VIDE 13ª PARTE
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06/07/07
Horas se passaram após estes eventos e durante elas, Zeus e Hera matavam a concupiscência. Hera planejava manter Zeus ocupado para que o marido não fosse se engraçar com as três deusas da beleza no palácio de Afrodite. Estava disposta a fazer uma maratona de sexo com o marido como fizera algumas vezes durante os milênios de casamento. Vez ou outra ficavam anos, ou mesmo séculos, sobre a cama (às vezes, a eternidade era uma benção) sem que ninguém tivesse autorização para atrapalhá-los. Em caso de turbação a pena seria a morte ou uma viagem imediata só de ida para o Tártaro.
![hera Zeus-e-Hera]()
Zeus adorava se unir com Hera. Como ele dizia, o “gracejo” da esposa era bem apertadinho e açucarado, o mais que já tivera oportunidade de penetrar. Os fartos e empinados seios tinham mil e uma utilidades; aguentavam qualquer tranco. Hera sabia fazer todo o kama sutra – Zeus e Hera tiveram aulas com o deus do amor hindu, Kama, e com a deusa hindu da luxúria, Tira, esposa do primeiro. Foi uma espécie de terapia de casal dos soberanos do Olimpo. Hera apenas não permitiu que houvesse uma super orgia a quatro ou um swing e nem que houvesse contato físico entre os casais, o que de certa forma desagradou, evidentemente, Zeus.
A soberana do Olimpo era uma esposa que seria considerada ideal por todos os homens comuns, pois não envelhecia, mandava bem na cama, não colocava os filhos à frente da atividade sexual com o marido, era gostosa, bonita e nunca deixou de cuidar do corpo. Entretanto, Zeus a traia do mesmo modo, talvez por se julgar acima do bem o do mal, talvez porque o tédio, decorrente da falta de desafios e da sobra de tempo, o afetava de maneira decisiva (às vezes, a eternidade era uma maldição).
Naquela ocasião específica, Zeus estava diante de uma situação singular e sem precedentes na história do Olimpo. Ali estavam Freya e Flidais, duas deusas da beleza, do amor e da sensualidade, mais belas que Hera, muito mais femininas e mais sensuais também. Era uma oportunidade única! Unir-se à amante de Odin e a uma deusa celta exótica e extraordinariamente atraente?! Sim, seriam as maiores conquistas de sua invejável lista de amantes belas e saradas. As conquistas embalavam os desejos de Zeus. Ele vivia para conquistar! Precisava sair daquela calmaria irritante que a eternidade teimava lhe empurrar goela abaixo. E ainda assim, que mal havia em dar uma fodinhas com elas? Afinal de contas amor e sexo não se misturavam. Eram institutos diferentes, díspares, diversos. Buscava apenas sexo, não amor. Não pretendia compromisso, o que, segundo o pensamento do soberano, afastava a hipótese de traição. Traição havia apenas quando se assumia dois compromissos contrapostos e inconciliáveis e ainda assim às escondidas.
Após cada gozo em Hera, a imagem das deusas e das valquirias teimavam em ressurgir forte na mente de Zeus. Zeus pensava em como sair dali, em como saciar a insaciável Hera para poder partir para os novos desafios. Hera se esforçava bastante para manter o marido centrado nela, percebia que ele estava mais rápido e menos carinhoso que o normal – ele nem havia chupado a “perseguida”! Percebeu também que estava mais calado – Zeus temia falar o nome das deusas convidadas por engano, por isso estava silencioso. O deus limitava-se a olhar para os olhos, para as belas curvas do corpo da esposa e para o ato sexual quando a posição favorecia. A soberana, constatando o comportamento atípico, já pensava seriamente em prendê-lo na cama como fizera na época em que liderou uma conspiração contra o marido. Desta vez não teria que temer reprimendas (como apenamento, naquela oportunidade, Hera ficou pendurada pelos pulsos puxada por uma bigorna enorme presa aos pés por séculos), pois estava no legítimo interesse de preservar o casamento e a fidelidade conjugal. Era questão de honra garantir que Zeus não fosse para a casa da puta, ainda mais depois do que havia acontecido. Sabia que Afrodite faria de tudo para levar o esposo desmiolado para a perversão e promiscuidade apenas para afrontá-la. Não se tratava de garantir o amor ou a companhia de Zeus, mas sim de defender com unhas e dentes aquilo em que acreditava: a fidelidade dentro do casamento.
