Na mitologia grega, Ganímedes ou Ganimedes (grego: Γανυμήδης, Ganymēdēs) era um príncipe de Troia, por quem Zeus se apaixonou. Nas imediações de Troia, o jovem cuidava dos rebanhos do pai, quando foi avistado por Zeus. Atordoado com a beleza do mortal, Zeus transformou-se em uma águia e raptou-o, possuindo-o em pleno vôo. Ganimedes foi levado ao Olimpo e, apesar do ódio de Hera, substituiu a deusa Hebe e passou a servir o néctar aos deuses, bebida que oferece a imortalidade, derramando, depois, os restos sobre a terra, servindo aos homens. Em homenagem ao belíssimo jovem, Zeus colocou-o na constelação de Aquário. Sobre a etimologia da palavra Ganimedes, Robert Graves propõe, em Os Mitos Gregos, que a palavra seja formada de duas palavras gregas: γανύησθαι (ganýesthai) que significa regozijar-se, estar repleto de alegria, mais μῆδηα (médea) que quer dizer as partes pudendas do homem ou as suas nudezas, dando uma possível tradução como aquele que se regozija na virilidade.
Apolo e Jacinto
Apolo tinha muito apego pelo jovem Jacinto, acompanhava-o em todas as suas atividades físicas, negligenciando suas flechas e liras pela causa de Jacinto. Certa vez Apolo e Jacinto foram lançar discos, Apolo lançou primeiro com muita força e precisão, tipicamente de um deus. O disco arremessado por Apolo percorreu uma distância enorme e Jacinto, entusiasmado para lançar também, correu atrás do disco para pegá-lo.
Porém, Zéfiro (o Vento Oeste), que sentia inveja, pois Jacinto preferia Apolo a ele, soprou o disco na direção do jovem, que atingiu fortemente a sua testa. Apolo tentou ajudar o rapaz, porém foi em vão. Enquanto Apolo ajudava Jacinto e falava bonitas palavras ao rapaz, uma flor muito bela nasceu do sangue dele, que após sua morte, passou a receber seu nome. (Fonte: Brasil Escola)
Os dois titãs da Grécia iniciaram uma batalha violenta e sem precedentes na história.
Zeus lançava freneticamente raios sobre o irmão sombrio e este ou deles desvia ou os repelia manejando a poderosa espada. Hades buscava a aproximação de forma a anular essa vantagem de Zeus de atacar à distância e para tanto se valia da ajuda da Hadeia, que o tornava invisível e visível sucessivamente, como se fosse um pisca-pisca de Natal. Ambos se moviam muito rápido pelo céu negro e chuvoso. Era quase impossível acompanhar os movimentos. Apenas vultos se viam e choques colossais de energias explodindo aleatoriamente.
- Você roubou tudo de mim, maldito! Perséfone é minha! Eu a quero de volta! DEVOLVA-A! – Clamou a testosterona sombria.
- Insolente! Perséfone jamais voltará para o Hades! Ela é minha filha e agora está casada com Ares!
Trovões ribombam por toda a parte. As auras negra e branca de um e de outro se digladiavam em uma dança apocalíptica. Brummm!
- Zeus, você não está vendo, não é mesmo? – Berrou irônico Hades. – O Olimpo está em ruínas! A decadência te cerca. Seu império entrou em colapso. Todos te odeiam!
- Não diga asneiras! – Bradou Zeus e criou um grande chicote eletromagnético, aquele mesmo que Hera havia usado contra Ísis em 25.09.10, data marcada para o expurgo de Ísis do Olimpo. – Depois que eu acabar com seu reles levante, vou destruir todos os outros que ousaram se levantar contra mim. Um a um! Apolo, Cronos, Trevas, Fúria, Odin, Poseidon… – Os olhos de Zeus estavam injetados por fúria. Não admitia ser questionado, não admitia ser desafiado.
A baixo de ambos, no solo, o pau comia solto entre os exércitos e deuses. Hércules titânico derrubava milhares de soldados ctônicos em uma verdadeira avalanche de destruição. Cada passo formava um mini tremor de terra. Sob seus pés, a terra se dissolvia em crateras profundas. Ossos, espadas e escudos eram esmigalhados pelas passadas titânicas do destruidor da Hidra de Lerna. Foi, então, o herói grego em direção a Fenrir, a besta fera que surgira após um poderoso salto de dentro do buraco do inferno causando caos e destruição sobre os militares de Zeus. Tal visão assustou Freya em meio à batalha contra as Fúrias. “O que Fenrir fazia ali?!” O lobo gigantesco, mesmo castigado pela luta contra os hecatônquiros, comia hordas e mais hordas de soldados do Olimpo. De sua boca caia membros e mais membros de pessoas e animais mutilados. A fera parecia mais forte, mais determinada, mais insana, mais selvagem… A besta estava irritada e ficava mais a cada estocada dos soldados de Zeus ou dos rasgos que as águias gigantes faziam em sua pele. Era como se a dor fosse o combustível da violência. Eram grandezas proporcionais. A luta entre Hércules e Fenrir foi tensa, tal como fora o derradeiro trabalho de Hércules e outros episódios da vida agitada e conturbada do herói sofredor. Entretanto, dessa vez, apesar de estar em meio a uma guerra, não tendo assim a preocupação de conter a força hercúlea contra um canídeo (Hades só permitiu o cumprimento do décimo segundo trabalho de Hércules se o cão de três cabeças não fosse machucado e que não houvesse luta entre eles), Hércules teria grande dificuldade para destroçar o animal, pois Fenrir era gigantesco.
Hércules correu em direção ao oponente canino e nesta corrida tresloucada levou indiscriminadamente tudo o que aparecia pela frente, inclusive centenas de soldados e criaturas, independentemente de que lado elas estavam, tais vítimas da implacável passada divina foram destroçadas ou arremessadas pela força sobrenatural do filho de Zeus a centenas de quilômetros de distância. Hércules saltou sobre o cachorro gigante para socá-lo, mas acabou caindo dentro da boca da terrível criatura. Incontinenti, Hércules foi mastigado impiedosamente pelo canídeo. O terror correu pelos corações olimpianos que presenciaram a cena. Hércules sendo dilacerado?! A moral dos atacantes certamente cairia se Hércules fosse tão facilmente derrotado. Entretanto, para sorte de Hércules e para a esperança aliada, além de Fenrir ter perdido alguns dentes em função da luta contra Giges, o herói deus grego trajava o invulnerável couro do Leão de Nemeia, o que impediu que os dentes de Fenrir fizessem cortes e ferimentos profundos na carne do deus herói.
Dentro da ampla boca do bichano e relativamente protegido, após fugir dos caninos pontiagudos da fera, Hércules socou o céu da boca de Fenrir, quebrou alguns dentes do já atordoado animal com seu porrete, partiu um frasco com o veneno da Hidra de Lerna diretamente na garganta do oponente, pegou a língua de Fenrir e voou, incontinenti, para fora. Momentos de terror se passaram para a criatura asgardiana. Fenrir, que se debatia de dor, teve a língua puxada por um colosso firme no propósito de não soltá-la mais. A pressão foi tamanha que finalmente o músculo foi rasgado e arrancado pelo deus grego ao entrar em contato com um dos dentes danificados do filho de Loki. Fenrir fugiu transtornado, derrubando e matando milhares de soldados. Logo tombou pelos ferimentos na boca e pelo veneno corrosivo – aquele mesmo responsável pela morte de Hércules enquanto mortal quando vestiu um tecido impregnado pelo sangue envenenado de Nesso, um centauro rival -, sendo, finalmente, destroçado pelo ataque feroz de águias gigantes e outros seres aliados de Zeus.
Freya e as dez valquírias lutaram bravamente contra as Fúrias e sobre esta luta é importante dizer que foi um total desperdício de beleza. Deidades tão belas quanto a própria Freya não poderiam sofrer com as garras e mandíbulas afiadas de Alecto, Tisífone e Megara. Se um risquinho naquelas faces angelicais já era um pecado, imagine várias escoriações e mutilações? As musas asgardianas sofreram muitas avarias e perdas (fios de cabelo quebrados, por exemplo), algumas morreram (é triste quando uma gostosa morre), mas conseguiram acabar com Megara. Alecto e Tisífone, gravemente feridas e pressionadas pelo grande poder de Freya e das cinco valquirias restantes, recuaram e foram substituídas por milhares de queres.
Alecto e Tisífone fugiram, então, para o palácio de Hades onde havia uma maçã dourada para cada uma das três Fúrias. Estavam acabadas e com muitos ferimentos, praticamente inaptas para a luta. Mal conseguiam voar, temiam não conseguir chegar ao seu destino. Todavia, Alecto estava convicta de que precisava comer as maçãs e voltar a auxiliar Hades, seu amado mestre. Tisífone, por outro lado, não tinha mais qualquer convicção para lutar, vira a irmã Megara ser derrubada e a cada segundo se arrependia amargamente da vida que escolhera para si: escolhera servir a Hades e não dar uma chance para Coto. Hypnos lutava contra Hermes e Thanatos lutava contra Ares. Ambos seguidores de Hades estavam obtendo sucesso. Hypnos e seu poder sonífero tornaram Hermes adormecido e consequentemente lento. A velocidade do deus dos ladrões, sua maior arma, estava comprometida. Thanatos vencia Ares, porque todo mundo vencia Ares.
Atena espancava Despina violentamente, mas logo Hel e Macária vieram em auxílio à deusa da geada. Ravana II, apenas com cinco cabeças grogues, como resultado da luta contra os hecatônquiros, também se juntou à batalha, mas os quatro aliados de Hades não deram conta da deusa da guerra grega. Ravana II, o mais fraco e menos esperto dos oponentes de Atena, foi o que mais sofreu durante a batalha e acabou perdendo as cinco cabeças restantes, uma a uma. Os movimentos de Atena eram precisos, rápidos e letais. Frutos de milênios de árduo treinamento e rigor disciplinar.
Pelo lado de Zeus, deuses menores como Eosforos, Hesperos, Zelo, Bia, Kratos e Pluto haviam sido destruídos por Trevas e Fúria e pelos contingentes ctônicos. Entretanto, Pã, e o respectivo exército de animais, apareceu e seus gritos tresloucados estouraram os tímpanos de muitas criaturas ctônicas ou lhes causaram espanto, fazendo-as fugir. Em função do potente grito do experiente deus, Trevas e Fúria perderam o rumo da batalha por alguns instantes e foram vítimas fáceis das investidas dos poderosos chifres de Pã e do vento forte de Eolo e Zéfiro, deuses eólicos. Trevas e Fúria voaram por quilômetros de distância rodopiando dentro de um grande tufão criado pelos ventos combinados do “presenteado por Zeus” e pelo “assassino de Jacinto”, e demorariam algum tempo para se estabilizarem e anularem os poderes daqueles três inimigos.
Os autômatos de Hefesto causaram grande destruição nos exércitos de Hades, mas, infelizmente, a intensa tempestade que caia no decorrer da batalha, minou a atuação dos robôs. Muitos tombaram por causa de curtos circuitos ou porque ficaram muito pesados por conta da grande quantidade de água que se acumulava em seu interior.
Hércules e Freya, vitoriosos nos primeiros combates, foram ajudar Hermes e Ares. Os exércitos olimpianos e os de Freya, neste momento estavam pressionando as hordas ctônicas, cada vez mais acuadas. Muitos dos soldados ctônicos caíam de volta para o buraco no solo grego e despencavam por todo o céu do Hades está se estatelarem inertes sobre o chão ou sobre uma pilha de corpos sem vida.
Enfim, finalmente o exército olimpiano empurrava o exército de Hades para o buraco de onde saiu. O triunfante exército celeste, impulsionado pelo abate da besta Fenrir, pelo recuo das Fúrias, pela destruição de Ravana II, pela pressão sobre os filhos de Nyx e pelo contratempo dos filhos criados por Hades, aumentava a expectativa de vitória. O ânimo florescia em cada coração daquele contingente maltratado pelo inimigo e pelo clima hostil.
De fato, a pressão que Atena, Freya e Hércules impunham aos inimigos era enorme, o que não passou despercebido pelo atento Zeus.
- Veja Hades! – Exalto-se. – Está vendo?! Você irá perder! Vou te jogar no Tártaro maldito! – Ameaçou Zeus insano. – Sua hora está chegando! Eu sou o seu maior pesadelo! – Gritou o obstinado Zeus, lutando contra o poder sombrio de Hades. Zeus resistia à desesperança que a aura negra de Hades jogava sobre seus oponentes, desestimulando-os a lutar.
- Devolva-me Perséfone, idiota! – Determinou Hades angustiado e fustigado pela chuva de raios que o atingira. O deus das trevas segurava o chicote eletromagnético de Zeus nas mãos, em vigorosa demonstração de força e determinação, alheio às dores da eletrocução. A sombria divindade portava a espada tostada, quase inútil empunhada na outra mão, trajava farrapos esturricados e a Hadeia brilhante na cabeça, única peça a protegê-los dos raios diabólicos de Zeus.
Logo, Hades puxou o chicote de Zeus e ambos passaram a trocar socos e ofensas em pleno ar. Sangravam bastante.
- Hades! Desista! É a sua última chance! – Alertou Zeus entrando no temível estado de fúria em que se tornava praticamente invencível no mano a mano. A luminosidade do deus se ampliou e tomou grande parte do horizonte. As descargas elétricas estouraram mais fortes e causaram insuperável angustia sobre todos aqueles que se digladiavam no campo de batalha. Tais trovões jamais foram ouvidos em tal magnitude. Os relâmpagos que caíam sobre o solo faziam milhares de criaturas desmaiarem, mesmo estando à distância. As nuvens de tempestade rodopiavam sobre o campo de batalha e muitos foram pelos ventos levados.
- Nunca! Perséfone me aguarda! – Tenso, mas convicto, gritou o oponente lúgubre. Lutava contra o medo que tentava invadir-lhe as entranhas. Parecia que seu poder ameaçava virar-se contra ele. As lembranças de Perséfone eram suas únicas fontes de força e esperança naquele momento.
- Veja! – Exclamou o soberano. – Você perderá! – Riu maligno e superior Zeus, certo de que logo entraria no estado de guerra total e convicto de que toda a energia negativa de Hades reverteria contra ele próprio. A partir dali, ele, Hades sentiria medo potencializado por seu próprio poder. Seria vítima de si mesmo.
Hades, entretanto, estranhamente sorriu. Esqueceu-se ou ignorou o temor imposto pela grande quantidade de poder que Zeus manifestava. Algo lhe trouxe confiança novamente, mesmo estando diante do estado bestializado do irmão caçula.
E ele tinha razão…
Repentinamente os rumos da guerra mudaram. Uma luz solar intensa e majestosa surgiu do buraco que dava acesso ao Inferno.
As nuvens atingidas pelo raio solar se desintegrado, o tornado criado por Zeus que envolvia a tempestade se desvaneceu. A radiação transmitida limpou todas as nuvens carregadas de chuva que castigavam ambos os exércitos. Apolo havia voltado! Glorioso, majestoso, recuperado. Exaltado, logo atirou uma seta dourada sobre Zeus, que literalmente rasgou o ar atravessando inúmeras criaturas sem poder a velocidade ou a direção. A seta parecia estar imensa na mesma “matéria escura” que faz o Universo aumentar a velocidade de expansão. Zeus se protegeu com um dos membros superiores e a seta fincou-se no braço direito do senhor do Olimpo queimando-lhe todas as carnes. Raios e trovões! Aquilo serviu para atiçar ainda mais a fúria implacável de Zeus. Apolo sorriu confiante e desdenhoso, enquanto mordia uma maçã dourada. O deus astral encarou Zeus carregando dentro de si um ódio profundo e doentio, um sentimento de revolta e vingança emergia do rosto belo e maligno. Mas o deus sol grego não estava sozinho…
Rajadas divinas de fogo sagrado saíram do Hades. O deus sol estava de pé sobre o que logo se percebeu como a cabeça de uma enorme serpente: Apófis, a serpente do mal, deserdada e combatida pelo panteão egípcio, ávida para acabar com Rá e os deuses egípcios. Mas não era só! Ao lado de Apolo estavam Ártemis e os oito titãs derrotados na Titanomaquia, todos prontos para a batalha e ostentando olhares psicopatas.
Depois de ter sido obrigado a assistir Blue Jasmine de Woody Allen, depois de ser conduzido coercitivamente para assistir “Ninfomaníaca – Infelizmente Volume 1” (putz ainda tem a continuação, ainda bem que tem uma gostosinha em ação para distrair) de Lars von Trier, e depois de ser intimado a assistir “A Grande Beleza”, de Paolo Sorrentino, filmes intelectualóides, próprios para a classe média entediada e que adora exclusivismo, distinção do povão e masturbação mental (por exemplo: buscar saber se a narrativa em primeira pessoa é integralmente verdadeira ou não 0.0; tentar perceber associações, metáforas e referências esparsas a outras obras intelectualóide e ficar feliz quando consegue, fazendo questão de divulgar para todos lol, ou imaginar como seria o final do filme nos casos em que o diretor deixa perguntas no ar – óh!), finalmente fui assistir a um bom filme no cinema: “Frankenstein – Entre Anjos e Demônios”, dirigido por Stuart Beattie.
Eu avisá-los-ia para não lerem este texto antes de assistirem ao filme, pois vou escrever sobre bastantes coisas do filme, inclusive o final, mas achei desnecessário o alerta, pois o fim é óbvio. No final ele vai ficar ao lado dos anjos (óbvio), salvará o mundo (mais óbvio ainda), os demônios vão se foder (mais óbvio que isso impossível) e ele vai ficar com a mocinha (não preciso nem comentar).
Tirando isso e tirando a longa lista de clichês do filme:
- encontro e desencontros inexplicáveis e extremamente convenientes para o diretor;
- cientista novinha, gostosinha, bonitinha, casta, pura, ingênua, nobre, inocente, que trabalha sem saber para o demo, e única no mundo que pode ajudar o herói, ou seja, SÓÓÓÓÓ ela tem as respostas;
- maniqueísmo;
- o cara, Aaron Eckhart, mostrando o peitoral para a mocinha ficar molhadinha (veja que realmente ele está todo retalhado e colado, contendo partes de oito corpos diferentes!);
- filosofia barata e frases feitas durante o filme inteiro (v.g. “vc só é um monstro se agir como um monstro”);
- posse de fodão do protagonista na última tomada do filme acrescentada de frases de efeito;
E fazendo vistas grossas ao fato de que:
- o demônio líder, Naberius (Bill Nighy), era um bosta e mal conseguia ser mau;
- a líder dos anjos, Leonore (Miranda Otto), era uma fraca que só fazia cagada;
- os arcanjos, Deus e Satanás não apareceram no filme, embora tenham sido mencionados;
- Frankenstein, apesar de ser constituído de parte de oito corpos, não tinha nada Frankenstein a não ser umas cicatrizes superficiais, e bota superficiais nisso, e nenhuma deformidade no corpo (sei que já disse isso, mas foi revoltante, devia ser no mínimo como o Frankenstein abaixo);
- não houve qualquer explicação sobre a origem dos anjos, que na verdade eram Gárgulas (?!);
- não foi explicado porque havia menos gárgulas do que demônios;
- havia uma gigantesca câmara mortuária embaixo da base de operações dos demônios que nenhum humano, em séculos, percebeu a existência, mesmo estando localizada em Paris, próxima a Catedral de Notre Dame, e mesmo estando ligada diretamente ao Inferno;
- não foi explicada a relevância da humanidade na trama ou para os desígnios do universo;
- os demônios eram fracotes;
- não foi explicada a razão da luta entre anjos e demônios não poder ser revelada para a humanidade;
- os dilemas do cara se restringem a ter ou não uma alma;
- o demônio de confiança do vilão morre de uma forma estúpida (um ardil imbecil da mocinha), assim como o anjo de confiança da rainha Gárgula, Gideon (em uma luta tola);
- as maquiagens dos demônios eram mal feitas e que asco algum causavam;
- Frankenstein descobriu que tinha alma (óh!);
- a troca do livro de Frankenstein pela líder dos anjos é bem vagabunda;
- é uma cópia de “Anjos da Noite”;
Enfim, ignorando tudo isso e mais algumas coisas de que agora não me lembro agora, eu achei legal o filme.
