naquele são só havia quadros gigantescos. Shiva estava meditando, sentado e com as pernas cruzadas, todavia flutuava de um lado para o outro do recinto, rodopiando para frente e para trás, algumas vezes de ponta cabeça, outras de lado, como um pião, por todo o salão. Parvati, em pé e no solo, olhava para os quatros deuses egípcios, mas agora maternalmente.

- “Parvati se equivocou.” – Disse uma voz que vinha do interior de cada um dos quatros deuses egípcios. – “Ela pensou que fossem asuras.” – Disse a voz que transmitia bondade.

- Demônios asuras? – Perguntou Hórus para si mesmo, embora em tom de voz audível a todos.

- “Hórus, desculpe-me por ter piscado meu terceiro olho, mas não poderia deixar que atingisse minha bela esposa.” – Disse a voz interior, muito tranquila e amistosa. – “Ela é muito vaidosa.”

Com efeito, era Shiva que falava por meio de telepatia enquanto meditava.

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“Piscado meu terceiro olho” ele disse. Hórus já havia ouvido histórias sobre o terceiro olho de Shiva, uma arma de destruição em massa letal e pavorosa. Se o deus abrisse este terceiro olho, só restaria devastação e morte. Era um dos maiores poderes que existia entre todos os panteões. Podia ser equiparado ao raio de Zeus, ao tridente de Poseidon, à energia negativa de Hades, à Mjolnir de Thor, à magia de Ísis, ao báculo de Atena, ao arco e flecha de Apolo, à Lança Gugnir de Odin e o raio solar de Hórus. E… aquilo que o atingiu foi apenas uma piscada?

- “Estamos cientes do que ocorre no Olimpo, Hórus. Sabemos que Hades pediu auxílio para os demônios asuras.”

- Então, vocês irão se unir a nós? – Perguntou Hórus precipitado, esquecendo-se temporariamente das dores. – Arghhh – Lembrou-se da dor.

- “Não. Ainda está muito cedo para a Liga das Sombras.” – Disse Shiva carregado de escárnio. Aquele nome era ridículo demais. Coisa de adolescente ou de nerd. Naquele momento, o deus hindu passava flutuando por cima dos deuses egípcios em movimento de rotação. Os olhos estavam cerrados. – “Não sabemos o que Hades pretende e qual será a repercussão de todo o processo.” – Argumentou cauteloso.

A aliança entre Hades e os demônios asuras era a informação bombástica que Anúbis traria ao conhecimento dos deuses hindus para convencê-los a se aliarem à causa egípcia. Osíris teve muito trabalho para adquiri-la, perdeu muitos sequazes por causa dessa informação.  Com efeito, hinduístas e demônios asuras eram inimigos mortais. Os deuses hindus estariam sempre contra tais demônios, mas naquele caso havia um diferencial. Os asuras estavam unidos a Hades para uma questão que, a princípio, em nada interessava aos hindus. Era um problema doméstico dos gregos. Não havia motivos para se iniciar uma guerra desde já com Hades, até porque o deus do submundo grego, apesar de todo o poder que tinha, estava se arriscando ao se relacionar com aquelas criaturas imundas e cheias de maldade. Hades não era um deus mal, diferente do que muitos pensam, e isso era outro motivo para os hindus não tomarem providências imediatas. Preferiam tratar o caso com cautela.

- “Além disso, a Liga das Sombras parece favorecer demais os deuses egípcios em detrimento daqueles outros deuses que a integrarão.” – Continuou calmamente Shiva. – “Somos um panteão guerreiro, mas que não quer poder a qualquer custo e que não entra em guerra sem antes ter certeza do que está acontecendo e os interesses envolvidos. Todos conhecem a ânsia pelo poder de Ísis e a mesma ânsia foi herdada por ti, Hórus. Haveria apenas uma troca do imperialismo grego pelo egípcio se o desenho da Liga das sombras, do jeito que está, concretizar-se.”

Hórus ficou irritado. Shiva estava chamando-o de demagogo e menosprezava as pretensões do deus falcão.

- Os gregos devem cair. Eles estão acabando com os outros panteões! – Falou enfurecido Hórus.

- “Sim, estão. Nós tomaremos providências quando a hora chegar.” – Disse calmamente a voz interior. Naquele instante Shiva estava preso em um dos cantos do palácio, batendo levemente entre uma parede e uma coluna como se fosse um balão de gás. Os quatros deuses egípcios acharam a situação engraçada. Agora entendiam perfeitamente porque os hindus eram os deuses mais exóticos ou, na linguagem de Hórus, mais esquisitões. Não dava para olhar para o rosto do deus permanentemente, pois os longos tecidos negros flutuavam desordenados em torno do deus da destruição hindu.