No entanto, Hera não sabia que algo que já havia sido feito anos antes. Afrodite deu a Zeus uma poção mágica feita por Hecate que colocaria Hera para dormir durante vários dias. Tal poção só poderia ser usada uma única vez em ocasião especial. E, para Zeus, aquela era “a” ocasião especial. Após, praticar a posição do “Pinheiro”, também conhecida como “garanhão profundo”, Zeus colocou a droga na taça de vinho de Hera e esta, depois de muito relutar e resmungar – o que para Zeus pareceu uma eternidade – dormiu. Zeus notou que das mãos de Hera caíram correias de couro cru, as mesmas que milênios atrás o havia deixado preso durante o golpe articulado pela esposa. Por sorte, naquela ocasião, a nereida Tétis, prevendo o advento de uma guerra civil no Olimpo, chamou o hecatônquiro Briareu, o único que podia desamarrar as centenas de nós dadas nas correias que seguravam Zeus, para libertá-lo.
![Hecatonquiro BRIArEU]()
Zeus sorriu irônico, havia sido mais rápido. Colocou seu traje – um pano branco – e foi apressado para o templo de Afrodite. Não podia perder tempo, afinal de contas teria apenas alguns dias para ficar com aquelas beldades; depois se entenderia com Hera.
Enquanto isso, Afrodite e Freya conversavam, sob o olhar atento do corvo que as observava desde o encontro com Hera. O bichano estava empoleirado em uma das janelas do templo, a mais alta, escondida e pequena:
- Vê, no centro do salão, à frente da piscina termal, a principal, ali ó – indicou com o gracioso dedo indicador – ornada de ouro e pedras preciosas? É o Pomo da discórdia, dada à deusa mais bela, euzinha – Riu. – É uma pena que isso tenha originado a guerra de Troia, mas valeu a pena. Agora ele é meu! – disse orgulhosa Afrodite para Freya.
Ambas estavam nuas na piscina principal, rodeadas de criadas de Afrodite, que lhes massageavam os seios perfeitos, as costas e os pés delicados. Ambas estavam molhadinhas, inclusive os longos cabelos sem qualquer fio quebrado ou ponta dupla, pois se tivessem qualquer micro falha na cabeleira divina seriam horrorosas… Enfim, estavam mais sensuais do que o normal. Afrodite nem precisava de cinturão da beleza e Freya não precisava do colar Brisingamen para estarem estonteantes. O perfume natural que elas exalavam jungido às essências colocadas na água era algo sem igual. A fragrância criada pela união de cheiros penetrava pelos poros de quem estava presente no recinto. Funcionavam como estimulantes afrodisíacos.
As valquirias e Flidais estavam recebendo o mesmo tratamento das serviçais de Afrodite, porém Flidais, que vinha de um panteão não muito esplendoroso, ainda custava a acostumar-se com aquela exposição de “intimidades”. Havia dezenas de mulheres, ninfas, valquirias e deusas lindas e todas nuas no salão, algumas se pegando ardentemente em tórrida paixão. Tal visão do paraíso, no entanto, não seria compartilhada – pelo menos naquela noite – com nenhum olhar masculino. Apenas Zeus tinha permissão de Afrodite para entrar ali naquela primeira noite de estada das deusas da beleza estrangeiras. Ares, Apolo, Deimos, Fobos, Príapo, Dionísio e todos os demais deuses babões teriam que esperar a noite seguinte para participar de um grande bacanal. E o motivo de tal privilégio não era a liderança de Zeus junto ao Olimpo – Afrodite não ligava para isso. O motivo era pouco nobre, aliás era porco, imundo, sujo.