Gostei de como anjos (gárgulas) e demônios morriam. Dá um efeito legal na tela – mas não assisti em 3D, pois acho uma merda, porque é mais caro e porque vou ao cinema para ver uma boa história.
Voltando aos pontos positivos do filme: a Catedral de Notre Drame estava linda! E foi dada bastante importância às anotações do cientista criador do Frankenstein, o que revela um bom estímulo para que crianças e adolescentes estudem.
Gostei do motivo que levou os demônios a buscarem Frankenstein – o primeiro ser não criado por Deus, a suposta ausência de alma e a possível industrialização da técnica. No final, quando se revelou o plano diabólico, houve clara alusão a “Van Helsing, o caçador de monstros”, um dos meus filmes favoritos.
Outro ponto positivo é que… ummm, o filme versa sobre lendas e mitos, o que eu adoro. Assisto a todos os filmes de fantasia. Semana que vem é 47 ronin!
Há algumas batalhas interessantes na película. Normalmente, lutas entre anjos e demônios são legais.
Outra coisa que Frankenstein conseguiu fazer foi algo que jamais consegui fazer em jogos de guerra: jogar meus inimigos uns contra os outros quando estou prestes a ser derrotado. Sempre morria quando tentava fazer isso no Age ou no Warcraft.
Enfim, o filme é bom, embora eu tivesse feito tudo diferente, inclusive matar o Frankenstein já no começo do filme. Comigo é assim: se o personagem não tem carisma, morre! Quando eu terminar de escrever meu livro, “Lúcifer e a conspiração dos arcanjos”, vocês verão como seria uma guerra entre o Céu e o Inferno sob minha ótica.
Bom, prestigiem “Frankenstein – Entre anjos e demônios”!
Ophiuchus, o Serpentário, é uma constelação do zodíaco. O genitivo, usado para formar nomes de estrelas, é Ophiuchi. Representa-se o serpentário como um homem segurando a Serpente, que fica dividida em duas partes no céu, Serpens Caput e Serpens Cauda, sendo mesmo assim contadas como uma única constelação.
SERPENTÁRIO
RS Ophiuchi, uma estrela muito fraca, é parte de uma classe incomum conhecida como "
É… bom. Deixa eu pensar. O filme foi bom. Não chega a ser um épico, mas foi bom, aliás, pensando melhor, foi apenas regular. É um misto de Hollywood clichê com a cultura japonesa.
O ponto forte do filme é que ele tenta enaltecer a honra e a coragem como valores máximos do ser humano e legitimar uma busca por vingança, tornando-a bela e gloriosa, como na lenda japonesa. Se conseguiu transmitir essa mensagem para a maioria do público eu não sei, mas eu fui atingido por ela. Como lido com gente brigando por dinheiro, advogados espertalhões e burocracia todo dia, e como também costumo navegar mais em meus próprios pensamentos no que sobre os eventos mundanos e cotidianos, sou mais sensível à glorificação de feitos fundados na honra, na guerra e nas paixões – minha crítica sempre tenderá à parcialidade no que diz respeito a esses tipos de filmes. Sempre os olharei com bons olhos.
Sobre o filme em si, um fato legal é que todos os atores são japoneses, exceção feita à Keanu Reeves (dãh!). A opção do filme pela língua inglesa não me parece ser um empecilho ou algo desabonador. Muitos queriam que fosse adotada a língua japonesa (para copiar filmes famosos do passado). Pura frescura! Para mim, o filme poderia ter sido gravado até em Esperanto, pois o que vale mesmo é a história. Além disso, ele acabará sendo dublado mesmo e muitos do que reclamam da língua adotada irão assisti-lo no bom e velho português.
Os cenários oníricos ficaram muito bons. As roupas também. Visualmente o filme é fantástico. Cheio de cores e contrastes. Melhor do que essas escolas de samba por aí.
O final é diferente. Talvez porque o filme esteja arrimado em uma lenda japonesa, embora a tenha retalhado – eu li a lenda original =p
As japinhas são gostosinhas… aquela pele lisinha das japonesas… o corpo delgado… a delicadeza… a sensualidade ai ai. Tudo bem que eu demorei muito para distinguir entre as personagens femininas principais (por volta do meio do filme). Ambas eram lindas – embora eu tenha gostado mais da vilã (Rinko Kikuchi), pois tenho predileção ou fascínio por mulheres más… Sabe, as boazinhas são tão sem sal às vezes… Deixa para lá.
Há feiticeiras, ogros, piratas, tengus e criaturas mágicas, elementos que sempre atraem minha atenção e que me fazem ir até o cinema. Porém neste filme, não sei, achei desnecessário – está difícil admitir isso…
Pontos ruins:
- ausência de sangue;
- romance morno e sem pegação (mas como sou acusado de ser pouco romântico e excessivamente carnal, acho que minha opinião quanto a histórias de amor não vale muito);
- efeitos especiais ruins (não assistam em 3D, só assisti porque não tinha outra opção);
- batalhas finais decepcionantes (quando achei que iam começar, acabaram);
- batalhas durante o filme igualmente decepcionantes;
- pouca tensão;
- questões existenciais batidas e remoídas;
- filosofia barata;
- deformação quase total da história original;
Bom, depois de mais um filme de mediano para baixo, o próximo filme será Hércules. E sobre este confesso que já estou tenso. Quero saber como Hollywood vai foder com a mitologia grega dessa vez – ultimamente só vou ao cinema para ver isso. Estou apostando todas minhas fichas que esse filme de Hércules ficará no mesmo nível de Imortais (o maior lixo que já vi até hoje!). Queria tanto que um mecenas me desse a oportunidade de dirigir um filme sobre mitologia, com liberdade total, rs.
Este ano minhas esperanças estão depositadas no filme 300. Deste filme, apesar de já saber de antemão que o Rodrigo Santoro terá fala nessa continuação (eca), espero muito sangue, violência, honra, glória, nudez, sexo e batalhas épicas, sem frescuras. Tô precisando ver um filme foda, para macho, com uma boa história, há muito tempo. Se continuar no nível desses últimos filmes, vou parar de ir ao cinema =(
Hera pede para Alcmena transar com Zeus logo no começo do filme…
Quase fui embora do cinema depois disso, mas resolvi ficar para ver o quão fundo era o poço e porque paguei R$27,00 para ver aquela merda em 3D – uma bosta.
Outra cena “marcante” no filme, foi a luta entre Hércules e o Leão de Nemeia. Parecia a luta entre o boneco Ken e um leão dos primórdios da era digital. Tive a nítida impressão que o Kellan Lutz estava abraçando e acariciando o bichano e não lutando.
Algumas ideias que já vi em inúmeros filmes passados presentes neste:
- o irmão do Hércules mente e diz que foi ele quem matou o Leão de Pelúcia;
- maniqueísmo;
- a excessiva necessidade de mostrar-se o peitoral dos atores durante todo o filme;
- o fato de que Hércules deveria apenas aceitar Zeus como pai para, então, ganhar super poderes (como se fosse a religião católica: acredite em Deus ou vá para o Inferno);
- a busca desenfreada por um amor fabricado e pouco interessante intelectualmente – mas a Gaia Wess, a Hebe da história, é uma gostosinha charmosa;
Para não dizer que o filme foi totalmente um lixo, a referência a Sansão, o manejo do chicote eletromagnético e a batalha final foram legais. Esta me fez voltar do meu cochilo.
Bom, enfim, é um filme para adolescentes (moleques querendo ver cenas de ação, pancadaria e algumas gostosas, e garotas buscando projetar seus amores exclusivos e idealizados em qualquer boneco Ken sem camisa).
Não assistam!
PS: a ideia do chicote eletromagnético eles roubaram da minha história!!!!!!!!!!!!! Clique aqui e comprove.
Não dava para acreditar! Todos estavam bem, aptos à luta. Era como se Apolo jamais tivesse sido eletrocutado por quatro raios de Zeus e como se os titãs nunca tivessem passado milhares de anos presos no Tártaro, prisão que sugava todas as forças e esperanças de seus prisioneiros.
Não bastasse isso, no horizonte distante, Zeus notou que o Etna místico havia explodido em uma gigantesca nuvem piroclástica. Quase simultaneamente percebeu também que o firmamento declinou, como se alguém o tivesse largado no chão. Um grande terremoto fez tremer toda a Grécia Mística.
Hades não estava alheio a isso. Tinha mais essas cartas na mão.
- Voe Zeus! Fuja! – Aconselhou sombrio, desdenhoso e irônico, amparado pelos novos aliados. Raios e trovões. Aquele era seu grande momento. Ver o prepotente Zeus recuar, fugir, evadir-se talvez fosse melhor do que vê-lo totalmente derrotado. O plano havia dado certo apesar dos revezes e contratempos. Todas as forças outrora fustigadas por Zeus e o poder de uma antiga profecia haviam sido unidos sob o estandarte de uma mesma bandeira: destruir Zeus.
As flechas prateadas de Ártemis, por seu turno, atravessaram centenas de soldados de Zeus. Nêmesis caiu desfalecida atingida por uma saraivada de flechas prateadas e douradas, tal como ocorrera com os filhos de Niobe milênios de anos atrás. Os titãs saltaram da cabeça de Apófis e logo atacaram impiedosamente centenas de águias, manticores e harpias de Zeus. Alguns titãs se juntaram a Hypnos e Thanatos que já estavam sendo quase derrotados por Ares, Hermes, Hércules e Freya. Hércules, ao ver o movimento dos titãs, avançou contra Palas em um pulo fenomenal e conseguiu quebrar o pescoço do oponente sem lhe dar muitas chances, mas foi imediatamente repelido pela força descomunal das demais criaturas do caos, todas ávidas por vingança, todas ansiosas para desfrutar do glorioso momento de liberdade.
Hércules, no entanto, foi vítima de muitos socos e pontapés potentes, bem como alvo de gigantescas rochas e árvores. Não fosse um raio dourado disparado por Atena, daqueles que cegavam momentaneamente os rivais, Hércules teria sido esmagado por vários braços que rivalizavam em força e poder aos seus. À medida que a guerra transcorria, Apolo e os titãs se fortaleciam. Lembravam-se novamente dos poderes e movimentos que tipicamente realizavam outrora, antes das tragédias pessoais que os acometeram. Cronos se dirigiu lentamente a Zeus enquanto sentia o caos tomar conta do cenário. Como deus do tempo, queria degustar cada momento daquele embate. Vingar-se-ia de seu filho, aquele que o tapeou, aquele que o atacou pelas costas, aquele que retirou dele tudo o que mais prezava: o poder.
Ares e Hefesto, em meio ao caos, se identificaram, trocaram olhares, e fugiram para o Olimpo, o que deixou o atento Zeus transtornado. Malditos covardes! Atena, Hermes e Freya vieram para o lado de Zeus, acobertados por Hércules, que recuava e trocava socos com os cada vez mais fortes titãs:
- Precisamos fugir, pai! Eles estão muito fortes! Logo Tifão e Atlas também chegarão! – Alarmou-se a deusa Atena que buscava ser um pouco racional naquele antro de irracionalidade. Tifão e Atlas eram outras vítimas do poder de Zeus. A besta fera, presa no vulcão Étna, e Atlas, aquele que carregara o peso do firmamento por tanto tempo, viriam atrás de seu algoz, da mesma forma que os titãs.
Zeus estava sem saída, mesmo no estado de fúria total e absoluta… Sabia que não daria conta de tantos inimigos poderosos. Observava das alturas a destruição que Apófis estava causando a seus exércitos terrestres. Raiva!
- Fuja! – Aconselhou Hades mais uma vez em um misto de sobriedade e êxtase pela vitória iminente. A aura negra do deus sombrio queimava triunfante, mais forte do que nunca, e causava terror nos aliados de Zeus. A maré da guerra havia mudado radicalmente.
Zeus engoliu em seco aquela afronta. Inconformado e relutante, de olhar incrédulo e profundo, resolveu recuar. A grande sabedoria de Zeus sobrepujou o espírito bélico da potência olímpica. Fosse mais jovem, teria agido impulsivamente e decretado o próprio fim ali mesmo. Às vezes era sábio recuar. Retirou a flecha dourada de Apolo de seu braço sem gritar ou esboçar qualquer sinal de dor, partiu-a em dois, em claro sinal de desprezo feroz, e atirou na imensidão do Hades. De orgulho ferido e olhos totalmente brilhantes, como o brilho de uma estrela, o líder do reino do céu decidiu voltar para o Olimpo antes que fosse tarde demais. Lá puniria Ares e Hefesto pela deserção. O Olimpo seria seu baluarte. O Olimpo não iria cair! Zeus era invencível na própria morada. Nenhum titã, nenhuma profecia, nem ninguém o tirariam do poder.
Finalmente Zeus lançou um grande raio sobre os titãs que agrediam Hércules para que o filho pudesse se desvencilhar dos atacantes e fugir também. Todos os olimpianos restantes se evadiram rapidamente daquele campo de batalha encharcado de sangue, suor e morte. Logo seriam caçados e mortos…
Hades sorriu reflexivo ao ver o até então insuperável irmão debandar. Olhou para a mão ferida e para seus terríveis aliados. Questionou-se e concluiu: havia valido a pena, enfim. Agora teria Perséfone. Os seios fartos, as coxas bem torneadas, o bumbum empinado, a boca vermelha, a pele alva, o sexo molhado… Finalmente a tiraria de Deméter e finalmente acabaria com a divisão de tempo e com a distância, uma sina que lhe tirava a integridade do amor. Perséfone seria dele integralmente, todos os dias, em todas as estações, em todos os anos, para o todo sempre. Não desgrudaria da formosa dama jamais.
Os exércitos do Olimpo se dispersaram e foram perseguidos e massacrados cruel e implacavelmente pelo que sobrou do exército ctônico e pelos novos aliados de Hades. A ordem não era deixar ninguém vivo para contar a história. A história seria contada in totum pelo lado vencedor. Lembranças do Olimpo governado por Zeus deveriam ser extirpadas da história…
- Vamos atrás dele! – Ordenou sombrio Cronos a Hades, enquanto comia mais uma maçã dourada. A cada mordida, uma veia, um músculo saltava… Cronos pretendia impor-se em breve, assim que estivesse totalmente apto a manifestar o inigualável poder que possuía, e tomar as rédeas da situação. Pretendia se valer da antiga autoridade que tinha sobre os titãs para recuperar o posto de líder máximo e sufocar a descendência rebelde.
- Não! – Interveio Apolo bruscamente. – Antes que EU acabe com Zeus, precisamos acabar com todas as tropas inimigas e com Frey. Zeus pode esperar. – Apolo além de querer prolongar a angústia e humilhação de Zeus pretendia testar seu grande poder antes de encarar o pai novamente, mas dessa vez no mano a mano, sem surpresas. As dores e efeitos nefastos dos raios do pai não mais existiam, mas a fragilidade ainda estava na mente de Apolo. Estava levemente traumatizado. As lembranças daquele dia ainda o assombravam. Precisava estar seguro de ter restabelecido o grandioso poder do Sol. Precisava eliminar um grande oponente para nele novamente florescer a confiança e, então, desafiar o pai.
Cronos se sentiu desautorizado. O grande titã sempre fora o líder e jamais aceitou ou aceitaria ordens de ninguém, muito menos de um filho arrogante do malfadado Zeus. Mais uma veia saltou. Depois de Zeus, dos asgardianos e dos egípcios, Apolo seria o próximo na lista negra de Cronos. Ao contrário do passado, dessa vez seria cauteloso. Não subestimaria a descendência nem as titânides, nenhuma divindade.
- Sim. – Consentiu secamente Hades. – Acabe com todos. Vamos distribuir as maçãs restantes para os deuses e titãs feridos e partir para o Olimpo assim que Seth e Atlas chegarem dos Jardins das Hespérides.
Ao libertar Atlas, Seth, o deus do mal egípcio, o outro filho da puta mencionado por Hades em seu palácio, valendo-se do seu novo pênis implantado por Asclépio, promoveu um grande estupro coletivo das ninfas que protegiam aqueles jardins. Queria demonstrar virilidade e poder; queria guerrear e dominar. O mal havia voltado da forma mais torpe e hedionda possível no deus caído e sua volta acarretou também na morte do Dragão que guardava o tesouro daqueles jardins até então imaculados e na libertação de Atlas.
Apolo, Menoécio e Perseus, percebendo a movimentação tardia de Frey e seus elfos, foram dar cabo do virtuoso deus asgardiano, enquanto os demais aliados de Hades promoviam verdadeiros massacres sobre o que havia sobrado das tropas aliadas. Tal movimento dos exércitos de Frey não ficaria impune.
Pouco se importavam se aquele deus era nórdico ou se ele havia participado da guerra. O panteão nórdico estava enfiado até o fundo naquela história e deveria ser eliminado também, se possível parceladamente, pois os ctônicos não sabiam se a aliança entre Zeus e Odin ainda estava imaculada e porque, mais cedo ou mais tarde, apesar das travessuras e subterfúgios de Loki, os nórdicos saberiam que as maçãs de ouro da juventude estavam com os rebeldes ctônicos. Zeus e os asgardianos precisavam perecer, antes que se juntassem definitivamente. Os titãs foram resgatados por Hades com esse propósito: o de anular a eventual ajuda asgardiana.
Frey, sentido que o pau comia solto ali perto, preparava-se para intervir, em plena desobediência às ordens de Odin transmitidas momentos antes por Hermod. Frey notou que o bicho estava pegando e que os exércitos de Zeus estavam recuando. Preocupou-se com a irmã, Freya, aliada dos olimpianos. Não podia deixá-la perecer. Amava a danadinha. Ao contrário da maioria dos demais panteões, os deuses asgardianos não eram imortais. A imortalidade que experimentavam decorria das maçãs douradas cultivadas por Idunna. Uma vez mortos, jamais voltariam, a não ser que Hel permitisse… e a deusa expulsa de Asgard nunca permitia.
Enquanto o deus solar e seus sequazes se encaminhavam para dar cabo de Frey, Trevas finalizou Eolo e Zéfiro, ambos deuses eólicos, que vitimados pelo poder irresistível daquele deus em ascensão, substituto de Zeus, passaram a se agredir, lançando cada um lâminas de ar capazes de cortar diamantes e cumes de montanhas como se fossem folhas de papel. Ambos os deuses eólicos se esvaíram em hemorragias e no final tiveram as cabeças decepadas pelos próprios poderes.