Parvati se aproximou. A bela deusa, outrora inimiga, disse carinhosa:

- Não se preocupem, pois as meditações de Shiva costumam demorar. Ele sai flutuando por todos os lados. Por isso deixo as janelas e as portas fechadas. Uma vez ele acordou da meditação quando já estava na superfície da lua. – Riu-se toda. – Querem comer? Já está melhor Hórus? Você dormiu três dias seguidos. Estava preocupada.

Naquela noite os deuses egípcios dormiram no palácio. Hórus, já de pé, olhava para o céu noturno e estrelado. Depois viu a devastação no monte Kailash: metade da montanha havia simplesmente sumido. “Piscado meu terceiro olho”…

No dia seguinte, a combalida expedição egípcia deixou o Monte Kailash sabendo que a posição cautelosa de Shiva seria a adotada pelos deuses hindus. Shiva deixou claro que falava por todo o panteão hindu e que todos sabiam o que acontecia. A princípio, não se comprometeriam com qualquer causa, mas eram mais simpáticos à mudança visada pelo egípcios do que à continuidade imposta pelos gregos. Assim, não valia a pena buscar auxílio dos outros deuses do panteão hindu, pelo menos naquele momento. Era melhor não forçar a barra.

Tot deixou o palácio parecendo uma múmia, pois estava repleto de ataduras. Como não era um deus muito poderoso, o calor gerado por Hórus e a explosão do raio de Shiva lhe causou severos danos. Bastet apenas possuía uma faixa no braço atingido pela espada de Durga. O orgulho da gatinha estava ferido. Não conseguiu se desviar por completo da espada da adversária e não teve tempo de contratacar. Como consolo, restou-lhe o fato de que a luta havia sido interrompida pelo poderoso poder de Shiva. Nessas horas Bastet, sentia a falta de um gatinho, de um companheiro, de alguém que cuidasse dela e a defendesse, que a amasse. Mas longo essa necessidade de ter alguém se esvaía, pois Bastet prezava a independência, como toda boa gata. Além do mais, sabia que no fim das contas, o gatinho é que precisaria de cuidados, pois gatinhos são mais manhosos que gatinhas e menos independentes e muito mais carentes. Querem cafuné e atenção toda hora e ela não havia nascido para cuidar de ninguém, a não ser dela mesma. Anúbis era o único que estava ileso. Questionado por Hórus onde esteve durante a breve batalha contra Durga, respondeu que após criar o buraco negro para adentrar na terra e ressurgir em outro ponto do terreno, pegando o inimigo pela retaguarda ou desprevenido, ficou preso por horas na escuridão e sem qualquer sendo de direção. O poder de Shiva o prendia. Fora criada uma cela entre as dimensões que atravessava para desaparecer e reaparecer. Shiva era foda!

Assim como Bastet, Hórus estava com o orgulho ferido e o peito detonado, quase que em carne viva e tostada. Poderia ter morrido. Como ele pretendia ser o imperador de todos os deuses se foi facilmente derrotado pela piscada de Shiva? E não era só! No panteão hindu havia a Trimúrti, a trindade sagrada composta por Shiva, Vishnu e Brahma. Se Shiva possuía aquele poder, provavelmente os demais teriam algo similar.

Porém, antes de deixar a montanha voadora detonada de Shiva, reduzida em 2/3 do tamanho original, o quarteto foi surpreendido pelo barulho de um ser que descia o barranco rapidamente. Imediatamente Hórus e Bastet entraram no modo combate, ou seja, as cabeças deixaram de ter a forma humana e passaram a ter a forma dos animais que os simbolizavam. Bastet, por um segundo, desejou que fosse Durga. Queria uma revanche. Mostraria que era extremamente agiu e que poderia fazer tanto estrago quanto aquela terrível oponente. Mas não era Durga.

- Olá, meu nome é Hanuman. Fui designado por Shiva para acompanhá-los como um sinal de cortesia do panteão hindu. Posso viajar com vocês? – Perguntou confiante um ser com cabeça de macaco simpático e corpo humanóide.

Hórus, estupefato, pensou e pensou. Olhou perplexo para Tot que assentiu. Depois olhou para o cume do monte. A visão acurada permitiu que visse, às portas palacianas, Parvati, montada sobre um gigantesco tigre branco e contrariada, observando tudo. O que havia com aquela mulher? Ora estava nervosa, ora estava boazinha? Havia algo de estranho naquilo tudo, mas como Tot, o deus da sabedoria, não hesitou em qualquer momento….

- Sim, claro. Pode nos acompanhar. – Respondeu Hórus desconfiado. Aquela carinha de humilde de Hanuman não teria o condão de fazer os egípcios abaixarem a guarda.

E todos voltaram para o Duat, o Egito místico, para se recuperarem daquela campanha infrutífera e que colocou várias questões na cabeça de Hórus. Quem eram aqueles  deuses Hindus? Quão poderosos poderiam ser? O que entendiam por cautela? E Parvati, por que estava emburrada? Shiva era tão poderoso assim? De que lado a balança da guerra superveniente penderia? A tríade egípcia seria capaz de submeter a Trimúrti? E quem era aquele deus macaco, Hanuman? O que pretendia?

hanuman, o deus macaco

CONTINUA…


Milagre de Natal...