Como já sabido por todos nós, no Olimpo havia uma lei – a de que nenhum deus poderia entrar na morada de outrem sem permissão – regra tal que nem Zeus podia descumprir, sob pena de mais tumulto e dor de cabeça para o soberano. A real justificativa para tal concessão foi a vingança planejada por Afrodite e Freya contra Hera. Puniriam a barraqueira cruelmente, de maneira impiedosa, de uma forma que jamais aquela histérica foi punida. Afrodite já havia combinado com Freya o que fazer. Não era típico da nórdica entrar naquelas querelas familiares, mas como foi agredida, ofendida e humilhada gratuitamente por Hera, evidentemente, devia tomar alguma atitude – até porque precisava mostrar para as Valquirias que o panteão nórdico não levava desaforo para a casa. Em outras palavras a questão transcendia a mera rivalidade feminina para alcançar patamares políticos e patrióticos.
![freya desenho]()
Normalmente, Freya preferia a via diplomática e formal, todavia esta apenas traria desconforto para as relações entre Olimpo e Asgard e não teria nenhum resultado, pois aquele episódio era teratológico demais, no mínimo inacreditável e sem precedentes na história dos deuses.
Além disso, Zeus não conseguia controlar Hera, pois ela não temia punições, sendo praticamente indiferentes a elas. Por tudo isso, seguiu os planos de Afrodite que já conhecia todos os defeitos e virtudes da rival. A grega sabia os pontos fracos e fortes da agressora.
- É um artefato muito belo e significativo. – Freya respondeu se referindo ao Pomo da discórdia – Ficaria bem na minha coleção de ornamentos e pedras preciosas. – Freya estava fascinada com o brilho daquele objeto e com o interior do templo de Afrodite. Tudo bem que a casa da grega não era nada grande se comparado ao palácio Sessrumrir, mas era bem organizada, limpa, arejada, quente e aconchegante. O palácio que Freya governava era gigante, tão grande quanto Valhalla e quanto o templo de Zeus, e, ainda assim, estava sendo ampliado e decorado. Eram necessárias mais algumas dezenas de salas para guardar de forma adequada as quinquilharias de Freya. Era uma deusa extremamente materialista e que sempre queria algum bem material como contraprestação a qualquer favor que fizesse, especialmente se o favorecido fosse um ser masculino. Possuía uma coleção de bolsas com mais de três mil peças; tinha aproximadamente mais de quinze mil pares de calçados de todos os tipos, de todas as eras e de todos os mundos; guardava milhares de coleções de inverno nas centenas de armários de madeira nobre que recheavam o interior de seu palácio, entre outros.
Sessrumrir também contava com muitos habitantes. Eram heróis e mulheres mortos no campo de batalha. Existiam muitos criados – muitos criados mesmo! A maioria das questões julgadas por Forseti, o juiz de Asgard, derivavam das relações trabalhistas ocorridas naquele templo. O interior do palácio de Freya possuía inúmeras alas. Nelas havia equipamentos de guerra, escolas militares, academia, campos de provas etc. Freya também era a deusa da guerra de Asgard e metade do exército humano dos asgardianos estava ali. A outra metade ficava em Valhalla com Odin. Também existiam incontáveis piscinas, fontes termais, estatuas, quadros e etc. Tudo muito organizado, embora não chegasse ao nível de organização irritante, que beirava à neurose, de Hera.
Os olhos de Freya ainda cintilavam em razão do brilho dourado do pomo da discórdia quando repentinamente dois pomos mais belos – sob a ótica masculina – porém menos brilhantes se prostraram na frente da deusa: uma das servas de Afrodite ficou, com os seios desnudos, entre Freya e o pomo da discórdia. A serva começou a passar, com toda a delicadeza e sensualidade que se pode imaginar, uma esponja de banho na deusa nórdica. A interrupção fez Freya se recordar de uma pergunta que havia feito a pouco para a deusa.
- O que há entre Zeus e os irmãos? – perguntou enquanto via a serva de Afrodite submergir para ter acesso às suas partes íntimas.
Afrodite fez beicinho, carinha de chateada, mexeu nos cabelos e disse:
- Zeus e Hades brigaram. – Triste, arregalou os olhos, fazendo carinha de dó.
- Jura?! – disse surpresa Freya – Então os boatos são verdadeiros. A Grécia mística está dividida, uiii! – Deu um pulinho como se tivesse recebido uma estocada – Ei, cuidado aí embaixo. – Se dirigiu à serva de Afrodite.