Trevas, ao ver aqueles deuses adversários mortos, chorou. Sentiu-se péssimo. Logo um arrependimento enorme o corroeu por dentro. Era uma montanha russa de ódio e compaixão. Estava odiando controlar a mente de deuses e hecatônquiros para que se matassem. Sentia um grande sentimento de remorso quando o crime se consumava. Não devia se sentir assim. Por que isso ocorria? A finada Éris, deusa da discórdia, jamais ensinara compaixão a Trevas, nem Despina, nem ninguém. Nunca o ensinaram a se arrepender ou a pensar no próximo. Trevas nunca aprendeu bons valores. Mas não entendia o porquê da guerra, da violência e da sua “cegueira” momentânea durante as lutas. A testosterona era tanta assim para cegá-lo em momentos extremos? O que tinha Trevas dentro de sua alma corrompida? Trevas não entendia porque só ele era assim. O irmão caçula era indiferente a toda aquela guerra, porque adorava matar pessoas gratuitamente e estuprar deusas, ninfas e mulheres. Trevas se julgava infeliz, pois não tinha muitas certezas, a não ser que aquele poder que o transformava em besta fera durante as batalhas era um vício que o consumia. Não conseguia se livrar daquilo. Muitos o chamavam esquizofrênico, outros de fraco, outros simplesmente de esquisito. Algo corria em seu sangue que o fazia diferente dos outros, mas nunca soube o que era. Ele era assim, uma metamorfose divina, cheia de altos e baixos, paixões e dúvidas.
Perto dali de onde Trevas se lamuriava e embarcava em mais um tornado de emoções, ouviu-se e sentiu-se uma grande explosão. Um cogumelo gigante varreu todas as últimas nuvens de tempestade que pairavam sobre a Grécia mística. Um clarão dominou o horizonte. Algo similar a uma arma nuclear havia explodido. Era Fúria, filho de Poseidon e da nereida Tétis, pés de prata, e seu poder radioativo, oriundo de anos de explosões atômicas nos oceanos terráqueos por onde Poseidon havia passado muitas vezes e absorvido radiação nos testículos divinos.
A grande explosão não chegou a desintegrar Pã, mas de fato arrancou quase toda a carne dos ossos da divindade. A sombra de Pã ficou marcada no chão de tão poderosa, luminosa e quente expansão. Uma explosão equivalente a vinte megatons. Um deslocamento de ar quente e radioativo capaz de fazer um deus de poder intermediário como Pã dormir por séculos, talvez por milênios, até conseguir voltar para o corpo original ou para o de um hospedeiro capaz de mantê-lo. Isso explicava a atividade sísmica sentida pelos Olimpianos no Hades e questionada por Atena durante as torturas de demônios asuras, como ficou consignado na conversa entre Zeus e Atena em 14.10.11.
Ali perto, Apolo, Menoécio e Perses aproximavam-se rapidamente de onde estava Frey e seu exército de elfos.
- Esconda-se Ishitar! – Falou resoluto o deus bondoso.
- Vamos fugir Frey! – Sugeriu trêmula Ishitar. – Ainda dá tempo. – Insistiu e puxou o amigo pelo braço.
- FUJA! – Determinou peremptório Frey, o zeloso deus da beleza, da luz e da fertilidade asgardiano. O olhar firme, porém terno e profundo, convenceu a deusa que se escondeu nas imediações. Frey jamais deixaria acontecer algo de ruim com qualquer ser inocente.
Momentos depois Menoécio e Perses aterrissaram selvagens levantando grande quantidade de poeira e abrindo duas crateras enormes no solo. Não perderam tempo. Atacaram Frey violentamente. Este estava sozinho. Apolo observava atentamente os movimentos de Frey e dos titãs. Todos deveriam ser eliminados: os nórdicos e os titãs. Todavia, antes disso Apolo precisava que se matassem para seu caminho ficar mais fácil. Ainda tinha muitos inimigos para eliminar. O deus sol pretendia usar a ignorância conhecida e sem limites dos titãs, principalmente a de Perses, o mais perverso de todos (aquele que, durante o banquete em que aconteceu o levante dos olimpianos contra os titãs, torturava Urano, o deus primordial, seu avô), e o pensamento heroico e bravio próprio dos povos do norte, que não hesitariam em entregar a vida por suas convicções e crenças, contra eles mesmos.
Perses correu em direção a Frey como o touro cuspidor de fogo abatido por Hércules milênios atrás, mas logo a espada mágica flamejante do nórdico entrou em ação. Movida por telepatia passou a retalhar o monstro indefeso, que recuou perplexo e assustado. O sangue vertia dos braços usados como escudos. A dor excruciante só não era pior do que o clima atroz do Tártaro castigando corpo e mente daqueles a ele sujeito. Menoécio, então, deu um salto poderoso em direção a Frey e sobre o deus caiu. Ambos rolaram barranco a baixo e trocaram muitos socos. Imediatamente, a espada de Frey parou de funcionar. Frey se concentrava na troca de muros. Não tinha múltiplas funções com Freya. Perses, livre das estocadas da espada, foi atrás do deus nórdico. Estava furioso. Os braços feridos o irritavam. Matá-lo-ia! Lá embaixo, Menoécio tentava socar Frey, mas este deu uma poderosa chave de perna no titã e arrancou-lhe o braço. Com efeito, o longo período de ausência da espada mágica e flamejante, abstinência essa fruto da condição para Frey se casar com a giganta Gerda, filha de Surt, e que se prolongou até a expedição vitoriosa de Olimpianos e asgardianos, fez com que o deus Vanir aprendesse a luta com as mãos livres. Era um exímio combatente no solo. Sabia luta grego-romana. Nos últimos anos havia treinado Chris Weidman.
Assim que arrancou o braço de Menoécio, Frey passou a usá-lo como arma. Bateu no titã com o membro arrancado. Todavia Perses apareceu repentinamente e passou a socar Frey. Os muros eram tão poderosos que uma cratera cada vez mais profunda ia sendo formada.
A energia vital de Frey estava se esvaindo. Ishitar, escondida, via o amigo Frey ser destruído. Medo! Não podia fazer nada. Não era uma deusa guerreira e mesmo que fosse, não teria chance alguma contra aqueles dois animais e contra Apolo.
Freya, que pensava porque Fenrir estava no campo de batalha, sentiu, num átimo de segundo, a evasão de energia do irmão enquanto voava lado a lado com Zeus, Hércules, Atena, Hermes e com as poucas valquirias sobreviventes em fuga. “O Senhor” e “A Senhora” de Asgard, deuses Vanir entre os Aesir, tinham uma ligação fraterna muito forte.
- Preciso voltar! – A deusa parou o voo imediatamente. – Meu irmão corre risco. – Desesperou-se.
Todos pararam e antes que Freya partisse, Zeus tentou contê-la:
- Freya! Frey não tem chance! Não seja tola! – Zeus além de não querer perder mais um aliado, além de não querer perder a possibilidade de usá-la como uma possível barganha em Asgard, não queria perder o corpo daquela deusa, afinal de contas ela era muito boa de cama e linda de morrer, mesmo após um árduo combate contra as Fúrias.
- Eu preciso voltar! Ele é meu irmão! Me solta! – Revoltou-se Freya olhando perdida para o horizonte. Sua mente estava centrada em Frey; os olhos marejados; o coração palpitante; a barriga negativa gelada.
- FREYA! NÃO VALE A PENA!
- Seu irmão não vale a pena! Os gregos não valem a pena! Somos nórdicos, somos uma família. – Freya disse em lágrimas, porém convicta, e voou rápida em direção ao irmão, sendo seguida pelas fieis valquirias.
Zeus engoliu em seco e prosseguiu. “Cada um sabe de si”, pensou insatisfeito diante de mais uma decepção, diante de mais uma contrariedade. Estava um poço de estresse. Não sabia mais o que fazer. Era talvez o pior dia na vida de Zeus, talvez pior do que o dia em que foi aprisionado por Tifão.
Menoécio, sem um braço, foi em direção ao irmão Perses que naquele momento estava quebrando a cara de Frey, entretanto uma chuva de flechas lhe caiu sobre a cabeça. Os elfos sobre o navio Skidbladnir, aquele que Freya havia usado para visitar o Olimpo, atiraram milhares de flechas que cobriram todo o céu. O sol, o cogumelo atômico, o horizonte, nada podia ser visto tamanho a quantidade de setas. Menoécio caiu alvejado pela artilharia dos seres semidivinos. Entretanto, Apolo, furioso e imune à chuva de flechas, porque o calor que emitia as consumia antes de tocarem nele, aproximou-se da nau voadora e resolveu acabar com todos os elfos sobre o navio escondido dentro das nuvens, como Freya havia orientado Frey a proceder antes de partir para o campo de batalha. Apolo, interessado em adquirir a embarcação para substituir seu carro solar, lançou um raio solar que destruiu todo o convés do navio – preservando o casco – e fez os elfos e destroços caírem centenas de metros de altura. O navio afundou ar adentro.
Perses continuou batendo em Frey, mas não percebeu que este, em um verdadeiro ato de entrega e concentração, conseguiu invocar a espada flamejante novamente. O artefato mágico cortou os céus em direção às costas do titã. Perses uivou de dor. O sangue negro do titã se misturou ao sangue azulado de Frey. Perses tentou tirar a espada de qualquer jeito das costas, mas não conseguiu. A dor era lancinante e incapacitante, principalmente quando a espada sadicamente girava, queimava e ressoava dentro do corpo do titã.
Frey levantou com dificuldade. O outrora deus da beleza estava deformado; irreconhecível. Para piorar a situação sobre ele caiu o barco Skidbladnir e centenas de elfos mortos. Teimoso, lutando pela vida, sob o olhar curioso e maligno de Apolo, o deus nórdico fez o barco destruído se dobrar inúmeras vezes até ficar do tamanho de uma caixa de fósforos. O nórdico, então, levantou-se novamente, sob o olhar atento de Apolo e Ishitar, pegou o barco dobrado na mão, levitou até onde estava Perses agonizando e colocou o navio dobrado na boca do titã. Incontinenti, mandou Skidbladnir se desdobrar… O navio e o titã foram destruídos completamente.
Frey caiu de joelhos extenuado em meio a órgãos espalhados do titã e madeira quebrada do antigo navio. Frey havia derrotado dois titãs. Apolo, por seu turno, sorriu malicioso e um pouco contrariado. O deus sol se aproximou de Frey e lhe ofereceu uma maçã dourada.
- Quer… mortal? – Perguntou cheio de ironia. – Você está precisando. – Desdenhou. Apolo não via os deuses germânicos com a mesma dignidade que via seus pares gregos, pois aqueles não eram imortais. Apolo os considerava como seres inferiores, tal como considerava inferior os egípcios, africanos, orientais, hindus, humanos, centauros, sátiros…
A face deformada de Frey, o outrora mais belo e iluminado deus nórdico, manteve-se impassível.
- Sua irmã está vindo. – Disparou Apolo maligno.
A imagem de Freya apareceu e se desfez como névoa levada pelo vento na mente de Frey.
O nórdico, então, teve um ataque de fúria. Imediatamente a espada flamejante ardeu em chamas como jamais ardera e atacou Apolo, mas o deus grego, cada vez mais forte, rápido e atento, desviou de todos os golpes e o calor abrasador da arma nada lhe prejudicava.
- VOCÊ NÃO PODE ME VENCER, VANIR DE MERDA! – Gritou Apolo menoscabando o adversário. Cuspiu no chão.
Os ataques de Frey aumentaram em força e velocidade mesmo o deus estando em estado deplorável de saúde, quase sem os sentidos. O esforço para concentrar a mente nos ataques era sobredivino.
- Vanir de merda, destruiu o MEU barco novo! – Gargalhou maligno. Apolo estava feliz, pois via seus poderes quase totalmente restabelecidos.
Porém, os ataques passaram a incomodar cada vez mais Apolo. Frey atacava, cego pelo ódio, com a espada e depois com o próprio corpo. Era tudo ou nada! Um verdadeiro animal encurralado. Seu corpo virara uma arma. Estava lutando pela sobrevivência e para proteger a querida irmã que, impulsiva e imprudente, alheia ao perigo, se aproximava rapidamente, sem qualquer preocupação em se esconder ou não chamar a atenção daqueles inúmeros inimigos ctônicos que há pouco haviam posto Zeus para correr. Frey não tinha nada a perder, precisava proteger a preciosa e solidária irmã.
- BASTA! – Gritou Apolo.
Frey, no entanto, ao atacar Apolo em crescente ferocidade e desespero, foi pego no contra ataque. O deus grego agarrou o nórdico pela garganta e a fritou ao mesmo tempo em que rebateu com uma flecha dourada de sua aljava mágica as últimas investidas da espada de Frey. Este caiu no chão sem forças ao ser solto pelo feroz deus solar. As chamas da espada foram abafadas. O oxigênio havia acabado.
- É só isso? – Desdenhou o tirano cada mais convicto de suas insuperáveis habilidades. – O mais festejado deus nórdico só tem isso a demostrar? – Gargalhou irônico. – Não bastasse ser um asgardiano, nem pertence aos Aesir. Mortal, mestiço e Vanir tsc tsc tsc
O nórdico agonizava.
- Depois de você, será sua irmãzinha vagabunda e sua esposa nojenta. – Apolo não aceitava que deuses e gigantes, como Gerda, esposa de Frey, se misturassem. A raça divina deveria ser pura e imortal e não como a asgardiana, mortal e dependente de um fruto para sobreviver. Para Apolo deuses eram ou deveriam ser um fim em si mesmo. Era inconcebível que dependessem de qualquer substância. Ademais, via demais deuses estrangeiros e criaturas como seres inferiores, que deveriam apenas ser usados como objetos sexuais, mas nunca para fins reprodutivos ou amorosos, salvo raras exceções como belas ninfas e rapazes como Jacinto.
Em um último ato de crueldade, Apolo, irritado por ter sujado as mãos de sangue e por repugnar aquilo que não é belo, fincou a espada flamejante de Frey nas contas do próprio dono derrotado.
- NÃO!!!!!!! – Ishitar apareceu emocionalmente acabada na arena da morte. Temia a represália daquele deus maligno, movido pela ambição do poder e pelo sentimento de vingança e superioridade, mas não conseguiu ignorar aquela barbaridade. Irracionalmente se projetou no campo de batalha, diante de Apolo. Chorou e se ajoelhou desesperada. Implorou pela vida do amigo. Só lhe restava pedir clemência, mas de seus lábios carnudos não saíram palavras.
Indiferente aos sentimentos da babilônica, mas não a suas curvas, Apolo se retirou, deixando a vida de Frey por um fio. O deus do tempo germânico, heroico, firme em seu propósito, agora lutava pela vida e contra o tempo. Tentaria estendê-la o máximo que pudesse. Certo da morte, batalhava por migalhas de tempo apenas para olhar mais uma vez a querida irmã e para alertá-la do mal que trouxera o deus sol novamente à tona.
Freya chegou alguns minutos depois desesperada. Empurrou Ishitar impotente e mergulhada em lágrimas diante da desgraça.
- Frey! Frey! Irmão. – Rios de choro corriam pela face aflita da deusa. – Vai ficar tudo bem! Vai ficar tudo bem!
Esperança! Esperança!
A duras penas e sob um grito gutural de dor do irmão, Freya retirou a espada fincada no corpo de Frey e o puxou para seu farto e curvilíneo colo. A deusa chorou copiosamente. Não acreditava no que acontecia. Frey estava irreconhecível. Era tão belo…
- Eu… te… amo! – Murmurou Frey para a “Senhora”, alcunha de Freya entre os nórdicos. Vomitou sangue nobre… Sangue e lágrimas se misturavam…
- Eu também te amo bobo, eu te amo! – Declarou o rosto de cachoeira. – O “Senhor” vai sair dessa! Vai ficar tudo bem. – Apertou-o contra o próprio corpo, para protegê-lo, confortá-lo, enquanto tentava acreditar nas próprias previsões.
- As maçãs… cof… cof… estão com Apolo.
- Maçãs?! Maçãs!? – Questionou perplexa Freya. – Não diga nada… Descanse… Tudo vai ficar bem, vou te tirar dessa maninho.
Cof cof co…
Frey deu um leve sorriso de adeus.
Há quilômetros de distância dali, em pleno vôo, o deus da morte súbita grego finalmente estalou o dedo e tirou a vida do vulnerável, indefeso e frágil Frey.
Finalmente um filme bom! O diretor é Paul W.S. Anderson.
A história de amor é uma bosta; o herói mauricinho e sem muito músculos que massacra todo mundo não faz muita diferença – parecia estar em um estúdio fotográfico o tempo todo; o contexto político de Roma não é esmiuçado; o roteiro não tinha nada demais a apresentar, mas pelo menos há muito caos, sangue, mortes e destruição. Todo mundo morre no final, sem frescuras! Assim que eu gosto! Tragédia, drama, angústia, desespero, luta pela sobrevivência. Eu só gostei do filme porque foi um massacre. Não gosto de filme piegas! Gosto de guerra e destruição! Filme para macho!
Tem até um tsunami e os efeitos especiais foram muito bons! O Vesúvio teve a melhor atuação do filme! Não dá para tirar os olhos na parte final, até minha namorada se empolgou – observo que só a partir do meio da película fica interessante, porque os primeiros minutos são decepcionantes, isto é, não passam de mais do mesmo.
Apesar de alguns exageros nas lutas, o soldado romano do mal era mais foda que o protagonista e o amiguinho dele (Adewale Akinnuoye-Agbaje) – pena que não os matou antes do vulcão. O fato do cara do mal ser o mais foda é bom, porque sempre nesse tipo de filmes tem aqueles momentos clichês que depois do herói sofrer e tomar uma surra, ele mata o personagem do mal e faz cara de fodão, rs.
Eu teria feito algumas alterações no filme, só não tocaria nas partes dos efeitos especiais e da matança desenfreada. Por exemplo: o mocinho teria que ser um cara de aspecto grotesco; a mocinha (Emily Browning) perderia a beleza e não seria mais desejada pelo mocinho que ficaria com a escrava da mocinha (Jessica Lucas) – muito mais bonita e gostosa; os vilões venceriam e decepariam as bolas do mocinho; Roma não seria retratada como opressora, eu exporia as razões políticas de cada povo envolvido; o combate na arena seria amplamente favorável para os romanos e não deixaria nenhum ato de heroísmo barato para o mocinho; haveria muito sexo e nudez; haveria desfile de mamilos femininos durante o filme e não só de mamilos masculinos (direitos iguais, pô!), etc.
Zeus, Atena, Hermes e Hércules seguiram rápido sem Freya para o Olimpo buscando refúgio. Durante a debandada, Zeus foi informado por Hermes que Poseidon não ajudaria, pois acreditava fazer ele o próprio destino. “Poseidon não teme profecias”, foi o que disse o deus dos mares por intermédio de Tritão. Ainda assim o pressionado líder olímpico tentaria falar novamente com o teimoso irmão dos mares. Não havia opções. O complexado deus dos mares deveria ajudar. Zeus estava disposto a conceder qualquer benesse a qualquer um para acabar com a raça de Hades, Apolo, Cronos, Trevas e Fúria. Pensava em utilizar o restante dos exércitos do Olimpo e as armas de Hefesto, bem como os poucos deuses e semideuses restantes para se protegerem do contra ataque ctônico, quando ele e os demais fugitivos repentinamente deram de cara com um campo de força. Todos sofreram com a batida imprevista devido à alta velocidade em que se locomoviam. Um filete de sangue surgiu na testa de Zeus. O campo de força que cobria as cercanias do Olimpo ressoou como um sino de Igreja por todo o mundo grego. Perplexos e atordoados pelo forte impacto olharam para o horizonte a frente. A imagem de dois olhos femininos soberbos e gigantescos logo apareceu pairando na frente de todos.
Eram os belos olhos apavoados de Hera. A deusa do matrimônio observava o marido com desprezo e altivez. Anos de traição, anos de violência doméstica, anos de arrogância… puff… Sim tudo acabaria naquele momento. Gargalhou sombria, quase em êxtase.