Feliz ano novo!

O senhor dos aneis

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Republicação de Fiore Rouge:

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Não é aquele que vocês estão pensando, obviamente! Estou falando deste joalheiro aqui, Philippe Tournaire – vejam algumas das coisas que ele faz (detalhe – ele faz aneis sob encomenda, ou seja, dá para você colocar seu pequeno casebre no dedo se quiser! ):

Les premières bagues architecture furent découvertes pendant l’ère Mérovingienne (VIème siècle après Jésus Christ).Ces bagues ont pour la plupart été retrouvées en Gaule, enfouies dans les tombes de femmes mérovingiennes appartenant à la haute aristocratie.

Leia mais… 188 mais palavras

O ano celta e o mito dos reis Carvalho e Azevinho

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O ano celta e o mito dos reis Carvalho e Azevinho
O ano celta é dividido em duas partes: o ano claro ou crescente – governado pelo Rei Carvalho – e o ano escuro ou decrescente – governado pelo Rei Azevinho.
Nos seis primeiros meses do ano é o Rei Carvalho, Senhor das Florestas (luz) que governa – por isso temos dias claros e longos, com sol em abundância. O Rei Carvalho é representado como um jovem forte, audacioso e corajoso, que caça a Deusa pelas florestas. A cada novo dia o sol torna-se mais forte, até o Solstício de Inverno (Yule), período em que ele se apresenta cansado, suas forças já não são as mesmas… Pela Deusa, ele trava uma batalha com o irmão gêmeo, o Rei Azevinho (escuridão), que consome o restante dessas forças. O Rei Carvalho é vencido, sendo o trono ocupado pelo Rei Azevinho. Ele é representado como um ancião, sábio e bondoso (uma versão meio “ecológica”, digamos assim, do Papai Noel!), que traz o Inverno, usa peles de animais e uma coroa de azevinho. Ambos trazem vida e morte.  Quando o Sol nasce no Litha, o Rei Azevinho (Trevas) perde o trono para o irmão, o Rei Carvalho (Luz), e se retira para Caer Arianrhod para curar suas feridas, até a próxima batalha com seu gêmeo.
Apesar de inimigos mortais, os gêmeos são dois lados da mesma moeda: um não existiria sem o outro.  Em algumas tradições Wicca, os irmãos são vistos como um aspecto dual do Deus-Chifrudo. No festival de Beltane (festival celta que marcava o início da primavera, celebrando a fertilidade), pico do reinado de Carvalho, ele se acasala sacrificialmente com a Grande Mãe, morre nos braços dela e é ressuscitado (Azevinho se acasala, morre e ressuscita no Lughnasad ou Lammas, festival da primeira colheita). Tal tema não é incomum em outras mitologias: Osíris, Tammuz, Dioniso, Balder e Jesus são exemplos de deuses que morrem e ressuscitam.
Rei Carvalho
Representa: expansão, crescimento
Deuses: Júpiter (deus romano da luz e do ceu), Janus, Dagda, Frey, Pan (fertilidade)
Cores: vermelho, verde, amarelo, roxo
Plantas: carvalho, visco branco
Pássaro: pisco de peito ruivo
Mitos associados: Robin Hood, Rei Arthur, Gawain (quando ele se encontra com o Cavaleiro Verde), Jesus, Balder, Homem Verde
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Obs.: Este é um texto da minha bloguete e colaboradora Aurora; o primeiro de muitos diga-se de passagem. Haverá uma categoria só para o texto de bloguetes e colaboradores. Se você é um fã de mitologia, contos e lendas, ou uma bloguete ou apenas um fã do blog, mande o seu texto também. Talvez ele seja publicado.batalha.rei.carvalho.e.rei.azevinho.Oak_King_-_Holly_Kingazevinho.the_holly_kingcarvalho.e.azevinho.oak_king_holly_king_poster-p228086433341754217t5wm_400carvalho.e.azevinho.oak-and-holly-kingcelta yule_one_holly_king_oak_king_002_card-p137222432781019991b2icl_400holly.vs.oak.rei.azevinho.contra.rei.carvalho.koningeik_hulst1Rei Carvalho.Oak_king_by_Ironshodrei.azevinho.1262964174_by02rei azevinho .holly.king.rei azevinho.holly.kingrei azevinho .holly.king1rei.azevinho.HollyKingrei azevinhorei azevinho .The_Holly_King_by_ArwensGracerei carvalho .OAK KING (1)-800x800Rei Carvalho .The_Oak_King_by_ArwensGracerei carvalho vs rei azevinho .the_oak_king_and_the_holly_king

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