- Sim. – disse desanimada Afrodite – Esses homens… Faça amor, não faça guerra, é o que sempre digo. Isso é tão difícil de entender?
- E qual foi o motivo da desavença?
- Hades ficou com ciúme de Perséfone. Ele acha que a esposa ainda ama meu belo Adônis – suspirou ao lembrar-se de Adônis de Perséfone, a criatura masculina mais bela que passou e que passará pelo universo -, mas isso foi coisa de Éris.
Freya não estava entendendo direito. Fazia carinha de desentendida. Queria mais detalhes.
- E por que Zeus e Hades brigaram? – insistiu. Queria que Afrodite fosse mais clara.
- Hades deu um tapa na cara de Perséfone. Teve um acesso de raiva. Zeus tomou as dores e até hoje estão sem se falar. Chato, né? – Fez carinha de contrariada, enquanto tocava os seios de uma das servas.
- E Poseidon? – Perguntou de forma direta e imediata Freya.
- Você me faz essas perguntas como deusa do amor ou como deusa da guerra? – perguntou seca Afrodite. Com efeito, Afrodite, ainda que não morresse de amores pela política dos deuses, estava a par da rivalidade entre Olimpo e Asgard, mesmo que estivesse em vigor um pacto de cooperação e não agressão entre as duas nações divinas.
Freya apenas sorriu e mudou de assunto.
- E seu marido? Hefesto? Ele vem para cá?
![hefesto]()
- kkkkkkk. Hefestos?! Tadinho. Há séculos não o vejo. Não suporto aquelas forjas em que mora. É tudo tão sujo e imundo. Cheiro de óleo e aço queimado para todos os lados. Calor. Credo! – Afrodite fez cara de nojo. Não gostava do marido, principalmente depois que ele a pegou no flagra com Ares, o eterno amante da deusa grega da beleza, prendendo-os em uma rede de fios indestrutíveis e os expondo ao ridículo ao jogá-los no meio de um salão onde estava acontecendo uma grande comemoração do panteão grego há milênios atrás. Hefesto não sabia foder, era feio e nerd. Ares era exatamente o oposto: fodedor nato, bonito e gostoso.
Além disso, Afrodite odiava casamento, pior ainda os arranjados como o dela. Isso a fazia lembrar de Hera e Friga e o amor àquela instituição falida e hipócrita chamada matrimônio.
– Ele está lá fazendo mulheres. – continuou Afrodite a falar com desdém do marido – Depois que fez Pandora cumprindo um desígnio de Zeus, fez centenas de companheiras para ele. Estava cansado de ficar na punheta e com o pau todo esfolado. Entretanto se deu mal, pois uma mulher já enche o saco, imagine várias juntas kkkkkk
- kkkkkkk – Freya acompanhou a explosão cômica da amiga helênica.
- Além disso, – continuou Afrodite – ele nunca mais teve ajuda de Atena. Ela foi quem modelou a personalidade de Pandora, por isso a garota ficou tão perfeita, embora curiosa ao extremo por ordem expressa de Zeus. Depois de Pandora, todas as mulheres feitas por Hefesto, apesar de lindas por fora, padeciam de algum grave vício de caráter. Algumas eram psicopatas, outras preguiçosas, outras avessas ao sexo, outras interesseiras… Sabe, meu marido tem tanta sensibilidade com as mulheres – arrematou de forma irônica e perversa.
Freya não riu como habitualmente fazia quando ouvia os comentários ou ilações de Afrodite. Não gostava daquela palavra: interesseira. Era muito forte. Que mulher era interesseira? Não conhecia nenhuma. Odiava a fama de interesseira que tinha. Afrodite percebeu o incomodo. Aliás, já esperava por ele. Apesar de ambas serem deusas do amor e da beleza, Afrodite se distinguia de Freya por ser extremamente voltada aos prazeres carnais e à ideia de amor livre, sem amarras ou formalidades; dava pouca atenção para bens materiais ou presentes; não planejava o futuro. Preferia uma boa noite de sexo – em quaisquer de suas modalidades – a qualquer outra coisa. Como dizia, gostava de ser fodida. Afrodite era, de certa forma, ninfomaníaca, mas também dava muita importância às relações intersubjetivas e ao amor verdadeiro. Era um perfeito balanço entre amor e sexo, o que a distinguia de todos os outros seres femininos.