- Hera! Agora não é hora para brincadeiras, sua puta! – Enfureceu-se Zeus. Irado atirou incontinenti inúmeros raios contra o campo de força. A potência dos raios era tão grande que o campo de força deu sinais de que logo cederia.
Hera parou de rir. Igualmente irritada diante da ousadia do marido e por notar que ele não sabia perder, regurgitou blasfêmias, ofensas e injúrias:
- AGORA O OLIMPO É MEU, SEU CACHORRO IMUNDO!!!! – Hera tremia de emoção. O coração batia rápido. Há anos aquele grito estava guardado em sua garganta. – PORCO!!!! FORA!!!!! – Gritou histérica e avermelhada, um misto de liberdade e medo. Os olhos emocionados ficaram marejados. Não acreditava no que acabara de fazer. Sabia que não tinha mais volta. Desde os eventos ocorridos durante a visita de Freya, em 06.07.07, agindo nas sombras, maquinando, esperando o momento certo, anos de especulação e ressentimento, anos de fúria indômita, explodiam em forma de histeria e fraqueza. Milhares de mísseis e autômatos controlados por Hefesto partiram de vários cantos e frestas do Monte Olimpo e atacaram os olimpianos fugitivos. Tresloucada, Hera gargalhou obstinada enquanto mísseis cortavam o ar, atravessavam o campo de força e explodiam na fuça dos deuses despojados de seu império.
Era como se um sonho impossível estivesse se realizando. O seu sentimento de exaltação era similar ao de uma pessoa pobre e desafortunada que acabara de ganhar milhões na loteria. Era similar ao de um homem cuja esposa permitia que ele tivesse outras mulheres. Enfim, era a maior alegria que podia se sentir.
- HERA VOU TE JOGAR NO TÁRTARO!!!!!!!!!!!!!!! – Berrava Zeus enquanto ele, Atena, Hércules e Hermes destruíam e se defendiam do ataque dos robôs e mísseis disparados por Hefesto. Inúmeras explosões poluíram o ar de poeira, fogo e radiação. Mas para revolta de Hera, Zeus, que ainda estava no estado de fúria, destruía facilmente os ataques robóticos e a artilharia pesada do Olimpo. Os raios de Zeus eram poderosos demais e se dividiam de forma a atingir todas as centenas de alvos inimigos que se aproximavam rapidamente. A maioria dos mísseis e robôs não chegou perto dos invasores, e aqueles que chegaram eram destruídos facilmente pelos poderosos braços de Hércules, que mal sentia os impactos das explosões que aconteciam na sua fuça, e pela maestria dos golpes ágeis, precisos e elegantes de Atena.
Hera, frustrada, ao ver que o arsenal do filho bizarro não conteria Zeus e seus seguidores, socou o trono e resolveu ela mesma trabalhar. “Se quer uma coisa bem feita, faça você mesma”. A deusa se valeu do último expediente, o mais poderoso deles. Uma artimanha cruel, covarde e desesperada, que já havia usado milênios atrás. Hera invadiu a mente do poderoso Hércules.
Zeus… Anfitrião… Alcmena… Traição… Mais um filho ilegítimo… Hahahahaha Você não passa de um bastardo!!!!!!!!!!! BASTARDO!!! Fogueira!!!! Mas não, não, tsc tsc tsc, a tempestade chegou e a gestação foi salva… O cretino lhe salvou… Salvou a vadia da sua mãe também. Serpentes não foram suficientes? A morte da mãe não foi suficiente? Então a loucura foi e será novamente…
Hércules gritou de dor. Aquela voz dentro de sua mente. A pressão dentro do crânio do titânico filho de Zeus era enorme. O porrete que levava caiu. Hércules colocou a cabeça entre as mãos e pressionou o crânio. Dor. Imagens do passado iam e voltavam na sua mente como um turbilhão de fantasmas desconexo. A retina lhe mostrou imagens da mãe, Alcmena, morta; da infância difícil, da angústia e percalços dos doze trabalhos, da escravidão no castelo de Ônfale e da insegurança de Dejanira, que lhe causou uma dolorosa e angustiante morte quando ainda era mortal.
Mamou do meu seio divino… Criaste a Via Láctea com meu leite sagrado! Maldito! Como ousaste? Um assassino! Assassinou a esposa e os filhos indefesos… com as próprias mãos… Assassino! ASSASSINO!!!!
- NÃO!!!!!!!!!!! Não era eu! – Desesperou-se o perdido Hércules ante o sentimento de culpa que emergiu triunfante depois de muitos anos assentados no subconsciente do filho de Alcmena.
Enquanto Hércules estava sob controle de Hera e pressionava o crânio, de onde saia fios de sangue, Zeus tentava acordá-lo do transe, mas Hércules se debatia violentamente. Não dava para chegar perto. O filho de Zeus parecia um viciado em drogas despojado de suas drogas, tamanha a agressividade com que Hera invadiu sua mente.
- HERA!!! Pare com isso. – Ordenou Zeus ao ver o filho naquela situação deplorável e sem poder fazer nada que não fosse acabar com todo aquele sofrimento com seu raio. Às vezes o terror psicológico imposto por uma mulher era pior do que enfrentar um homem muito mais forte pensou Zeus lembrando-se de como os homens na Terra sofriam com as imposições, exigências e perseguições femininas. A maioria preferia evitar conflito com as respectivas mulheres, pois discutir com elas era uma batalha perdida, uma perda de tempo. Viu muitos poderosos tombarem por conta disso. Por isso, era comum se dizer na Terra que o homem sempre dava a última palavra: “Sim, senhora!”
Tu mataste toda sua família, a sangue frio! Assassino!!! Hahahahahahaha Não negue sua natureza! Mate-a novamente bastardo! Acabe com Zeus! ACABE COM ZEUS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- Não fui eu! Eu não matei ninguém!!!! Não!!!!!!!!!!!!!
E por que aceitaste as condições impostas pelo Oráculo de Delfos, hipócrita?!! Queria se livrar da culpa e aceitou cumprir os doze trabalhos. Esta é a maior confissão de culpa. Você foi o culpado! Matou Megara e seus três filhos! ASSASSINO!!! ASSASSINO!!!! ASSASSINO!!! MATE!!! MATE!!! MATE!!!
Hércules, cujo nome significa ironicamente “Glória a Hera”, estava tendo a mente violentamente tomada por Hera. O conflito interno era intenso e cruel. Hera fazia uma lobotomia no deus da força. Uma tempestade de sentimentos e emoções sem fim… Hércules viu-se arrancando a cabeça dos próprios filhos e partindo a esposa ao meio. As mãos encharcadas do sangue puro e imaculado de pessoas indefesas.
Hércules cedeu…
O herói atacou Zeus.
- HÉRCULES!!!! HÉRCULES!!! RESISTA!!!! Não seja derrotado por… – Um forte soco atingiu a boca de Zeus e logo uma chave de braço prendeu a potestade do Olimpo. Hércules estrangulava o pescoço de Zeus enquanto este dava inúmeras cotoveladas no abdômen do filho. Zeus tentou se livrar dos vigorosos braços do filho, mas não conseguiu. Invocou vários raios que caíram sob a cabeça de Hércules. Por sorte do herói deus, a carcaça do Leão de Nemeia o preservou da força total dos raios.
- HÉRCULES!!! NÃO SEJA FROUXO!!! – Gritou com dificuldade Zeus, quase com a garganta fechada.
MATE!!! MATE!!! MATE!!!
Desespero. Raio mega foda…
O que sobrou do couro do Leão de Nemeia foi levado pelo vento…
- NÃAAAAAAAAAAAOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Hera foi jogada para fora do trono como se uma forte descarga elétrica a tivesse atingido. A bruxa transpirava. Rasgou a roupa que lhe protegia os peitos. Os seios fartos e suados vazaram para fora. Precisava respirar… Estava toda molhada e fedida, o que a deixou enojada de si própria e mais puta da vida com o rival, filho de Alcmena. Nu, sem o couro leonino, Hércules, esturricado, torrado, sujo pela fuligem das explosões dos mísseis e pelos raios do pai, repleto de ferimentos, esvaindo-se em sangue, havia, enfim, se livrado do controle aterrador da perversa bruxa. Não mataria seus pares novamente, não mataria sua família novamente. Apesar da dor, estava aliviado e se sentia mais forte, mais poderoso do que nunca. Os raios de Zeus, apesar de causarem grande destruição e queimaduras, libertaram Hércules da loucura. O filho de Zeus estava sem fôlego e sentido fortes dores pelo corpo, porém aliviado, pois conseguira derrotar Hera no campo em que ela tinha maiores poderes: o da mente. Logo atuaria no campo em que tinha vantagem: a força bruta. Ele mesmo lançaria a maldita Hera no Tártaro depois de esfolá-la, assim como fizera com o Leão de Nemeia, o primeiro dos doze famosos trabalhos de Hércules, e nem mesmo Zeus o impediria, como o fizera nos últimos milênios.
Ao ver a cena chocante, ao ver o grau de perversidade e oportunismo da esposa, Zeus sussurrou mortífero:
- Hera…
Mais fúria…
- Pode tentar me tirar do poder se quiser! – Desafiou Hera pausadamente, levantando-se do chão. Os seus grandes e significativos olhos reapareceram no horizonte. Arfava. – Estou sendo apoiada pelas titânides, por Ares, por Deimos, Fobos e por Hefesto, cretino. Deméter não irá me prejudicar, pois só pensa na filha. Teia só queria seus filhos de volta. Queria destruir Ísis, mas você não permitiu. Se fodeu! – Gargalhou tresloucada. – Ares queria Perséfone, mas você não permitiu! Você não deu uma nova Pandora para Hefesto. Você nunca me respeitou. Você nunca respeitou ninguém! Você se fodeu, cretino!!! – Mais gargalhada tresloucada, maligna e obstinada.
- Todos te odeiam! – Continuou Hera. – Eu e Hefesto temos o controle de todas as defesas e exércitos que sobraram no Olimpo. Sei que está fugindo do campo de batalha seu fraco; seu broxa! – Gargalhou ainda mais. Queria de toda forma atingir o marido. – Formarei uma aliança com Hades. – Afirmou imperativa Hera. Finalmente tinha assumido o poder no Olimpo. – Eu mesma te jogarei no mais fundo buraco do Tártaro. Eu te odeio!!! EU TE ODEIO!!!!!!! TRAIDOR!!!! TRAIDOR!!!!
Zeus, irracional, lançou um raio foderoso demais que finalmente fez ceder o campo de força… Nada que viesse do Olimpo poderia pará-lo. Arrancaria a cabeça de Hera, de Ares, Hefesto, das Titânides e de todos que se levantassem contra ele. Entretanto, um toque em seu braço ferido pela seta dourada de Apolo o fez desistir dessas pretensões.
- Pai, ela não sabe. Está perdida! – Sussurrou Atena no ouvido do pai. – O Olimpo está condenado. Nossa única chance é Asgard. Esqueça Poseidon. Aqui não teremos paz nem tempo para nada. Acabou.
Apesar da fúria de ter o Olimpo roubado pela própria esposa, uma lágrima correu do olho esquerdo de Zeus. Hera significava amor, ódio e prazer para Zeus e agora estava condenada. Não fosse ele a aplicar-lhe a derrocada, outro seria. O poder que há milênios perseguia, subiu-lhe a cabeça. Tola! Não desfrutaria nem um dia dele.
- Vamos! – Convidou serena Atena atenta à movimentação ctônica e a rápida aproximação de Tifão. E os quatro deuses partiram em direção a Asgard. Tentariam convencer Odin de que não haviam furtado as maçãs douradas e que era uma questão de honra Asgard cumprir o acordo firmado na lança Gugnir. Assim como asgardianos e olimpianos marcharam sobre o Jötunheimr para acabar com os gigantes de gelo, eles deveriam marchar sobre a Grécia mística tomada por criaturas animalescas e ctônicas. Entretanto, os deuses em fuga ignoravam que Odin fora atacado impiedosamente pela fúria do ciúme e pela pressão de salvar o seu temeroso povo…
No palácio real da Etiópia em algum ponto remoto da linha espaço-temporal…
- Eu?!!!! Por quê? – Indagou Andrômeda estupefata. – Eu não disse que sou mais bela que as nereidas! Foi mamãe.
- ANDRÔMEDA!!!! – Gritou Cassiopeia, mãe de Andrômeda e rainha da Etiópia, mais estupefata ainda. – Como pode falar assim da sua mãe?! – Chorou.
- O quê?! Quem provocou a ira de Nereu e Poseidon foi a senhora, não eu. Sou inocente, não devo ser sacrificada.
- O Oráculo disse que esta é única solução, filha. – Cefeu, pai de Andrômeda e rei da Etiópia, resignado, tentou acalmar a situação.
- Mas o que é o Oráculo? Por que acreditar nele? Ninguém entende como funciona. É irracional. Uma entidade abstrata e de dizeres vagos não pode ter poder de vida e morte sobre mim.
- Filha, nós precisamos ter fé. Precisamos acreditar nos deuses. Não podemos questioná-los. Somos um rebanho de ovelhas.
- Mande Phineu! – Revoltou-se a princesa Andrômeda encurralada, que sabia não poder lutar contra os dogmas da religião. – Ele me ama. – Continuou. – Certamente se sacrificaria por mim. – Andrômeda apontou para Phineus. Mas este, assim que ouviu a sugestão da bela, se evadiu do palácio e do reino da Etiópia para nunca mais voltar.
- A senhorita é… uma mulher, Andrômeda. – Explicou o pai. – Só mulheres são sacrificadas.
- O que tem eu ser mulher? Por que só nós somos sacrificadas?
- Ceto tem preferência por mulheres. – Respondeu Cefeu. – Todo monstro marinho tem.
- Por quê? Como o senhor sabe?
- Ele é macho, oras.
- Como o senhor sabe? O senhor viu o sexo dele?
- Fêmeas só matam para comer e alimentar a cria. Machos matam para demonstrar poder, por isso dá para concluir que Ceto é macho. A fera esta destruindo todo meu reino. Além disso, pode querer se unir à senhorita antes de matá-la.
- Vosso reino vale mais do que a própria filha?!!!! – Silêncio ensurdecedor. – E se Ceto for gay?!
- Não é todo dia que construímos um reino filha. Poucos são os que têm um país para governar, mas… uma filha qualquer um tem. – Concluiu racionalmente Cefeu. – E gay ou não, fêmea ou não, Ceto preferirá uma mulher.
- Por quê? Se sou menor que qualquer homem, tenho menos músculos e carne. Ceto preferirá um rapaz jovem, alto e forte. Tem mais massa e volume para comer.
- Não filha. Homens têm músculos, carne dura, de terceira categoria. Suas carnes, por outro lado, são frescas, novas e macias, de primeira categoria. Homens apenas servem para serem seguranças e soldados, não se prestam a mais nada, nem para serem devorados.
- Servem também para carregar peso, consertar a casa e nos satisfazer na cama. – Interveio Cassiopeia. – Bom… alguns nem para isso servem mais.
- Mande mamãe, ela também não tem músculos e nunca pegou no pesado. Foi ela que deu causa para tudo isso.
- Mas sua mãe é velha e não é mais virgem, além disso, as carnes dela estão passadas e caídas. São de segunda categoria. – Explicou Cefeu.
- O que tem o fato de ser virgem ou não? Ceto irá me comer e não me “comer”.
- Porque o valor de uma mulher é medido pela beleza e porque as mais belas sempre têm mais regalias durante a vida, mas uma hora devem pagar o preço. Quem quer o bônus, deve suportar o ônus.
- Como assim?!
- Os deuses irão querer a mulher mais bela, totalmente nua, para o sacrifício como prova de minha submissão e generosidade.
- Nua?!
- Para dar o contraste, sabe? Fosse feia e coberta de roupa ninguém se importaria. Você, uma princesa, linda, perfeita, nua e sensual, mas indefesa, acorrentada às rochas e esperando para ser devorada por um monstro marinho… Quer drama maior do que este? Quer espetáculo maior do que esse? A Etiópia ficará livre para sempre do monstro marinho graças a esse sacrifício, graças a você, filha. Você será nossa heroína!
- Heroína?! Não quero ser mártir. E não quero que minha gostosura seja uma maldição. Quero que deuses e homens me reconheçam por aquilo que sou, pelo que penso, não por minha aparência ou pelas roupas que uso ou deixo de usar. Eu não vou!!!
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Acorrentada à rocha, Andrômeda, nua, à mercê das fortes ondas, vê a aproximação de Ceto. Entretanto, antes que começasse a gritar, ouve uma voz vinda do céu:
- Bela donzela, vim te salvar! – Gritou Perseu. Cavalgava Pégaso, o cavalo branco alado, enquanto voava em círculos sobre o monstro inimigo, pronto para atacá-lo.
- Mate a fera, rápido! Lute pela justiça! Salve uma donzela inocente!
- Justiça?! Inocência?! – Perseu gargalhou irônico. – Vim te salvar porque é linda, está nua e se encontra indefesa. – Arremeteu contra o monstro para atravessá-lo.
- Ãh!!!!! O que quer dizer com isso?!
- Que se fosse feia, eu não estaria aqui. – Perseu se desviou de um dos tentáculos da besta. – Fui informado há alguns dias que uma diva mortal seria sacrificada neste rochedo e como estou urgentemente precisando de uma esposa bela, sensual e gostosa para cuidar de mim, sem o estágio do “cu doce” das garotas de vinte anos como você, sem pais para se intrometerem, sem o longo e tumultuado período de noivado, sem as intermináveis discussões de relacionamento, brigas, TPM, resolvi salvar você só neste momento para que não tivesse como recusar minha proposta de casamento.
- Porco interesseiro!!! Oportunista de uma figa!!!! – Revoltou-se Andrômeda.
- Porco interesseiro?! Oportunista?! De uma figa?! Como assim?! Essa é uma oportunidade única de ter uma mulher como você. Seria um desperdício se o seu corpo fosse des… Bah! Eu só quero uma rainha para me fazer companhia! Estou procurando o que há de melhor, unf! Adeus! – Disse Perseu contrariado. – Vou atrás de Calypso ou de Helena de Troia, mal agradecida.
- Volte idiota e mate a fera!!!
- Vai casar comigo?!
- Será fiel? – Esbravejou Andrômeda orgulhosa.
- Sim, desde que haja sexo regularmente e desde que a senhorita cuide de seu corpo.
- Mesmo quando eu envelhecer? – Questionou desconfiada.
- Sim, também irei envelhecer garota. Não sou imortal e não luto contra o tempo. Conheço umas tias que se cuidam e são gostosas. – Perseu deu uma estocada na fera. – Só quero uma esposa bonita. Estou carente e quando não estou exercendo meu ofício de ser herói, fico na bronha o dia inteiro. É deprimente.
- Homens… – Lamentou Andrômeda. – Me dará filhos? – Continuou o breve interrogatório.
- Sim, quantos quiser. – Respondeu confiante Perseu e cortou um dos tentáculos da fera.
- Será um bom pai? – Indagou Andrômeda severa.
- Claro, darei livros para meus filhos, não brinquedos idiotas.
- Me dará um reino pacífico longe daqui?
- Sim. Sou filho de Zeus, dar-te-ei o que quiser.
- Me respeitará?
- Claro, como toda mulher deve ser respeitada, oras.
- Me defenderá de tudo e de todos até o final da minha vida?
- Mel na chupeta! Se matei a Medusa, mato qualquer um.
- Você é bom de cama?
Perseu sorriu.
- Três por dia está bom para você?