Diante do desconforto de Freya, a helênica perguntou sobre Loki, tendo em vista que milênios atrás Freya e Loki tiveram um caso, porém, antes da resposta da deusa nórdica, a Vênus grega sorriu maliciosamente e avisou a companheira:
- Ele chegou.
Zeus entrou empolgado na área, excitado, com o peitoral à mostra, óculos de sol na testa, trocando vários olhares e sorrisos, com a atitude típica de um garanhão esfomeado. A vontade do Deus era passar a rapa em todas, todavia, sabido que era, deveria privilegiar uma: Freya. O resto pegaria depois.
![zeus jovem]()
Chegou a tal conclusão, porque Afrodite, Freya e Flidais eram as únicas deusas do local e, portanto, teriam preferência. Não eram quaisquer divindades, mas sim as entidades que representavam a beleza e o sexo. Logo, antes de se atirar aos braços das valquirias, o deus buscaria a conjunção carnal com uma deusa – todas as mais de cinquenta servas de Afrodite já haviam sido possuídas por ele e estariam ali no palacete de Afrodite por muito tempo, logo, com relação a elas, não havia pressa. Assim Zeus queria e precisava de uma deusa!
Afrodite e Zeus, apesar da fama fortemente ligada ao sexo que tinham e da forma de pensar com relação ao ato sexual, jamais se uniram e nem pretendiam se unir, não havendo qualquer explicação aceitável para isso. Sobrariam Flidais e Freya. Ambas eram graciosas, todavia Freya era maliciosa, atributo que Flidais parecia não ter e que mexia com Zeus. Além disso, o olimpiano sabia que Freya era amante de Odin, aquele deus sem graça, gordo e feio. Queria passar a perna naquele que vendeu o apoio asgardiano a tão alto preço: destruir os gigantes de gelo. Talvez, depois daquela noite, até trocasse de esposa, afinal de contas Hera já estava enchendo o saco há muito tempo… aliás desde que se casaram.
O deus pulou na piscina e nadando se aproximou de Freya. Emergiu, foi de um lado ao outro para demonstrar o corpo atlético. Mirou o alvo. Afrodite determinou que todas as demais saíssem do ambiente, o que foi feito incontinenti. Ela foi a última a deixar o casal sozinho, rindo maliciosa. E no salão só ficou Zeus, Freya e o corvo, que estava extremamente excitado desde que as deusas, valquirias, ninfas e mulheres ficaram nuas, algumas horas atrás.
Zeus mergulhou mais uma vez e ao emergir novamente, agora lentamente para apreciar as milhares de curvas harmoniosas da escandinava, ficou face a face com Freya. Sorriu. Pegou a mão direita de Freya e a beijou. Freya sorriu maliciosa. Zeus, então, aproximou a face para beijá-la, mas Freya virou o rosto. Zeus então roçou o rosto barbudo no longo do pescoço de Freya e começou a envolvê-la, dizendo ora palavras melífluas ora pornografias ao pé do ouvido da donzela, sempre finalizando as orações e sentença com a frase: eu quero você. Entretanto Freya saiu da piscina e diz:
- Não. Ainda não. Você está muito apressadinho. – Disse pedagógica. Desfilava de um lado para o outro, jogando charme e se fazendo de difícil. A água escorrendo pelo corpo da diva a deixava mais fascinante ainda.
Zeus saiu da piscina e disse já a envolvendo com os grandes e musculosos braços:
- Vem cá, amor, não temos tempo para isso. Preciso de você. – Zeus estava muito excitado. Freya realmente era muito sexy. Aquela água escorrendo pelo corpo da deusa, deixava Zeus louco. Não conseguia esconder o desejo, aliás nem tentava. – Quero te comer inteirinha, sua boqueteira safada. – Disse Zeus sorrindo malicioso e envolvendo a deusa por completo. – Vou te mostrar como é uma transa de verdade. Você vai esquecer aquele gordo, velho e brocha do Odin.
O corvo ouvia e registrava todo o diálogo.
Freya gargalhou e se desvencilhou mais uma vez daquele que a cortejava de forma tão “sutil”.
- Você quer minha boceta? Então eu também quero algo em troca. – disse a deusa com um largo sorriso estampado no rosto. Estava se esfregando em uma das colunas do templo, atiçando ainda mais Zeus. Colocou o dedo mediano dentro da vagina e depois o levou à boca. Chupou-o.
- O que você quer? – disse convicto Zeus, diminuindo a importância do pedido, como se pudesse dar tudo o que ela poderia vir a pedir. – Eu posso te dar tudo o que quiser. É só falar. Sou o soberano do Olimpo. Acabei com os titãs, com os gigantes de gregos e com os de gelo, tranquei Érebo no Tártaro e venci Tifão. – Parou para estufar o peito. – Controlo o Olimpo, o panteão mais poderoso de todos. Nada está fora do meu alcance. – continuou orgulhoso o modesto deus com o peito ainda estufado. Zeus até se virou um pouco para que a iluminação do ambiente favorecesse a visualização do peitoral molhado. Aproximou-se da deusa com a barraca armada.
- Eu quero as plumas de Puff, o pavão de Hera – Freya sorriu e deixou o recinto.
A excitação de Zeus passou. E agora?! Os rincões de Freya ou a fúria de Hera? Pensou, pensou, pensou, pensou e passado um segundo desde o inicio dos pensamentos decidiu: Puff, meus pêsames, não tenho outra escolha. E a excitação logo voltou à tona.
E assim foi feito. A vingança de Freya e Afrodite estava consumada. Puff, o animal de estimação de Hera, o ser que ela mais prezava naquele lugar. Zeus retirou, quer dizer, arrancou com as mãos todas as plumas de Puff para então poder se unir a Freya. Foi pena para todo o lado e os gritos agonizantes do bichano ressoaram por várias horas no Olimpo. O bichano ficou ensanguentado, praticamente pelado e apavorado. Zeus e Freya transaram por três dias seguidos e só pararam porque Hera estava dando sinais de que logo despertaria. Neste interregno ocorreram outras “comemorações”. Afrodite, as servas de Afrodite, as valquirias e Flidais se divertiram com os seres masculinos do lugar. Flidais era uma máquina de sexo. Ninguém deu conta dela, nem Zeus ou Ares. Afrodite ficou surpresa com a energia sexual da convidada.
12/07/07
- AAAAHHHHHHH!!!!!!!! – Todo o Monte Olimpo ouviu o grito de desespero de Hera quando viu o estimado pet sem as plumas campeãs, ensanguentado, abatido e tremendo de medo.
- Eu mato, eu mato que fez isso!!! – Esta foi a frase mais repetida naquele dia. O grupo de extermínio das amantes de Zeus foi chamado por Hera para investigar o ocorrido.
Os dias seguintes foram tensos. Hera estava louca da vida para saber quem foi o responsável por aquilo. Criou-se um clima de suspense em todo o Olimpo. Embora Hera soubesse que o marido estava metido de alguma forma naquela história não possuía provas e ninguém abria a boca. Ninguém sabia de nada. Era a lei do silêncio. Mesmo que soubessem, não falariam. Argos VIII havia sumido: ou fora morto ou fugira – o desgraçado sabia que seria morto por Hera, o escravo tinha cem olhos e sempre um deles estava aberto, tinha a obrigação de ver tudo o que acontecia ao seu redor; vivia para auxiliar Hera. Não havia câmaras ou quaisquer equipamentos de segurança no templo do casal soberano do Olimpo, pois Zeus os proibiu e porque Hera não se dava tão bem com a única divindade que poderia dar-lhe algum suporte tecnológico para vigiar as atividades do marido. A tal divindade que poderia ser a solução dos problemas de Hera chamava-se Hefesto, aquele que ela atirou do cume do Monte Olimpo, pois a criança divina que seria conhecida no futuro como Hefesto nascera deformada – um filho legítimo de Hera nunca deveria nascer deformado.