- Tá ta ta ta ta. Eu caso.
- Amanhã?
- Sim, amanhã. Agora me tira daqui, anda.
E Perseu matou Ceto de uma vez por todas, rompeu os grilhões que prendiam Andrômeda, levou-a para seu reino e ambos viveram felizes para sempre.
- Eu vou sair dessa porra! Matarei todos. Conquistarei minha liberdade! Não nasci para ser escravo! Não nasci para ser morto na arena! Sou um guerreiro da Gália! Sou invencível! Esses grilhões… não vão me prender! Sim, eu posso!
- Cale a boca!
- Idiota!
- Vocês aí fora estão me ouvindo!? Eu posso!!! Eu posso!!! E vocês o que estão me olhando?! Matarei todos!!! Está vendo estes músculos?
- Amigo… é melhor lutarmos juntos…
- Quem é amigo aqui, porra?! Nem te conheço filho da puta!
- Segura, segura!
- Deixem que se matem!
- Oh, que porra é essa?!
- Corta a garganta dele!
- Vai tomar no cu!
- Maldito gaulês!
- Lá fora lutaremos contra gladiadores, soldados e feras! Nossa única chance é lutarmos juntos. Já vi milhares perecerem. Não podemos ser imprudentes. É nossa única chance!
Um corpo desfalecido bateu no portão que separava os escravos da arena da morte. Sangue correu para dentro do túnel onde aguardavam os guerreiros acorrentados pelos pés.
- Eu não sou qualquer um! Sou Testosterona, guerreiro invencível da Gália, filho de Pedro Pedrada e de Paula Paulada. Ninguém me dá ordens! Ninguém vai me manter preso! É cada um por si aqui, imbecil. A lei do mais forte vai prevalecer!
- Espártaco, deixe-o. Esse irresponsável acha que ser filho de um chefe de uma tribo na Gália vale alguma coisa aqui. Irá morrer, é um imbecil.
- Quem é imbecil aqui, seu bosta huno?!
- Segura esse filho da puta!
- Mata ele logo antes que nos mate! Espártaco?!
- Ele vai nos atrapalhar dentro da arena, precisamos acabar com ele agora!
- Boiolas! Vocês irão morrer! Matarei todos, covardes! Irão morrer pelas minhas mãos! Não vou aceitar ordens de um trácio sujo! Venci dezenas de homens e soldados romanos sozinho! Não preciso de ninguém! Sairei dessa gaiola arrebentando! Destruirei todos! Nada sobreviverá à minha fúria! Vencerei todos e voltarei para a Gália como um verdadeiro campeão e ainda serei remunerado pelos romanos! Esse ridículo não me dá ordens! Está tentando formular estratégias defensivas com outros trácios e sírios sujos. Homem que é homem luta de peito aberto! Nunca se defende!
- Cala boca!
- O que fazemos com ele Espártaco? Posso matá-lo?
- Nada, não faremos nada com ele. Cada um sabe de si. Devemos ser prudentes, devemos nos cuidar, pois é a nossa única chance. Precisamos adotar a formação…
- Prudente?! Mais é uma moça mesmo! Agora sei porque os homens da Trácia não tem uma boa reputação. Agem como mulheres! Temem uma luta aberta e sanguinária. Covardes! Vão se defender para tentar contra atacar. O melhor ataque é a defesa, porra! Comigo é matar ou morrer! Sem frescuras, porque eu sou foda!
Uma cabeça de escravo desce rolando o túnel e pára diante de Testosterona. Este a pega e joga sobre Espártaco, que bolava as estratégias para luta contra os outros gladiadores.
- Que foi? Achou ruim?! Covardão! Medroso! Eu faço o medo ter medo de mim, trácio maldito! Verme!
- Mata ele! Mata ele!
- Não! Não!
- Meu, pára de encher! Fique sozinho!
- Espártaco, pare, não vale a pena!
- Me solta! Me solta, filho da puta!
Um terceiro escravo tomou as dores do líder trácio e tentou golpear Testosterona, mas os grilhões o impediram. Outros tentaram fazer o mesmo.
- Filho da puta, deixe-o em paz! – Disse um.
- Respeite nosso líder! – Exigiu outro.
- Deixa de ser cuzão! – Aconselhou um terceiro.
- Espártaco nos tirará daqui! – Sentenciou outro.
- A Gália é uma merda!
- Vai morrer filho da puta!
- Os deuses não vão te perdoar.
O líder trácio tirou a cabeça jogada contra ele de seu colo e limpou o excesso de sangue. Limitou-se a aconselhar:
- Assim que os portões forem abertos não saía correndo como um imbecil, Testosterona.
- Eu não aceito ordens! Eu vou matar todos vocês! Ajudarei os romanos…
Os escravos foram soltos. Imediatamente, os portões que davam acesso a arena foram abertos e muitas espadas jogadas para os escravos.
- É agora, vou matar todo mundo! Nasci para lutar e para vencer. Vou buscar minha liberdade sozinho. Serei um herói!
Foi pensando nisso que fui ao cinema hoje. Fiquei um pouco decepcionado com o filme, embora tenha gostado. Achei que seria mega foda como foi o primeiro. Estava com altas expectativas. Aguardei por anos uma continuação. Achei que teria várias frases de efeito como “Esta noite, nós jantaremos no inferno!”, “Lutaremos à sombra” ou a mais foda de todas “This is Sparta!”
(até hoje eu grito essa porra)
Infelizmente nenhuma frase me marcou, talvez porque eu tenha assistido o filme dublado.
Deveria ter assistido o legendado. O grito de “War” ficou uma bosta dublado. Não deu nem vontade de levantar da poltrona do cinema e gritar também, rs. Terei que ver o filme legendado, com o som original. É o que farei. Sanarei este meu erro, mas mesmo assim tenho certeza que não haverá aquelas frases que ficam na sua mente.
Achei o Temistócles muito bonzinho e chato, sem personalidade. O verdadeiro tinha fama de arrogante e impositivo, tinha defeitos e não só virtudes e idéias criativas, que salvaram os gregos.
Se não optasse pelo clichê da porra da luta entre liberdade e tirania, do bem contra o mal, do grego heroicizado, o filme seria bem melhor. Pena que o Zack Snyder não dirigiu o filme =( Certamente teria sido bem melhor. Além disso, Sullivan Stapleton foi um ator bem inferior ao viadinho do Gerard Butler, o rei Leônidas do primeiro filme, que não quis dar as caras no novo filme.
As cenas de batalhas foram legais. Muito sangue, decapitações, mutilações, gritos, discursos épicos, exortações à guerra. O campo de batalha marítimo também foi muito louco. Muito bem feito. Todavia, o filme deveria ter se atentado ao fato de que o que salvou os gregos não foi a intromissão dos espartanos no mar ou a união de toda a Grécia, mas sim questões técnicas das embarcações e a inteligência de Temistócles na batalha de Salamina.
A história real é tão melhor que as contadas nos filmes de hoje. Fico me perguntando porque essas produtoras optam por fazer filmes históricos sempre iguais (bobos) ao invés de retratar a história como foi. Seria muito mais interessante. Pode colocar banhos de sangue, heróis, cabeças rolando, gritos, mas que seja fiel à história. As relações da antiguidade eram tão instigantes. Adorava estudar história quando criança. A sociedade espartana é tão bacana. Pena que eu nasci no Brasil e não em Esparta. Gosto mais dos valores daquela cidade-estado do que os nosso valores: funk, materialismo, jeitinho brasileiro, balada
Voltando ao filme, o fato do Rodrigo Santoro aparecer não mais do que dez minutos no filme também foi bom e o fato de não falar quase nada também kkkkkk Brincadeirinha. Acho que Hollywood deveria tratar melhor atores estrangeiros e que o Rodrigo Santoro não deveria mais se submeter a este tipo de papel secundário ou mesmo terciário.
De ascensão de Império o filme não tem nada. A história narra a rivalidade entre Temistoclés e a doce Artemisia, interpretada pela apaixonante Eva Green.
Artemisia salvou o filme literalmente, não só porque a personagem é marcante tanto pela personalidade forte, sagaz e determinada como pela beleza, mas também porque é uma delícia de comandante. Sexy para car… Deu vontade de ser um soldado persa para lutar por ela, rsrs. E quando ela pede para o Temistoclés mudar de lado durante a cena do sexo selvagem… diferente dele, eu teria mudado rapidinho, pois com aqueles seios na minha cara seria impossível dizer não, rsrsrs. Vou lembrar… da Artemisia até o final da minha vida =)
Uma mulher comandante linda, boa de briga, mandona, inteligente, independente, dark, com roupas negras coladas no corpo e cruel, extremamente cruel, quer mulher melhor do que essa? Rsrs
Enfim, esperava mais do filme, mas foi bom, o melhor que vi este ano, o que não era muito difícil de ocorrer. Se fosse melhor dirigido, se tivesse um Temistócles mais fodão e se fosse mais apegado à história real seria épico e lembrado por séculos.
Títulos de filmes diferem dependendo da língua de cada país…se aqui no Brasil o novo filme da Disney chama-se Tinker Bell: Fadas e Piratas, em outros lugares chama-se Fadas Piratas ou simplesmente A Fada Pirata (no singular mesmo).
Seja como for, o filme contém todos os ingredientes Disney: as fadinhas são politicamente corretas (há uma negra, uma loira, uma ruiva, uma morena, uma asiática, uma que tem cabelos azuis…); as musiquinhas têm refrões grudentos, mesmo na versão dublada; há uma protagonista (ou melhor, anti-heroína) em semi-crise existencial (o filme começa com a música “Who I am”, com uma letra que diz que ela quer ser livre para ser quem é…) que deverá enfrentar certos obstáculos antes de conseguir sua vitória final, a importância da amizade fiel e do perdão, enfim, tudo aquilo que já é manjado.
Em termos de narrativa, temos o seguinte: Zarina, a protagonista (pois é, a Sininho nem é a mais importante do filme mas lá está o nome dela no título, afff…) é uma fadinha descuidada – ela gasta pozinho mágico demasiadamente e começa o filme andando pelo Refúgio das Fadas por conta de não ser precavida nem econômica o suficiente (caso você não tenha entendido, as fadas não voam por serem seres mágicos, e sim porque salpicam pozinho mágico sobre si). Ao longo da breve caminhada de Zarina somos introduzidos ao mundo mágico em que as fadinhas vivem: não vemos apenas a floresta linda e coloridissima, que mais parece um jardim celestial, como também os insetos e outros bichinhos que ali habitam (alguns dos quais são banhados pelas fadinhas com o auxílio de flores!). Tudo muito lindinho e fofo, mas desde essa primeira sequência já dá para ver a ética laboral em ação: todos ali estão trabalhando incessantemente, cada qual com sua tarefa (uma fada, a que tem poderes botânicos, joga pozinho sobre botões para fazer as flores crescerem rapidamente; outra, cujo poder exerce sobre as águas, rega as flores; uma terceira, cujo poder é manipular a luz do sol, direciona tal luz para contribuir com o processo), divisão do trabalho em último grau, não há tempo para curtir…Vejam o início do filme, tem 51 segundos:
Apesar de todos parecerem felizes (há sons de risadas desde os primeiros segundos de filme) e não-alienados, Zarina é a única que aparenta de fato estar feliz e integrada com a natureza (pula de flor em flor, balança num cipó, passa as mãos nas plantinhas), ela é a única “peça que não se encaixa” na “máquina” que funciona perfeitamente ali. Não é tão produtiva quanto o restante, até porque “perde tempo” caminhando ao invés de se locomover pelo modo socialmente aceitável, e na fábrica de pozinho mágico (que na verdade é uma árvore), quase chega atrasada, interrompe a linha de produção, questiona a fatura do pozinho…em suma, ela tem curiosidade científica, não é alienada, sempre pergunta o porquê disto e daquilo, e realiza experimentos paralelamente à atividade profissional rotineira e maçante.
Por isso mesmo, ela é mal vista pela comunidade em geral, e muito em breve se tornará a “rebelde sem causa” aos olhos deles, não só por questionar a como é feito o pozinho dourado, e de onde vem o pozinho azul que o origina, mas também por imaginar (e fabricar) como seriam as coisas se existissem os pozinhos rosa, roxo, laranja…a fadinha, por perturbar a ordem, perderá o título de guardiã do pozinho e expulsa do paraíso.
Marginalizada, ela se tornará presa fácil dos piratas, cuja manipulação pseudo-amigável tem como resultados: 1- a traição à comunidade (ela bota todos para dormirem com pólen de orquídeas!); 2- o roubo do pozinho azul; 3- a traição às amiguinhas (ela troca o talento de todas); 4- a captura e aprisionamento das amiguinhas, e, no final das contas – quando o pirata James (o futuro Capitão Gancho) revela suas intenções verdadeiras – de si própria.
O restante do filme resume-se às tentativas de fuga e de resgate das fadinhas – tanto do pozinho mágico quanto da própria Zarina -, bem como às tentativas de impedir os piratas de alcançarem seus objetivos. Claro que tudo acaba bem, afinal, é um filme da Disney, oras, a ordem tem que ser restabelecida sem o prejuízo de nenhuma das partes!
PS 1 – o jacarezinho que mais tarde vai comer a mão do Gancho é um fofo!!!
PS 2 – claro que as fadinhas têm corpos perfeitos, maquiagem idem, cabelos idem e vestidos idem. Péssima influência sobre as meninas da audiência que, assistindo a este e outros filmes similares, desde cedo terão incutidos em seus olhos, cérebros e corações os ideais “periguetenses”…”
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Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos. É sincretizado com São Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.
A relação de Ogum com os militares tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo ioruba. Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados), Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas (as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após ter sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.
É orixá das contendas, deus da guerra. Seu nome, traduzido para o português, significa luta, batalha, briga. É filho de Iemanjá e irmão mais velho de Exu e Oxossi. Por este último nutre um enorme sentimento, um amor de irmão verdadeiro, na verdade foi Ogum quem deu as armas de caça à Oxossi. O sangue que corre no nosso corpo é regido por Ogum. Considerado como um orixá impiedoso e cruel, temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos, ele até pode passar esta imagem, mas também sabe ser dócil e amável. É a vida em sua plenitude.
A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem aceita a rejeição. Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.
Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados.
Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro Deus Iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras.
Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça – representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô.
No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de Caboclo, que se refere obviamente ao que chamamos de Candomblé de Caboclo.
Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.
Obs.: na foto abaixo não gostei da referência à morte do tigre =(
- Maldito! Fuja! Logo irei atrás de você! – Bradou eufórica e aliviada Hera, certa da vitória. – Íris, comunique Hades de que quero firmar uma aliança para caçar e prender Zeus no Tártaro. Teia, Mnemosine, Febe destruam Afrodite. Ares, destrua Ganimedes e guarde a cabeça da putinha para dá-la a Zeus antes de jogá-lo no inferno. Hefesto, levante o campo de força novamente e volte a produzir mísseis e autômatos AGORA! Temos muitos inimigos dispersos por aí. – Hera já se sentia a nova governante do Olimpo e não queria que essa sensação a deixasse. Era bom estar no poder! Hera não admitiria qualquer oposição. Pretendia se perpetuar no poder, assim como fizera Zeus. Distribuía ordens para todos aqueles que consideravam seus aliados-subalternos. Planejava acabar com todos seus inúmeros inimigos, que agora também eram inimigos do Olimpo: Zeus, Afrodite, Ganimedes, Ísis…
Entretanto, uma questão surgiu.
- E meu prêmio?! – Questionou inoportuno e com um pé atrás Hefesto, quase suplicante e com tom de voz praticamente inaudível.
Apesar do temor reverencial, dentro de crescia uma grande angústia: precisava ser ouvido, contemplado, reconhecido.
- Quero uma mulher que me ame. Quero uma nova Pandora, faça-a como prometeste. – Exigiu tenazmente o deformado deus, suplicante por amor, atenção e carinho – em que pese estar casado com a própria deusa do amor. Estava cansado de ser preterido, feito de bobo, de ser esquecido e discriminado por todos. Nunca era ouvido e ainda assim acusavam-no de “coitadinho”.
- VÁ CUMPRIR SUAS TAREFAS!!!! – Explodiu histérica Hera. – Como ousa cobrar uma promessa da rainha do Olimpo?! Coloque-se no seu lugar criatura repugnante ou te jogarei novamente Olimpo abaixo!!!! Entendeu?! – Revoltou-se Hera inconformada com a impertinência e prepotência daquele deus horrível e pouco relevante na conjuntura política do Olimpo. Talvez a deficiência física do deus das forjas não fosse a única, talvez fosse um retardado mental também, pensava a mãe sobre o filho.
“Uma pergunta dessa no meio da sucessão do Olimpo?” Revoltou-se. “Uma questiúncula amorosa sendo aquilatada como se fosse uma questão de Estado?” Cada vez mais Hera se decepcionava com a prole incompetente e famigerada. “O que há de errado?” Questionava-se. “Sou competente, perfeita, organizada, poderosa, mas minha prole com Zeus… Por que os filhos que o cachorro vira lata teve com deusas, ninfas e mulheres são melhores que os meus?” Estresse. “Hebe é desastrada e ingênua. Ilítia é uma parteira sem qualquer influência ou importância. Ares um escrotão. E Hefesto…”
Hefesto, desolado e incrédulo, recuou. Não sabia o que fazer. Traiu o pai, pois queria uma esposa que o amasse e que o aceitasse da forma que ele era. Estava decepcionado com a vida amorosa e com o casamento. Sempre fora rejeitado pelo fato de ser feio, repugnante e deficiente físico. Afrodite não lhe dava bola e o traía todos os dias. Hefesto fizera o corpo de Pandora, que depois teve a personalidade moldada por Zeus e Atena. O deus ferreiro se apaixonara pela bela criação, mas como Pandora fora dada a Epimeteu, tentou várias vezes recriá-la; queria a sua própria Pandora. Uma mulher que fosse linda e curiosa, que o amasse acima de todas as coisas, pouco se importando com a absoluta falta de beleza do deus coxo, pouco se importando com o fato de ter ejaculação precoce e pouco se importando com a história desgraçada que sempre vivera.
Frustrações atrás de frustrações…
Nada dava certo.
Hefesto fora traído pela própria mãe. E a falta de respeito não vinha de hoje… vinha de milênios. Abandono afetivo é foda! Fora jogado pela mãe do Olimpo assim que havia nascido, pois Hera queria uma descendência perfeita, tal como os espartanos.
O deus ferreiro sentia que precisava fazer alguma coisa. Mas o quê?! Trocar de lado novamente?! Não! Hefesto não o faria. Seria destroçado pelo pai. Vingar-se da mãe? Não! Hefesto queria paz. Queria fugir dali. Queria esquecer todas aquelas decepções. Seria um covarde se fugisse? Ou covardia era não admitir que errava ao ignorar tanto desprezo? Mas enfrentar o cruel poder de Hera? Não tinha chances. Viu o que ela fez com Hércules. A fuga era o melhor caminho, pois certamente aquele reinado não duraria muito… Hera, no afã de governar, de tomar o poder de Zeus, cegou-se.
Hera havia comprado a lealdade de Hefesto prometendo que faria uma nova Pandora para o deus carente. Hera o convencera de que Afrodite e Zeus foram cruéis e desatentos com os sentimentos do deus coxo. Zeus e Atena poderiam muito bem desenhar a personalidade de uma nova Pandora para Hefesto, mas nunca o fizeram. Bastava que a moça fosse curiosa para que essa nova criatura se interesse por ciência, tecnologia, física quântica, nuclear e astrofísica; não por maquiagem, bolsas, sapatos, cabelo ou em postar fotos no facebook, como a grande maioria de bucéfalas fazia na Terra.
Ademais, Atena o rejeitara no passado, fato que dera origem a Erictônio.
Ao longo dos últimos anos, Hera lembrou inúmeras vezes Hefesto aos sussurros que Afrodite fizera um amor para um velho escultor chamado Pigmalião: Galatea. Afrodite deu vida à estatua por quem o escultor, cansado das mulheres normais, complicadas, ciumentas, barraqueiras e interesseiras, se apaixonara. Pigmalião era um mero mortal! Um velho carente que cultuava a própria obra de mármore em forma de mulher. Por que não fazer o mesmo para aquela criatura divina e tão carente? Um deus valia mais do que um mero mortal. Até Hefesto valia mais! Todos esses deuses poderiam ter ajudado Hefesto, mas nunca o fizeram, apenas se aproveitaram dele; aproveitaram-se de seu trabalho, de seus mísseis, autômatos e geringonças. Nunca deram nada em troca… e era tão simples agradá-lo…
Zeus partiu sem falar para Hera que os titãs foram libertados. A esposa certamente perderia o apoio das titânides assim que elas descobrissem isso. Também não quis alertá-la que Apolo estava de volta. A bruxa que se fodesse! A velhaca gostosa pediu apoio de Ares e Hefesto. Grande erro! Era o mesmo que não ter apoio ou pior que isso: era como confiar em um inimigo. Como pedir para ser apunhalada pelas costas. Ares, em especial, era como o partido de centro: promiscuo, mercenário e interesseiro. Se vincularia a quem lhe desse melhores cargos; a quem lhe desse mais vantagens. Ânsia pelo poder a fez tomar atitudes e fazer escolhas equivocadas, aliás, suicidas.
Todavia, no fundo, mas bem no fundinho mesmo da alma, naquele momento em que via seu mundo desabar, Zeus sentiu pena da esposa. Por que seu casamento tinha chegado àquele ponto? Surpreendeu-se ao fazer essa pergunta. Nunca a tinha feito. Sentiu-se culpado, o que também nunca acontecera com relação à esposa.
Independente dessa omissão que levaria Hera às profundezas da derrota e de seus sentimentos confusos pela esposa, Zeus também se sentia impotente tanto quanto aquele homem que brochou quando finalmente transaria com a mulher de seus sonhos. “Isso nunca aconteceu antes”, pensou Zeus, ignorando que em duas ocasiões passadas ficou impotente: uma quando ficou preso a correias de couro cru na famosa conspiração perpetrada por Hera e outra quando Tifão lhes arrancou os tendões do corpo, após a primeira batalha contra a fera, que agora novamente estava em seu encalço.
Enfim, estava tudo fora de controle! O centralizador Zeus viu seu poder se esfacelar. Agora tinha Tifão e Gaia no encalço. Viu os titãs serem libertados, o renascimento de Apolo e a concretização da aterradora profecia. Trevas era o filho de Zeus, aquele destinado a roubar-lhe o trono. Hades, Poseidon, Apolo, Hera, Ares, Hefesto, Odin…
Zeus, Atena, Hermes e Hércules seguiram céleres para Asgard. Sulcos e fendas profundas eram feitos na terra tamanha era a força do deslocamento de ar provocada pelo vôo épico. Sentiam a aproximação rápida do monstro Tifão. Hércules, Atena e Hermes tremeram receosos, pois a criatura era estupenda e havia derrotado Zeus na primeira batalha que travaram milênios atrás. Não se tratava de um engenho de Hefesto como o da festa ocorrida em 24.08.06. Tratava-se do verdadeiro Tifão! A besta fera mais diabólica e terrível que já havia passado pelo universo.
No entanto, não foram apenas os quatro olimpianos que perceberam a aproximação da presença agressiva do animal cheio de fúria e desprezo, filho de Tártaro e da rancorosa Gaia, cujo objetivo era libertar os titãs, unir seus filhos e prender Zeus no Tártaro.
Heimdall também percebeu a aproximação funesta. Logo a trombeta Gjallarhorn ecoou por todo horizonte asgardiano alertando os cidadãos do perigo e os concitando à guerra.
Um sentimento de medo e preocupação tomou conta dos já abalados corações asgardianos. Aquela trombeta soando novamente? Mais uma tragédia se anunciava, mais uma guerra se aproximava. Eram sinais de que a paz havia acabado de vez e que tempos difíceis viriam para aquele povo que até pouco tempo atrás se vangloriava de ser o único panteão a salvo das perturbações provocadas pela contenda entre dois dos pilares do Olimpo e pela agressividade e oportunismo manifestos dos egípcios.
O pulsante exército asgardiano, já em alerta e preparado desde o roubo das maçãs, em resposta ao chamado da poderosa trombeta, pronta e rapidamente desceu em marcha a ponte Bifrost, ocupando a base dela, como sempre fizera em treinamentos e em guerras passadas. Em meio às centenas de milhares de soldados, o cume político administrativo da pirâmide governamental asgardiana surgiu imponente: Odin. Montado no cavalo de oito patas Sleipnir, ladeado pelos corvos Muninn e Hugin, acompanhado pelos lobos Geri e Freki, portando a lança Gugnir, o deus supremo de Asgard encabeçou toda a multidão divina e tomou assento no posto mais alto e avançado do forte que protegia o início daquela via suspensa para Asgard. Ao seu lado, Thor, Heimdall, Braggi, Vidar, Hermod, Njord e todos os deuses mais influentes, temidos e respeitados daquele paraíso germânico.
Odin estava de orgulho ferido em função da traição de Freya e o povo escandinavo angustiado. “Onde estão as maças? Onde está Idunna? O que será de nós? Vou ter que usar botox?” Eram perguntas que não deixavam as mentes asgardianas temerosas do envelhecimento do corpo que sustentava suas vidas. Os estoques de maçãs divinas estavam se esgotando rapidamente. Havia confusão na distribuição de maçãs. Os deuses supremos e militares tinham preferência e o que sobrava para o resto da população era disputado ferozmente pelo até então educado e unido povo asgardiano. Era como se a fome se alastrasse entre a população civil. Muitos escondiam suas maçãs, outros as furtavam. Logo haveria agressões físicas e morte pelo fruto em extinção. O caos se instalaria entre os civis. A tão organizada Asgard afundaria em um mar de desespero, brigas, saques, furtos, roubos, mentiras e assassinatos. Para deixar a situação mais dramática, ainda não havia quaisquer notícias dos bersekes enviados pelos nove mundos em busca de pistas sobre o paradeiro das maçãs e de Idunna. Cada segundo era de vital importância para os asgardianos e agora os principais suspeitos de terem levado as maçãs estavam lá, diante deles.
Outra coisa que incomodava Odin era que Frey e Freya não haviam voltado e Heimdall não conseguia vê-los mesmo tendo uma visão apurada, similar à de Hórus. Descumpriram as ordens dadas por Odin? Era só isso o que faltava! O que haveria acontecido com os queridos deuses Vanir, filhos de Asgard? Esconderam-se? Acovardaram-se? Desertores! Deveriam ser punidos em praça pública?! Sim. Deuses do quilate de Frey e Freya seriam punidos para que Odin demonstrasse poder, pulso firme, controle, diante daquela situação aterradora.
Problemas, problemas, problemas! Raiva, ódio, desespero, rancor, ciúme, hierarquia, imagem, balbúrdia. Tudo passava pela mente de Odin. O destino de milhares e o de Asgard estavam em suas mãos. Imprevisibilidade.
Zeus e seus aliados pousaram a poucas dezenas de metros de distância da fortaleza onde já estava todo o imenso exército asgardiano.
Mais uma vez os dois líderes se encontraram: Zeus e Odin. Dessa vez, entretanto, em precárias situações, diferente do dia 16.11.08 em que ambos governavam seus respectivos impérios certos de que de seus postos jamais seriam demovidos. Agora ambos corriam risco de perderem o poder completamente e serem extirpados dos nove mundos como traidores ou pior: riscados da história.
- Odin. Traga suas tropas para o Olimpo, antes que seja tarde demais! – Antecipou-se convicto, peremptório, porém esbaforido Zeus, sem papas na língua. – Vamos destruir nossos inimigos! – Trovejou.
- Onde estão as maçãs?!!! – Questionou trovejando mais ainda Thor, furioso. Raios explodiram por várias regiões da futura arena de combate.
- Onde está Idunna?! – Indagou angustiado o sempre contido e formal Braggi, igualmente se antecipando a Odin, num misto de raiva, esperança e consternação. Sabia que era melhor a cooperação entre os povos para salvar Idunna do que uma luta desgastante entre deuses, apesar de suspeitar seriamente dos gregos. Talvez se Odin ajudasse Zeus, Idunna reaparecesse. Não obstante ser o asgardiano mais ferido em toda aquela situação, pois não só perdera a imortalidade, mas também seu amor imortal, guiado pela ternura, Braggi tentava por de lado suas paixões e emoções. Tirava sua força das memórias que tinha de Idunna.
- Não fomos nós que pegamos as maçãs! – Alertou Atena. – Nos ajudem a recuperar o Olimpo e os ajudaremos a recuperar as maçãs onde quer que elas estejam.
Num átimo de segundo, uma imagem veio refrescar a mente de Zeus. Lembrou-se de que Apolo e os titãs estavam comendo maçãs douradas quando saíram da boca do Inferno. Entretanto, antes que pudesse falar qualquer coisa. Viu Thor surgir impaciente diante dele como um raio, ávido por luta e pancadaria, como nos velhos tempos. Thor estava cansado da vida doméstica imposta por Sif. Não gostava de fazer “sala” para as visitas de Sif ou visitar parentes e amigos da esposa, mal os conhecia e sequer tinha interesse de os conhecer. Achava trivial e frívolo comprar presentinhos banais para quem visitava, conversar sobre banalidades, sobre o casamento da tia Maricota ou sobre os problemas de saúde da tia Cocota, como era peculiar de Sif, bem como achava uma perda de tempo ficar vendo bebezinhos, seus primeiros gestos e de notar que os hipocorísticos a eles destinados eram sempre os mesmos. Não se importava se a casa não estava um primor de limpeza, não era um valor que carregava dentro de si ou algo que considerasse importante, até por isso não entendia as acusações de Sif, que diziam que o trabalho doméstico não era dividido de igual maneira. Thor se lembrava nessas ocasiões chatas que quando era jovem e morava sozinho, apesar de nunca estar esterilizada, como fazia questão Sif, a casa era limpinha, não havia nada fedendo e o máximo que se acumulava era um pouco de pó. Se só Sif fazia tanta questão de manter a casa cheirando a água sanitária e desinfetante, porque dividir as tarefas? Não era justo. Thor sempre fez questão de proteger Asgard, o que realmente era importante, e nunca exigiu que essa tarefa fosse “compartilhada”. Os direitos sempre deviam ser iguais, mas nunca os deveres, tsc tsc tsc. Se ela tinha “toque”, problema dela, oras! Era insuportável quando ela ficava verificando se a louça estava lavada corretamente. Um total desperdício de tempo. Se nunca estava satisfeita com a lavagem expressa e prática de Thor, ela que fizesse o serviço, oras! E quando queria que a louça fosse enxugada? Absurdo! Até precisassem usar novamente os utensílios, pasmem, eles já estariam secos!!!! O pior era quando falava mal da empregada. Se não gostava do trabalho dela ou se não confiava na doméstica, por que contratá-la? Só para ter um estresse desnecessário? Thor entendia que a casa era um lugar para sossego e não neurose. Sentia saudade dos campos de batalha… Enfim, Thor estava cansado daquela vida sem vibração, sem adrenalina, ou fortes emoções, na qual os conflitos se resumiam a discutir se a louça foi lavada corretamente, com implicâncias e neuroses desnecessárias. Tédio e aborrecimento total, eufemisticamente falando. Mais um pouco ficaria gordo e decadente.
Por derradeiro, estava cansado de ser acusado de anti-social – embora tivesse MUUUUUUUUUUUUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIITO mais amigos que a consorte, muito mais mesmo! Anti-social porque não queria repetir sempre as mesmas ladainhas para as mesmas pessoas? Por não querer ter um diálogo frívolo, perfunctório e cheio de clichês? Por não querer visitar um local esquisito onde se realizavam supostas cirurgias espirituais? Thor, em eventos sociais, via as pessoas discutindo sem ao menos saber sobre o que falavam. Não liam os documentos sobre os quais discutiam, não sabiam justificar os pensamentos com argumentos lógicos e não meramente emocionais, não aprofundavam os temas que discutiam ou tentavam discutir. Se não querer falar só por falar era ser anti-social, Thor preferia sê-lo e não tinha qualquer problema em pensar assim… não fosse seu amor por Sif.
Em suma, finalmente Thor teria uma luta épica, certamente a mais épica que já tivera em toda sua longa vida. O guerreiro deus não via nada além de Zeus. Sangue nos zóio, mano! Não ouvia nada.
- Devolva as maçãs ou sinta a Fúria de Thor, o antigo matador de gigantes e futuro destruidor dos deuses gregos!!!! – Ribombou confiante Thor, sem tirar os olhos eletrizados e ameaçadores de Zeus. As veias pululavam pelos braços e pescoço do deus nórdico.
Gritos de guerra e êxtase partiram dos exércitos asgardianos.
Entre os duelos de raios de Zeus e Thor que rasgavam e fustigavam o solo, no entanto, se interpôs Hércules que sem aviso prévio acertou um potente golpe com seu porrete no rosto de Thor.
Thor voou centenas de metros rodopiando sobre o próprio centro de gravidade e rasgando o solo. Nuvem de poeira. Sem perder tempo, Hércules se jogou sobre o deus nórdico e distribuiu muitos socos e chutes. Finalmente eles acertariam as contas e definiriam quem era o mais forte do universo.
…
Ambos atravessaram uma montanha trocando socos, chutes e golpes com suas armas. Logo tomaram, como as aves de Estinfália, os céus. A luta titânica era espetacular, tal como a luta entre Hércules e a Hidra de Lerna. Cada golpe produzia uma grande explosão no céu. Os que tiveram oportunidade de presenciar tal choque de colossos não piscavam. Seja pelo esplendoroso embate de forças, seja pelo medo. Todos os asgardianos tremiam que aquelas duas potências em pleno confronto caíssem sobre eles e os esmagassem ou que algum golpe desavisado os acertasse mortalmente. A peleja parecia equilibrada, não obstante o ataque inicial e desavisado de Hércules.
Ambos os titãs gritavam a cada troca de golpe. Objetivavam demonstrar reciprocamente toda a masculinidade ímpar que possuíam não só para o inimigo, mas para aqueles que assistiam o embate colossal. Mas logo a clava de Hércules, que uma vez detonou as três cabeças do gigante Gerião, quebrou ao se defrontar com a marreta mágica de Thor, a invencível Mjolnir.
Thor sorriu. Cuspiu sangue, confiante.
Thor, certo da vitória e atento à condição do castigado corpo de Hércules, seja pelas dentadas de Fenrir, seja pelos socos e pontapés dos titãs, seja pelo poder de Hera, seja pelo raio de Zeus, largou sua arma em pleno ar que, ao tocar o chão, de tão pesada, rachou a terra e provocou um grande terremoto. Também tirou o cinturão mágico que lhe dava força extra (Megingjard), bem como as luvas mágicas (Jarngreip). Seria uma luta mano a mano, sem armas ou magiquinhas.
Hércules sorriu. Thor era burro? Indiferente à falsa boa vontade de Thor, que na verdade nada mais era do que pura arrogância, Hércules não deixaria de usar a força capaz de segurar o Firmamento. Não teria pena nem piedade. Estava confiante, visto que considerava Hera a sua pior e mais poderosa inimiga e que ela já não mais podia controlar a sua mente. Sentia que as feridas abertas e a pele queimada o deixavam mais forte, pois lhe causavam irritação, “a la Huck”, necessidade de socar, de extravasar, de descarrega sua fúria em alguém, em Thor, seu rival histórico. Zeus e Atena, por seu turno, observavam tudo apreensivos. Temiam por Hércules, em que pese a confiança demonstrada pelo deus herói. Odin olhava a atuação do filho confiante.
- Não preciso das minhas armas e dos meus raios para te derrotar, grego. Já notei que o senhor não é páreo para mim. – Thor menosprezou o adversário – Vidar seria um adversário mais adequado para você. – Vidar era conhecido como o segundo deus mais forte de Asgard. – Não, talvez minha filha, Thrudh. – Gargalhou perverso. Fechou a cara. – Sinta a força do campeão de Asgard, filho de Odin e de Jord, a mãe terra, argh!!!!!!!!!!!
“Terra”, pensou Hércules.
- Mortal, vou destruí-lo tal qual destruí Anteu, argh!!!!!!!!!!!
Berrou Hércules o nome de Anteu para fazer alusão ao filho de Poseidon e da deusa terra grega, Gaia, que só poderia ser derrotado se fosse afastado do solo, de onde extraia sua força titânica.
E ambos mediram forças
O embate corporal foi feroz e logo teria seu vencedor…
Em um ponto qualquer do tempo-espaço, havia um Santo chamado Golias Paulo. São Golias era um verdadeiro titã, uma potência vitoriosa, dona de incomensuráveis feitos e incontáveis títulos.
Respeitado pelos bons e invejado pelos maus, São Golias traçava muito habilmente seu caminho de glórias e vitórias.
Golias Paulo vivia em uma floresta repleta de bichos ameaçadores como gambás, porcos, leões, urubus, peixes, galos, raposas e sacis-pererês.
Frequentemente alçava voos para desafios maiores em terras orientais, onde sempre triunfava, pois era o melhor representante daquela floresta. Apesar das ameaças constantes da bicharada, Golias era soberano, principalmente quando o desafiavam em sua bela casa, o Morumtri. Invariavelmente vencia seus adversários mesquinhos, incompetentes e corruptos.
No entanto, um dia, São Golias, Golias Paulo ou São Paulo, como também era conhecido, encontrou uma garrafa de vodca chamada Juvenil Jumêncio.
Foi o início da decadência…
No começo da bebedeira ainda era vitorioso nos combates que travava contra seus rivais, mas aquela bebida alcoólica diariamente e cada vez mais trazia o vício do continuísmo e da arrogância. Trouxe doenças e a cegueira também. Golias Paulo começou a tropeçar sozinho.
Nosso herói não mais se renovou. A bebida acabou com sua capacidade de se reinventar, de se manter moderno, de se manter atualizado, de ser referência dentro daquela floresta. Queria fazer tudo ao mesmo tempo, mas não fazia mais nada direito. Golias se limitava a dizer que entendia das coisas e que tinha razão, embora fosse motivo de chacota. Ficou arrogante, insuportável. Aqueles que conviviam com São Golias se dividiram em dois grupos: bajuladores babacas e pessoas competentes. Estas, insatisfeitas, já não rendiam mais como antes, notavam que a centralização do poder e a petulância de Golias logo o derrubariam. São Golias Paulo passou a trocar frequentemente as pessoas que o cercavam e contar com incompetentes em seus quadros achando que a estrutura que outros haviam construído com ele se manteria sozinha, sem material humano distinto. Enfim, muitos apoiadores de São Golias, aqueles que o ajudaram a se transformar em referência, muitos dos que o amavam foram embora, se afastaram… tudo por causa da bebida.