Zeus, neste período de crise, era sempre evasivo e evitava a esposa. O deus fazia pressão sobre o grupo de buscas da esposa enlouquecida. Ameaças veladas eram frequentes. Zeus os encarava. O grupo de Hera vivia o mesmo dilema enfrentado por Tirésias, o único homem que havia sido mulher e por um período de sete anos. No passado, quando indagado por Zeus e Hera sobre se é o homem ou a mulher quem tem mais prazer na relação sexual, Tirésias, sem alternativa, pois sabia que um daqueles dois ficaria furioso com a resposta, declarou: “se dividirmos o prazer em dez partes, a mulher fica com nove e o homem com uma.” Hera, furiosa, pois acreditava que os homens sentiam mais prazer do que as mulheres, o cegou. Zeus, compadecido e em recompensa por Tirésias ter dado a ele a vitória, deu-lhe o dom da mántis, a previsão.
Se Zeus e Hera eram capazes de cegar ou fulminar – é o que Zeus provavelmente faria com Tirésias se a resposta favorecesse Hera – um pobre mortal por causa de uma filigrana írrita, imagine o que não aconteceriam com o grupo tático de Hera que investigava questão tão delicada. Zeus já havia matado muitos deles ao longo da história seja por irritação, seja para salvar as amantes e as respectivas proles.
Quando Hera lhe perguntava sobre a droga que a pôs à nocaute ele respondia:
- Que droga?! – respondia espantado, fazendo-se de desentendido. – A única droga que te dei está no meio das minhas pernas. – Gargalhava – Quer mais um pouquinho? – dizia debochado e saía de fininho.
Hera não deixaria aquilo sem punição. Descobriria onde estavam as plumas do bichano, quem fizera tal atrocidade e o porquê disso. Puniria com rigor e de forma implacável o ofensor, mesmo que fosse Zeus. No seu íntimo, a soberana do Olimpo queria que Afrodite estivesse envolvida. Acabaria com a desgraçada de uma vez por todas e teria um motivo legítimo para isso.
Alguns dias depois, apesar do clima pesado de medo e desconfiança em todo o Olimpo, uma multidão de pessoas se aglomerou para ver Freya, Flidais e as valquirias partirem na nau voadora Skidbladnir. Noventa e sete por cento dos presentes era do sexo masculino, todos muito tristes e… cansados. Foram dias incríveis no palácio de Afrodite. Ela tinha ganhado muita moral com todos. Queriam que fosse a próxima soberana do Olimpo – mas obviamente ninguém falava isso em público. Até Hefesto estava lá, com os olhos marejados, mas ostentando um sorrisão aberto. A esposa permitiu que o marido entrasse no palácio – ela queria se divertir com o patético coito de Hefesto. Dionísio abraçado a Ares estava lacrimejava. Os homens, centauros, ciclopes e deuses casados eram os mais contidos. Alguns estavam escondidos sobre grossos mantos escuros para não serem identificados pelas respectivas esposas ciumentas que rodeavam o evento a procura dos respectivos maridos armadas com toda a sorte de armas. Todos os expectadores fizeram um corredor entre o palácio de Afrodite e a nave de Freya. À medida que as Valquírias e deusas passavam, os habitantes do Olimpo choravam, gritavam, urravam e faziam inúmeras artimanhas para serem vistos mais uma vez por aquela dúzia de inigualáveis deidades. Queriam ser lembrados… Era de partir o coração ver aquela multidão de homens desesperados, vendo a felicidade indo embora. Coitados! Talvez a cena mais triste desta singela e despretensiosa história: o choro coletivo de guerreiros, deuses, centauros, homens etc. Naquele momento eram todos iguais, todos estavam unidos pela dor inconsolável da perda.
Do cume do palácio, Zeus e Hera estavam olhando em uma das inúmeras varandas do palácio a partida das deusas. Zeus estava ansioso para que elas fossem embora logo, pois assim teria sossego – Hera estava o capeta naqueles dias -, mas, por outro lado, o deus do trovão estava triste porque Freya, as valquírias e principalmente Flidais mandavam muito bem na cama. Eram tão boas quanto Hera. Precisava vê-las de novo! Quanto mais opção melhor.