Mas não só os vícios vieram, as doenças também. A primeira doença que a bebida Juvenil Jumêncio causou foi a transformação de uma eficiente, porém envelhecida, célula de defesa do corpo de Golias chamada M1to, em um carrapato chamado Fomério Senil. A mencionada célula de defesa foi convencida a ficar porque também não percebeu que seu tempo havia passado; que o ciclo da vida deveria ser respeitado; que deveria dar lugar a outra célula de defesa; que havia ficado chata. Invariavelmente perdia a chance de aposentar e de ser lembrada pelos seus feitos e não por sua perenidade desarrazoada ou pelas sucessivas falhas recentes.
Fomério Senil às vezes salvava, às vezes falhava na salvaguarda da saúde de Golias. Deixou de ser confiável. Enfim, deixou de renunciar ao seu trabalho, ignorando os efeitos da passagem do tempo, para dar lugar ao egoísmo e ao intervencionismo no organismo hospedeiro.
Depois Golias pegou um vírus chamado Luís Pipoqueiro. Nas batalhas mais intensas, quando mais se exigia frieza, controle emocional, atitude, perseverança, tranquilidade, profissionalismo, hombridade, ataques precisos e que colocassem um fim na batalha, Golias explodia descontroladamente de raiva e fúria; tomava golpes que o levavam a nocaute. Derrotas para gambás, porcos, peixes, sacis-pererês se tornaram freqüentes.
Mas as coisas podiam piorar e pioraram. Outra doença chegou no Morumtri: Paulo Apático Ganso. Outrora reconhecida como uma bactéria benéfica para o corpo dos peixes, Paulo Apático Ganso se instalou em Golias e trouxe apatia para a vida do gigante. Não havia mais em Golias vibração, ambição, intensidade, vontade de viver, desejo pela vitória… agora só havia comedimento, sorrisinhos laterais, acomodação, resignação, desculpas esfarrapadas e cara de bunda. O talento do outrora talentoso Golias foi apagado por essa bactéria.
Por fim, Golias Paulo ficou cego, não biologicamente, mas mentalmente. O mundo se despedaçava ao seu redor. O isolamento e brigas com antigos aliados se tornaram frequentes. Golias deixou de ser um exemplo, de ser uma referência, de ser o que todos gostariam de ser. Isolado, sem rumo, ultrapassado, Golias passou a perder não só para seus tradicionais rivais, mas também para coxas, macaquinhas e, pasmem, penas…
Ainda assim se achava soberano. Realmente estava cego. Vivia do passado. Continuava a olhar de cima para baixo sempre que se levantava dos sucessivos tombos em arapucas, sem qualquer humildade, sem ter aprendido a lição. Não largava da bebida. Aqueles que o amavam e por ele torciam sofriam a cada golpe, a cada queda, a cada derrota vergonhosa daquele gigante.
2006 – Libertadores, perdeu a final para o Inter 2006- Recopa, perdeu para o Boca Juniors 2007- Libertadores, eliminado nas oitavas de final pelo Grêmio 2007- Paulista, eliminado pelo São Caetano na semi 2007- Sul-Americana, eliminado nas quartas pelo Milionários (COL) 2008- Libertadores, eliminado nas quartas pelo Fluminense 2008- Paulista, eliminado na semi pelo Palmeiras 2008- Sul-Americana, eliminado na primeira fase pelo Atlético-PR 2009- Libertadores, eliminado nas quartas pelo Cruzeiro 2009- Paulista, eliminado na semi pelo Corinthians 2010- Paulista, eliminado na semi pelo Santos 2010- Libertadores, eliminado na semi pelo Inter 2011- Paulista, eliminado na semi pelo Santos 2011- Copa do Brasil, eliminado nas quartas para o Avaí 2011- Sul-Americana, eliminado nas oitavas para o Libertad (PAR) 2012- Paulista, eliminado pelo Santos na semi 2012- Copa do Brasil, eliminado na semi pelo Coritiba 2013- Paulista, eliminado pelo Corinthians 2013- Recopa Sulamericana, eliminado pelo Corinthians 2013- Libertadores, eliminado pelo Atlético Mineiro
2013- Sul-Americana: São Paulo 1×3 Ponte Preta / Ponte Preta 1×1 São Paulo (semifinal)
2014- Paulista: São Paulo 0×0 Penapolense – 4×5 nos pênaltis (quartas)
São Golias Paulo não percebeu que anos sem vitórias se passaram, não percebeu que seus admiradores se afastaram, não percebeu que seus estandartes foram guardados, não percebeu que os inimigos se fortaleceram, ainda que inescrupulosamente, enfim achava que estava tudo sobre controle.
Porém há uma esperança, a garrafa de vodca chamada Juvenil Jumêncio está acabando e não há outra droga tão potente como aquela na floresta. O fim da decadência de São Paulo está próximo.
O fim do caos, das trevas, da tristeza, da desesperança, da vergonha, das lamentações, do choro, do olhar vazio e incrédulo, se dará no dia 16/04/14. Dia em que o gigante acordará. Dia em que o titã se livrará de seu mal, de seu vício cancerígeno. Dia em que o rolo compressor retomará seu curso.
Dia em que Jason voltará!
Dia em que Golias voltará a ser aquilo que sempre foi: um campeão! O maior de todos e do Mundo! Esse é teu destino São Paulo!
- Vamos maricas! Escravo de Ônfale! Aprendera com a mulher a costurar e esqueceu-se de como se luta? Crossdressing maldita! – Gargalhou Thor ao fazer referência à relação entre Hércules e Ônfale, ainda quando aquele era herói mortal, antes, portanto, da deidificação. Hércules foi escravo da rainha Ônfale da Lídia por longos anos. Lá as mulheres fingiam ser homens e estes fingiam ser mulheres. Ônfale se entretinha vestindo o novo escravo com roupas de mulheres, enquanto ela se envolvia na pele do Leão do Nemeia e tentava levantar o bastão. Como escravo Hércules tinha trabalho de mulher e gostava de fiar.
- Você também se vestiu de mulher que eu sei. – Argumentou Hércules cansado daquela babaquice e resfolegando um pouco. Fez menção a um fato ocorrido no passado em que Thor, para reaver seu martelo mágico furtado a mando de um rei gigante, Thrym, teve que se vestir de noiva e passar-se por Freya, com quem o gigante pretendia casar. Noivou o rei. – Tomou muito na bunda travecão? – Ironizou Hércules, pois Thor, de fato, não parecia nada feminino no disfarce de noiva, parecia sim uma mulher hiper bombada. O escandinavo teve muita sorte ao conseguir levar o engodo adiante, reaver a marreta e, então, matar o rei gigante e toda sua corte cruelmente.
- Você só bate em mulher. – Provocou Thor, um pouco incomodado, e gargalhou. Fez referência ao nono trabalho de Hércules: levar para Edmeta, filha de Euristeu, o cinturão de Hipólita. – E foi morto por uma. – Continuou desrespeitoso o nórdico. Lembrou de que Dejanira, melindrosa e insegura, deu ao marido, com o intuito de não perdê-lo para outra mulher, um casaco banhado no sangue venenoso de Nesso, um centauro que odiava Hércules. No leito de morte, Nesso teve a companhia de Dejanira e lhe disse para guardar um pouco de sangue. O unguento deveria ser usado quando Hércules se apaixonasse por outra mulher. A outra mulher era Íole. Segundo Nesso, o “medicamento”, se devidamente usado, impediria que Hércules trocasse Dejanira por uma mais novinha, com tudo em cima e saradinha. Dejanira seguiu as recomendações do pérfido centauro quando Hércules se apaixonou por Íole. A esposa temerosa, e ludibriada pelas palavras do centauro, banhou uma das roupas de Hércules com o sangue de Nesso e levou Hércules a ter uma desgraçada e excruciante morte. A roupa banhada no corpo de Nesso se misturou à pele de Hércules sem que pudesse ser extraída, nem mesmo pela força colossal do herói. A sensação de queimação na pele era similar a de um ser humano sendo queimado vivo pela Santa Inquisição. Após muita dor, o veneno chegou à corrente sanguínea e aí matou o herói. Foi vômito verde e pus para todo o lado.
- Loki além de cortar os cabelos da perereca de Sif também a fodeu enquanto dormia? – Perguntou Hércules. Pausou. – Você acha mesmo que ele, inocentemente, apenas cortou os cabelos de Sif? – Questionou Hércules irônico. Riu sádico. – Corno… manso. – Arrematou. Com efeito, há um episódio famoso em que Loki, durante o sono de Sif, corta-lhes as madeixas.
Atena e algumas deusas nórdicas que assistiam o embate de palavras e provocações entre os titãs estavam se sentindo incomodadas com as provocações machistas de Thor e Hércules. Por que eles usavam o sexo feminino para se agredirem? Hércules segurou o firmamento sem qualquer dificuldade e Thor bebeu parte da água dos oceanos de uma só vez! Por que ao invés de exaltarem suas glórias, preferiam se rebaixar tanto e, por tabela, rebaixar o sexo feminino?
A última provocação de Hércules não só mexeu com as deusas, mas também com Thor. O deus do trovão ficou vermelho de raiva. Corno manso?! Explodiu! Atacou! Lembrar que o belo sexo de Sif satisfez outra criatura masculina, um irmão de sangue, era algo inaceitável. Foi cegado pela ira. Um novo embate se iniciou, uma nova troca de golpes começou, aquele era o começo do fim para um deles.
Depois de muita luta, gritos, rugidos, pancadaria, socos, provocações, chaves de braços, rosto esfregados no chão áspero, rochas explodindo na fuça dos titãs, o matador de gigantes de gelo passou a ter vantagem sobre o matador de gigantes gregos da gigantomaquia e de tal preeminência não mais se afastou.
De fato, a brincadeira havia acabado. Thor deixou de estudar o inimigo e passou ao ataque. A pressão sobre Hércules ficou muito grande e não havia a opção de dar tapas no chão para que um juiz qualquer desse por encerrado o combate.
Nem mesmo a fúria do Javali de Erimanto, do Touro de Creta ou do Leão de Nemeia se comparava a potência dos braços de Thor. Todos os socos e cotoveladas de Thor entravam na guarda de Hércules sem maiores dificuldades. Iam e voltavam com a mesma velocidade da corça de Cerinéia. Os doze trabalhos de Hércules e o confronto contra Hera não eram nada se comparados às dificuldades impostas pela máquina de guerra de Asgard. Drama.
Zeus e Atena viam impotentes seu parente definhar. Não podiam agir. A honra de Hércules e, por tabela, a dos gregos eram mais importantes do que a incolumidade física do deus grego da força. Para Hércules certamente seria mais digno desfalecer em batalha do que ser salvo pelo papai e pela irmãzinha. Incomodados não tanto pela derrota do ente familiar, mas pelo significado da derrota de um grego para um nórdico, Zeus e Atena não vislumbravam como Hércules poderia se livrar daquilo. Thor estava muito superior e tal superioridade crescia a cada minuto, a cada segundo. Era uma máquina de guerra viking. Cada soco arrancava vários dentes de Hércules e a sucessão deles foi tão intensa que afundaram Hércules centenas de metros no solo. A repetição insana do som seco e oco dos impactos dos socos de Thor causava aflição mesmo naqueles acostumados à barbárie das guerras.
Silêncio… Poeira… Segundos eternos se passaram.
Em meio à cortina de poeira levantada pela luta colossal, surgiu Thor arrastando pela canela o corpo inerte, ensanguentado e sem cabeça de Hércules. Os punhos do deus nórdico estavam em carne viva, sangrando, destruídos, repletos de massa encefálica, tamanha a ferocidade de seus golpes inclementes. Thor havia destruído o crânio de Hércules na porrada!
A poeira aos poucos abaixou, Thor, confiante, transpirando forte, parou entre Zeus e Odin, ergueu o corpo inerte de Hércules com uma mão e o jogou aos pés de Zeus. O nórdico arrogante deu as costas para o filho de Reia e se voltou para Odin. Estendeu os braços aos céus. Foi ovacionado pelo exército asgardiano. Sentiu novamente a glória inundar-lhe as entranhas; a mesma glória que tentava resgatar nas músicas que anos atrás cantava na banda “O Campeão de Asgard”. A busca pela vitória em batalha é o que o movia. A busca pela glória suprema era a sua busca.
Grito de guerra dos compatriotas!
Thor teve calafrios! Todas as veias e músculos do corpo saltaram. Raios e trovões caíram violentos por todas as partes! Era a tempestade da vitória! Uma verdadeira Thorablot (festa dedicada a Thor), aliás, a maior de todas. O deus do trovão foi aclamado pelo público asgardiano. Todos os guerreiros asgardianos estavam lá para testemunhar o feito. O que era um feito sem testemunhas? Urros de guerra ecoaram por todo o horizonte. Um grande gesto de poder e uma gigantesca afronta a Zeus. Thor havia demonstrado quem era o mais forte do Universo e pretendia demonstrar também quem era o verdadeiro deus do trovão….
Logo a Mjolnir voltou para suas mãos e na marreta mágica de curto cabo estavam penduradas as luvas Jarngreip e o cinturão mágico Megingjard. “O próximo será Zeus”, sentenciou pretensioso o campeão.
Thor girou cento e oitenta grau para lutar contra o ex-soberano do Olimpo. A batalha, a luta, o combate era o combustível de Thor. Zeus e o mais forte asgardiano definiriam quem era o deus do trovão?!!!!
Thor mostrou os músculos como se fosse um fisiculturista se gabando. Aquele seria o maior desafio de sua vida, o maior que poderia imaginar. A expectativa de derrotar Hércules e Zeus no mesmo dia causava grandes devaneios na mente entorpecida de Thor. Seria lembrado eternamente… Seus feitos seriam cantados em versos para todo o sempre… Seu nome seria sinônimo de glória.
No entanto…
- Thor!!! – Gritou Odin severo e imperativo do alto de seu forte.
O filho de Jord ficou perplexo, mas não desviou os olhos da imagem de Zeus.
– Não!!!!!!!!! – Intimou Odin alarmado. Tifão havia acabado de chegar. Pousou causando tremor de terra e terror nos olhos mais mundanos. O ar tóxico, sufocante e esverdeado tomou conta do horizonte. A besta fera mirou Zeus e Thor, este como um inimigo em potencial.
Gritou a fera ameaçadora. Como se fosse um desafio, como se fosse o ápice de um ardente desejo de vingança.
Muitos tímpanos foram estourados, muitos soldados desmaiaram, outros morreram. O ar reverberava intenso e ensurdecedor a cada berro da criatura repleta de fúria… Cheiro de urina foi sentido em meio às tropas asgardianas. O medo tomou conta de corações e mentes dos subalternos de Odin. O próprio soberano sentiu-se intimidado pela fera. O ar ficou carregado de veneno e levou os asgardianos mais frágeis à debilidade e mesmo ao óbito. A terra ficou infértil e as plantas, as bactérias, os vírus e os animais das cercanias morreram. Muitos olhos se fecharam tamanha era a repugnância da besta. Os sonhos dos que sobrevivessem àquele horror jamais seriam os mesmos; tornar-se-iam pesadelos.
Tifão: uma criatura feroz, medonha e funesta, com quase três metros de altura, de pele reptiliana, cuja coloração variava de verde escuro a laranja escuro. As feições humanizadas dividiam espaço com serpentes ferozes que percorriam todo seu corpo. Os olhos verdes recheados de fúria. Os músculos pulsantes estavam prontos para uma nova guerra contra o Olimpo. Portava garras cujas pontas possuíam pequenas cabeças de dragões. Cornos negros saíam pelos ombros, joelhos e cotovelos, tornando a aberração uma verdadeira máquina assassina. Sua cauda movia-se freneticamente, excitada perante a iminência do ataque fatal. As narinas expeliam, durante a respiração, um ar fétido e marrom, que tornava o ambiente sujo, pesado e entorpecente.
- VOLTE!!!!!!!!!!!!!!!!! – Ensandeceu-se Odin, esquecendo-se por completo do seu tom sóbrio e austero. Babou de raiva, estava muito estressado. Não admitiria mais desobediência.
Odin não queria que Thor gastasse mais energia em uma luta desnecessária. Odin não queria que o processo de envelhecimento no deus do trovão nórdico se intensificasse. Thor não podia se enfraquecer. Os asgardianos ainda precisariam da força titânica do CAMPEÃO DE ASGARD. Além disso, ali estavam Zeus e Atena, inimigos muito mais poderosos que Hércules. Certamente Thor precisaria usar todo seu poder, força e mágica para medir forças com eles. Outrossim, sabia que Zeus e Tifão eram inimigos mortais. Eles que se matassem.
Gaia pousou em silêncio na arena de combate. Esperou a definição do climão entre pai e filho. Sabia que não podia contra Zeus e Asgard sozinha, mas se Odin desse as costas para o soberano grego decadente, ele seria presa fácil para Tifão e as inúmeras criaturas colacionadas para aquela caça à cúpula grega. Pretendia deixar bem claro que não tinha nada contra os asgardianos. Queria mostrar que sua motivação era pessoal, que era movida por vingança. Jamais aceitara a prisão dos titãs, seus filhos com Urano, no Tártaro. Achou a pena cruel. Aprisioná-los por algum tempo seria o correto, mas puni-los pela eternidade? Do que valia uma vida sem a esperança de se ver livre novamente? A prisão perpétua no Tártaro era a morte para imortais.
Thor, contrariado com a intromissão do pai, irritou-se. Estalos eletromagnéticos povoaram o ambiente. Aquela era a chance de derrubar o que de mais forte e poderoso existia no Olimpo no mesmo dia. Relutou. Permaneceu inerte. Pensava. Pensava. Seguir as ordens de Odin ou escrever seu nome na história? Poderia derrotar Tifão também!!!! Era a oportunidade que nem em seus mais profundos sonhos imaginava que pudesse ter. Uma sequencia estupenda de desafios. Hércules, Zeus, Atena e Tifão.
Odin segurou a lança Gugnir com mais força e a bateu no chão. Ser desautorizado na frente de todo o exército?! Era só isso que faltava! A ordem hierárquica era sagrada para o panteão nórdico.
- THOR!!!!!!!
Thor rezava para que aquela besta o atacasse logo e, assim, não precisaria cumprir as ordens de Odin, pois todos sabiam que Thor nunca levava desaforo para a casa. Estaria simplesmente se defendendo de um ataque injusto. Invocaria a legítima defesa para se engalfinhar com o poderoso inimigo. Thor adorava lutar. Era sua vocação.
- THOR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Inércia. Tifão circulava os dois deuses do trovão esperando uma definição. Não atacaria ambos ao mesmo tempo, não obstante odiasse Zeus de todas as formas possíveis e imagináveis.
- THOR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Bateu a lança Gugnir no chão com mais força pela última vez. Os corvos Munnin e Huggin voaram. Os lobos Freki e Geri uivaram.
Finalmente Thor se moveu. Recuou. O deus leal a Odin e a Asgard, espírito das leis, cumpridor das ordens, prevaleceu sobre o deus guerreiro ávido por glórias, não obstante tenha amaldiçoado a tudo e a todos. Cuspiu no chão, encarou Zeus, olhou para Tifão desgostoso e se retirou, lentamente, do campo de batalha. O único conforto é que veria uma luta titânica ali mesmo. Poderia estudar aquelas duas criaturas que logo se engalfinhariam e depois acabar com a vitoriosa.
Aos pés da ponte Bifrost estavam Tifão, Gaia e mais um contingente de estranhas criaturas, filhas da deusa primordial da terra com toda sorte de deuses primordiais e outras criaturas horrendas. Gaia era mais promiscua do que Afrodite. Os monstros eram tão feios e tóxicos quanto Tifão e ojeriza causaram nos soldados rasos do tenso exército asgardiano.
- Ataque! – Explodiu histérica Gaia assim que notou que Thor deixara o campo de batalha.