Hera estava ansiosa também, queria que aquelas vadias fossem embora o mais rápido possível. O cheiro de putaria vindo do palácio de Afrodite estava insuportável. Teria uma séria conversa com Friga e Odin e daria um jeito de se livrar de Afrodite. O que ela pensava estar fazendo? Ali estava uma morada divina, uma casa de respeito. Hera administrava o Olimpo. Metade do Olimpo era dela e isso estava no pacto antenupcial – comunhão de bens. Os demais deuses deviam respeito a ela. E Zeus era um fraco, indeciso, quando se tratava de Afrodite. Por que não era firme com a piranha da mesma forma que com a esposa? Aquela garota estava sem rumo, não planejava nada, não ligava para a parte política, nunca sabia de nada, não fazia nada de interessante a não ser sexo. Que graça ela tinha?
Todavia, neste interregno, algo chocante aconteceu. Algo que teria sérias repercussões em um futuro não muito distante. Freya, a última a sair do palácio de Afrodite, vestia um traje enfeitado pelas plumas de… Puff. A nórdica fez questão de dar um tchauzinho para Hera – seguindo orientação dada por Afrodite. Zeus arregalou os olhos, engoliu em seco, mas ficou firme, como se nada de estranho tivesse ocorrido. Esperava um ataque de fúria de Hera, mas… não, desta vez ela ficou em silêncio. De soslaio, Zeus viu apenas uma lágrima correndo do rosto da esposa paralisada. Logo ela estava chorando copiosamente. Retirou-se inconsolável para um dos aposentos do palácio. Aquilo nunca havia acontecido! Zeus ficou surpreso e sem reação. Pensou em correr atrás da esposa, consolá-la, mas… não, naquele momento não.
Afrodite percebeu, mesmo à distância, a reação negativa e surpreendente de Hera. Aquilo era incrível! Hera havia sido derrotada em todos os sentidos. A autoestima dela estava lá embaixo. Mostrou fragilidade! Afrodite gargalhou perversa. Estava esperando uma nova batalha contra a megera, mas aquilo era muito melhor. Da próxima vez traria Ishtar também.
![ishitar deusa babilônica]()
Freya, por outro lado, depois da breve euforia se sentiu mal. Arrependeu-se. Tudo bem que Hera havia tentado matá-la, mas aquilo foi demais.
Flidais não falou nada. Não havia o que falar. Que gente esquisita, isso era a alta classe dos deuses? A deusa celta queria ir embora, voltar para a sua gente, mais simples e previsível.
E as visitantes partiram, deixando muitas mágoas em algumas esposas, saudade na eufórica plateia masculina e ideias para Ísis e para o corvo que ainda estavam por aquelas bandas, observando a degradação da Grécia mística.
O choro de Hera repercutiu célere por todo o Olimpo. A maioria dos habitantes daquela montanha mágica comemorava a tristeza da divindade. Outros estavam preocupados, não com Hera, mas com o que podia acontecer dali para frente. A corda sempre arrebenta no lado mais fraco.
No dia seguinte, Maia, mãe de Hermes e única amiga de verdade de Hera, foi visitá-la. Maia entrou no quarto de Hera. A esposa de Zeus estava deitada, de bruços, com um longo vestido de seda rosa semi transparente que realçava os belos seios da deidade. Maia sentou-se na cama, tocou a deusa derrotada e disse:
- Querida, tudo bem? Podemos conversar? – Disse maternalmente a mãe de Hermes.
Hera, languida, levantou-se. O rosto abatido, a pele amassada, os olhos vermelhos de tanto chorar. Passou a noite sozinha. Zeus não foi visitá-la, não foi pedir desculpas, nada. Absolutamente nada. Maia tentou levantar a face de Hera, para olhar diretamente para a deusa, mas Hera recusou-se. A princípio, Maia achou que Hera, vaidosa, não queria que alguém a visse feia e acabada, mas logo percebeu que não era isso. Sentia algo estranho no ar. Uma energia negativa que lembrava muito a de Nêmesis ou a de Éris.
- Hera, fale comigo, olhe para mim. – insistiu Maia. – Está tudo bem?
Hera, então, mirou Maia e com o mais puro ódio exclamou:
- Ele vai me pagar!
![Hera má]()
CONTINUA…