Tifão, assim que Thor se retirou, atacou ferozmente Zeus, seu desafeto. Gaia, incontinenti, atacou Atena. Hermes foi atacado pelas demais criaturas e não resistindo à pressão, correu em direção do forte de Odin, aos pés da Ponte Bifrost. Thor, Vidar, Njord e Tyr, indignados com a ousadia do grego covarde, entraram na briga para protegerem seus pares e acabaram com todas as criaturas sem muita dificuldade. Hermes foi dominado pelos deuses nórdicos e teve as mãos amarradas, bem como as sapatilhas aladas retiradas por Hermod, o deus mensageiro de Asgard.
Enquanto isso, Atena precisa, técnica, veloz, em pouco tempo podou Gaia e derrubou a deusa primordial. Gaia, apesar de sempre ter desempenhado um papel importante nos rumos da Helade, jamais foi uma grande guerreira. Se notabilizou por sua capacidade praticamente ilimitada de geração e pelas intrigas palacianas que sempre promovera. Era conhecida por ser volúvel e ter uma relação de amor e ódio com os próprios filhos. Ora os amaldiçoava, ora os abençoava, ora os prendia, ora os libertava, e assim por diante.
A luta entre Zeus e Tifão, no entanto, foi tensa e equilibrada, como sempre. A criatura gigantesca e grotesca expelia veneno e terror por todos os lados. O som de raios ribombando rivalizavam em som e potência com os gritos aterrorizantes da criatura. O cheiro de enxofre tomava conta do ar. O solo tornou-se negro. Muitos asgardianos subiram a Ponte Bifrost com medo; desertaram. Odin, Thor e os demais deuses ficaram impressionados com a mortífera criatura de movimentos felinos e reptilianos. Tinha um casco que a protegia dos raios devastadores de Zeus. Era como se fosse um alien mais do que letal. No entanto, ficaram mais impressionados com a reação explosiva de Zeus. O deus grego parecia não temer a criatura. Fortes explosões de raios caíam inclementes sobre o oponente, causando explosões por todo o campo de batalha…
mas mesmo assim ela não recuava. Aflição! Os poderosos músculos da criatura e seu abraço mortal pareciam imunes às descargas elétricas. A luta era espantosa e devastava o que estava ao seu redor. Árvores, rochedos, tudo parecia levitar e explodir como resposta aos efeitos eletromagnéticos do glorioso poder de Zeus. Fogo, incêndios, o caos. Pedras e grandes partes do solo voavam em direção a Zeus incessantemente e em imensa velocidade (mach 5). Os gritos da criatura faziam muitos tímpanos divinos simplesmente explodirem. Zeus precisava permanecer em estado de fúria para vencer aquele desafio. Precisava ficar insano e não ter limites. Precisava agir como um monstro; uma máquina de matar assassina. Precisava se transformar num raio. Zeus, em certo momento, era pura eletricidade. Consumiu todo seu poder naquela luta. O tempo fechou de vez. Furacões e tornados gigantescos se formaram em torno do campo de batalha, corredeiras se formaram na Ponte Bifrost levando para o infinito muitos daqueles que fugiram. A magia de Odin era insuficiente para proteger seus exércitos. Muitos pereceram, outros foram levados pelo vento e centenas morreram vítimas da combinação explosiva do gás de Tifão e do raio de Zeus. Tyr, Vidar, Njord e Odin tinham trabalho para proteger seus exércitos dos nefastos reflexos daquela luta fenomenal. Nada podia ser visto além de um centímetro de distância. A chuva era pesada. Granizos do tamanho de bolas de basquete. Gritos indistintos de dor eram ouvidos. Thor e Odin olhavam impressionados para a luta. Atena, que já havia cerrado Gaia ao meio, tentava, fascinada, analisar cada movimento dos combatentes. Era muito poder!
Depois de muitas descargas elétricas que destruíram inúmeros deuses asgardianos reflexamente, depois de muitas explosões tão ou mais fortes quanto as que ocorreram entre Thor e Hércules, depois de inúmeros deslizamentos de terra, ventos acima dos mil quilômetros por hora, o clima tempestuoso foi se esvaindo para dar lugar ao silêncio e a um forte cheiro de queimado misturado ao fedor de veneno e ao odor da morte. Assim que a neblina deixou o ambiente depois de vários minutos e com a ajuda da mágica de Odin, o corpo fustigado e inerte de Tifão tomava o centro de uma grande poça de sangue roxo. Próximo ao corpo caído, Zeus banhado pelo próprio sangue e pelo sangue torrado do oponente caiu de joelhos exausto. Respirou fundo. A visão estava entorpecida em razão do forte veneno que contaminava o ambiente e ainda era expelido a esmo do corpo da besta. A luta contra Tifão o consumiu. Estava extenuado. Os músculos não respondiam. Repleto de ferimentos e queimaduras. Erupções cutâneas tatuavam a pele de Zeus. Respirava com dificuldade, como se o pulmão tivesse parcialmente cheio de água. Zeus desmaiou.
- Prendam os gregos. – Determinou Odin severo, tentando esconder a admiração por aqueles grandes combatentes.
Logo os soldados deuses de Odin avançaram sobre os subjugados deuses gregos. Atena, entretanto, se interpôs ameaçadoramente entre os guerreiros divinos de Odin e o corpo inerte do pai.
- Renda-se! – Determinou impositivo e impaciente Odin para Atena, incomodado com a impertinência daquela deusa corajosa. Odin demonstrava também certo desdém. Não queria dar muita moral para aquela deusa.
Atena estava acuada e sozinha. Hermes não era um deus guerreiro e já estava preso. Do outro lado estava todo o panteão asgardiano marchando contra ela. Atena empunhou seu báculo mágico e o escudo Aegis. Adotou uma posição defensiva.
- Não fomos nós que roubamos as maçãs douradas! – Argumentou como se fosse uma presa encurralada, pronta para dar o bote. – Forseti! – Dirigiu à palavra ao juiz de Asgard que observava tudo. – Estamos sendo tratados como criminosos sem provas! – Forseti assentiu e olhou para Odin. Este sabia que Atena tinha razão, mas a situação era gravosa. O povo asgardiano continuaria a envelhecer se nada fosse feito e, portanto, algo precisava ser feito. Alguém precisava ser punido. Um bode expiatório vinha bem a calhar, pelo menos momentaneamente. Prender Zeus e Atena, tirando-os do caminho seria uma grande prova de força perante seu povo carente de respostas e, de qualquer forma, ambos pareciam realmente não saber onde estavam os frutos. Não seriam úteis livres mesmo. Prendê-los ou não, não teria qualquer relevância ou repercussão para o fim maior que era encontrar Idunna e as maçãs douradas. Além disso, uma questão incomodava bastante o soberano de Asgard e talvez fosse ela a que mais pesasse na decisão de prender aqueles deuses gregos acuados e expulsos de seu domínio: a traição de Freya e Zeus.
Thor como um raio apareceu intimidador um pouco à frente de Atena. Empolgado pela maior luta que até então havia visto, mas irado por não ter participado dela, Thor pairava sobre o solo acidentado. Dirigia-se convicto, ameaçador e obstinado em direção à deusa. Já que não podia destruir Zeus, destruiria sua filha mesmo. “Quem não tem cão, caça com gato”, pensou. Mais um pilar do Olimpo cairia.
- Odin! – Exclamou Atena nervosa de raiva. – Você é o deus da sabedoria! Bebeu da fonte Mimir e é aconselhado pela cabeça do gigante Mimir. Honre esse título! – Surtou Atena, preparando-se para a batalha. Alçou o escudo Aegis sujo de seiva e de galhos de Gaia ao nível dos gloriosos seios empinados, bem como o grande báculo que portava, que se transformava em uma espada poderosa e de fino corte. Invocou Niké, a deusa da vitória, para protegê-la de todo o panteão nórdico. Conferiu ainda se portava todas armas escondidas nas vestes e pelo glorioso corpo escultural: tonfa, naginata, nunchaku, kyu, yari, chukonu, shuriken, katana, tessen, kunai, urumi, chigiriki, tetsubishi entre outras.
- Renda-se ou será destruída. – Rugiu arrogante Odin. As palavras de Atena o incomodaram bastante. Notou que aquele título, o de deus da sabedoria, parecia pesar demais para ele próprio. Entrava em choque com outros desejos, emoções, sentimentos e ansiedades do líder asgardiano. Odin não podia errar e o medo de errar afetava mesmo as decisões mais triviais.
Atena, que não viu momentos atrás que Apolo e os titãs estavam comendo maçãs, como Zeus havia visto, e que não viu as maçãs nas visões transmitidas pelo Oráculo, como Apolo havia visto, estava contrariada, cercada e intimidada; apenas duas opções lhe restavam. Guerrear e ser facilmente derrotada por todos aqueles deuses ou render-se e perder o controle sobre a própria vida? Raios ribombavam pelo campo de batalha e Thor se aproximava. A máquina de guerra Asgardiana queria mais sangue. A adrenalina divina ainda corria pelas artérias e veias. Não fazia distinção entre deuses e deusas, entre guerreiros e civis, entre juventude e maturidade para a guerra. Nessas horas sua mente trabalhava de maneira bem simples como as de jogadores de futebol durante as coletivas de imprensa: se é inimigo, é inimigo.
- Entregue-se!!!!!!! – Odin saiu da Ponte Bifrost e cavalgou pelos ares sobre Sleipnir. Deu voltas sobre Atena. Vidar, o deus silencioso e fiel escudeiro, desceu ao campo de batalha. Da mesma forma procedeu Heimdall, Braggi, Njord e Tyr. Não podiam perder mais tempo nem energia. A senilidade estava às portas. Depois de duas lutas épicas e demoradas, com graves repercussões, aguardar o fim de mais uma luta entre Thor e Atena ou entre ela e qualquer outro seria burrice. Até porque Thor, gastando mais energia, certamente iniciaria seu processo de envelhecimento e as maçãs que possuía já estavam acabando e eram escassas para sustentar o altíssimo consumo de energia de um dos deuses mais poderosos que já passaram pelos nove mundos.
Atena, contrariada, privilegiando o título de deusa da sabedoria, sobre o título de deusa da guerra, se rendeu. Engoliu o orgulho em seco. Poderia dar conta de um ou de dois deuses da elite asgardiana, mas nada além disso. Tentaria persuadi-los dentro de Valhalla para onde sabia que seria levada. Jogou o báculo e todas as armas que possuía ao chão, mas impiedosa disse:
- Frey está morto! Apolo o matou! – Atena lembrou-se do momento que Freya os deixara para tentar salvar seu irmão, em que pese os alertas de Zeus.
Silêncio ensurdecedor. Um vento de pesar arrebatou o coração de todos. Lágrimas.
Essa notícia caiu como uma bomba nuclear de duzentos megatons nas almas e corações asgardianos. O querido “Senhor”, morto? Desesperança. Apolo?! Ele não tinha sido fulminado por Zeus? Algo não era verossímil. Acreditar em Atena, acuada? Não podia ser! E por que Apolo fizera tal atrocidade?! Um choro coletivo tomou conta do exército asgardiano. Só Balder e Balder II eram tão amados quanto Frey naquelas plagas. Um sentimento de vazio se instalou no peito de todos os sobreviventes daquelas épicas lutas que haviam acabado de ocorrer. Uma onda de desespero cobriu a pontual sensação de vitória derivada da decretação de prisão para aqueles gregos.
Os asgardianos correndo perigo e ninguém sabia onde estavam as maçãs douradas da juventude; Idunna sumida; Freya, a amante de Odin, o havia traído e agora Frey, um dos deuses mais amados do Universo… morto?
Njord, pai de Frey, caiu em prantos, à sua moda, é claro: os olhos marejaram em silêncio. Um mar de sentimentos revoltos tomou conta do coração do deus dos mares. Nenhuma palavra foi proferida, nenhum soluço emitido. A notícia da morte do filho… bom, nem é preciso descrever a indescritível dor de um pai que pede um ente amado. A inversão da ordem das coisas… do ciclo da vida… Hel jamais o devolveria… Mais um filho nobre de Asgard perdido… Njord estava mais sozinho do que nunca. Não tinha notícias de Freya, nem Heimdall sabia onde ela estava. Não bastasse o casamento falido com Skadhi e a falta de interessadas em com ele se casar, não obstante os esforços de Freya para juntá-lo a uma de suas amigas, como Ishitar ou Yemanjá, agora tinha perdido um filho prodígio no auge da juventude e da glória.
Frey era tão cheio de vida… Um escoteiro dócil, que ajudava as velhinhas a atravessarem a rua e cumprimentava todos, olhando nos olhos. Atencioso, respeitoso, adorável. Capaz de grandes abnegações por aquilo em que acreditava ou desejava.
Era como ter perdido uma parte da própria alma; era como viver a morte; era como se um vazio perpétuo tomasse conta de seu coração. Njord parou e parado ficou por longo tempo, alheio ao movimento de seus pares. Nem os abraços ou toques consoladores de seus pares, percebia… Inércia total e absoluta em meio a um terreno destruído e poluído, repleto de cadáveres e membros mutilados. Perdeu aa vontade de viver. A dor da perda é uma ferida que jamais se fecha e que repercute por todo o resto da vida daqueles que perdem.
Njord ficou só no campo de batalha, embaixo da chuva que ainda caía fina e fria, como se os próprios céus chorassem.
Logo o corpo adormecido de Zeus foi levado para umas das cadeias de Odin. O soberano de Asgard pretendia interrogá-lo e vingar-se também. Estava uma pilha de nervosos. Atena e Hermes também foram levados e seriam “interrogados”. Foram presos pela malha Gleipnir, aquela mesma que prendera Fenrir. O corpo inerte de Hércules, Tifão, Gaia e demais criaturas foram cremados; um fedor insuportável e tóxico tomou conta da base da ponte Bifrost, inclusive tirando todas as cores de arco íris da ponte como se fosse um alvejante. Quando esses imortais voltassem à vida em algum ponto do futuro distante teriam grandes dificuldades para encontrar um corpo capaz de suportar o poder que lhes era inerente.
Na masmorra de Valhalla…
- Vidar, acorde-o. – Determinou o frio Odin na cela úmida, fria e escura. Pretendia acertar contas com Zeus; pretendia descarregar sua fúria, ciúme e dúvidas no rival caído. – Hermod e Heimdall dirijam-se para o Olimpo e examinem a situação. Informem imediatamente de todo e qualquer movimento no Olimpo. Thor, partiremos em cinco minutos. Prepare os exércitos. Deusa flecheira, traga a cabeça Mimir.
A cabeça de Mimir era o símbolo máximo de sabedoria de Asgard e a necessidade dela, não só refletia o conflito dentro de Odin e sua incapacidade de resolvê-los, mas a necessidade de busca por símbolos poderosos, que trouxessem algum conforto para seu povo em estado de pânico. Ele precisava ser um líder, ele precisava salvar Asgard, ele precisava ser sábio… ou pelo menos parecer… Todos esperavam isso dele, até porque ele levou Asgard a vencer a guerra contra os Vanir, milênios de anos atrás. Desde então seu prestígio era inabalável. Glórias passadas… Mas, Odin, como qualquer outro deus ou homem, cometia erros, tinha paixões e estava diante de uma situação singular. Temia que nem toda sua experiência e sabedoria fossem suficientes para solucionar aquele problema. Sabia que era um ser falho e temia falhar.
Nas catacumbas de Asgard, um forte odor inundou os pulmões de Zeus, que estava preso pelos punhos e ajoelhado. O titã olímpico acordou. Tossiu. Cuspiu sangue. Logo vomitou. Foi envenenado por Tifão durante a luta. Suas entranhas queimavam. Precisava de socorro médico.
- Zeus… – O soberano deposto pela esposa e preso pelo rival ouviu uma voz masculina fria e indistinta.
O antigo dono do Olimpo estava preso pelos pulsos e extremamente extenuado em razão das batalhas contra Hades e Tifão, sem contar o desgaste mental provocado por Hera, poder este inerente a qualquer ser do sexo feminino. Estava grogue. Muitas hemorragias corriam pela pele danificada e suja. Enfim, Zeus estava sujeito ao poder alheio, como sempre temeu, como sempre evitou.
- Argh!!!!!!!!!!
A lança Gugnir atravessou o abdômen de Zeus e girou sádica, impiedosa, veloz. O tilintar do báculo de Atena e do cetro de Hórus, bem como do caduceu de Hermes, caindo no chão, sucedeu o grito de dor. Os artefatos dos filhos de Zeus aos joelhos dele caíram, o símbolo da ruína do Olimpo.
Tyr olhava friamente para a cena toda, mas não manifestava nenhuma uma emoção.
O ciúme de Odin era doentio. As imagens do coito de Zeus e Freya em 06/07/07 ainda o assombravam. Todos os seus mais próximos subordinados viram o ato sexual e ouviram também as ofensas irrogadas por Zeus ao deus caolho. O instinto do macho de Odin dizia a ele que precisava fazer algo a respeito. Impelia Odin a tomar providências drásticas que servissem de exemplo e que reafirmassem sua força não só para ele, mas para todos aqueles que o cercavam.
“Brocha? Velho gordo?” “Vou te mostrar como é uma transa de verdade. Você vai esquecer aquele gordo, velho e brocha do Odin.” A inveja e o ódio por Zeus ganharam vida própria. “O Olimpo era o maior panteão de todos? E só com a ajuda dos gregos Asgard se livrou do Ragnarok? Bah!” Tais verdades incomodavam os asgardianos. A rivalidade entre Olimpo e Asgard sempre foi muito grande e, mesmo diante da aliança firmada séculos atrás, queimava forte, embora invisível, consumindo a razão e a solidariedade dos deuses. Prova disso eram os recentes embates desnecessários entre Apolo e Frey e o travado entre Thor e Hércules. Odin era o oposto de Zeus. Reservado e sábio. Um líder rígido, cuja religião era Asgard. Zeus, de outro lado, era a “estrela”, o centro das atenções e o que tinha o melhor retorno publicitário. O ego e a paixão pelo poder eram gigantescos na potestade presa. Um devoto, outro egocêntrico. Um vivia em terras frias, outro na ilha de caras.
- O seu reinado acabou. – Afirmou Odin amargo. O olhar carregado de fúria, desprezo e convicção, mirava o inimigo. Abaixou-se. Seu rosto aproximou-se do rosto de Zeus. – Destruirei o Olimpo e acabarei com todos os malditos gregos. – Pausa. – Ficaremos com Hebe. Ela será nossa escrava. Exercerá o papel de Idunna até encontrarmos nossa compatriota. – Naquele estado de coisas, Odin precisava dar juventude ao seu povo, e nada melhor do que Hebe, deusa da juventude e filha de Zeus, para tanto.
(Enquete juventude)
Por fim, o ofendido líder arrematou seco e sussurrante. – Eu matarei Freya…
Zeus, frágil, esquálido, corroído pela plena hemorragia, levantou a cabeça vagarosamente e seus olhos debilitados e sem faíscas fitaram profundamente os olhos de Odin. As imagens dos divinos seios da deusa Freya, de suas coxas bem torneadas, fartas e frescas, do bumbum empinado e, sobretudo, da sua radiante, perfumada e forte companhia, foram compartilhadas pela mente de ambos os deuses. Mas logo tais imagens surgiram borradas por sangue azul, pelo sangue de Freya.
Vidar, o deus silencioso, entrou na masmorra repentinamente e disse com sua voz rouca e quase inaudível:
- Freya acaba de pousar em Valhalla. – Avisou o calmo e conciso filho de Odin com ar tenebroso.